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Análise: Midnight Fight Express (Multi) é um beat ‘em up dinâmico com uma grande variedade de recursos e inimigos

O jogo de briga de rua apresenta boa quantidade de conteúdo e fluidez exemplar no sistema de combate.


Midnight Fight Express
é um beat ‘em up isométrico em que acompanhamos a aventura de Cara de Bebê, um agente adormecido que acorda sem memórias em uma cidade dominada pelo crime. O protagonista recebe um pacote misterioso em seu apartamento, de onde sai um drone falante que o alerta que algo muito ruim está para acontecer.

A pequena máquina pede a ajuda do lutador para que ambos detenham o crime organizado antes que a noite termine. Se nada for feito, a Cidade Adormecida se transformará num verdadeiro inferno para seus habitantes. No decorrer da aventura, Cara de Bebê descobre que tem vínculos com os grupos criminosos e que Droninho não está lhe contando tudo o que sabe. A verdade precisa ser revelada com seus punhos até o Sol nascer.



Exército de um homem só

Este game representa os esforços de um lutador solitário, não somente na temática da aventura como também na produção do jogo em si: Midnight Fight Express é o trabalho do polonês Jacob Dzwinel, que desenvolveu o jogo praticamente sozinho.

A ação acontece em cenários 3D com vista isométrica. O protagonista pode executar uma série de movimentos, incluindo ataques, combos, defesas, bloqueios, arremessar itens do cenário ou utilizar armas derrubadas pelos oponentes. Cara de Bebê é um lutador extremamente capaz, mas como suas memórias foram apagadas, suas habilidades de combate permanecem dormentes.

Iniciamos a jornada somente com a capacidade de fazer ataques simples, mas a cada estágio batido, desbloqueamos um novo talento. O trajeto é apresentado em quarenta fases, divididas em três atos. Os estágios são bastante curtos em sua maioria, podendo ser concluídos em poucos minutos. A campanha toda pode ser concluída em cerca de dez horas.



Combate prazeroso

O sistema de combate é a maior virtude de Midnight Fight Express. Bastante fluido e divertido, ele tem como base a aplicação de sequências de ataque em diversos inimigos que circundam o protagonista, com bloqueios e contra-ataques rápidos. Esse sistema tem como base as mecânicas apresentadas na série Batman Arkham (Multi) e também me lembraram o dinamismo de Sleeping Dogs (Multi), outro jogo com mecânicas de luta fenomenais.

Podemos atacar com sequências de combos rápidos ou segurar o botão de ataque para desferir um golpe pesado que quebra a defesa dos oponentes. É possível defender-se com esquivas ou fazer bloqueios seguidos de contra-ataques. Agarrões e finalizações pesadas também estão à nossa disposição.

Chama a atenção a qualidade das animações do combate, especialmente das finalizações, que podem incluir o uso de armas ou do cenário para sua execução. Por exemplo: se Cara de Bebê finalizar alguém na grade de proteção de uma ponte, ele arremessará o oponente para fora dela.


As armas são extremamente eficazes em combate, mas têm durabilidade ou munição limitadas. Em um determinado momento, podemos desbloquear uma arma secundária, que nunca é perdida e tem munição infinita, mas possui um longo tempo de espera para se recarregar. Esse equipamento adicional pode ser melhorado para produzir efeitos diversos, como um veneno hipnótico que faz o alvo atacar seus próprios companheiros, ou disparos explosivos.

Uma das características que me desagradou foi o esquema de controles para algumas ações. O botão que dispara a arma secundária, por exemplo, é o mesmo atribuído para a finalização de inimigos, o que frequentemente fez com que eu disparasse a arma desnecessariamente enquanto aplicava uma finalização. Esse problema não pode ser resolvido nem mesmo através de uma configuração nas opções.

Quanta coisa!

Alguns estágios em Midnight Fight Express oferecem uma jogabilidade diferenciada, com armadilhas de cenário, como helicópteros disparando, buracos no chão ou contêineres caindo. Há também estágios em que a luta é substituída por fugas em veículos com elementos de shoot ‘em up, mas a dificuldade desbalanceada desses estágios os torna irritantes. É o tipo de fase que você quer passar logo para voltar à boa e velha pancadaria.
 



Outro elemento frustrante é o excesso de diálogos interrompendo as lutas. Droninho insiste em puxar conversa a cada dez passos que você dá, e todo inimigo faz questão de demonstrar surpresa por encontrar você. Essas conversas repetitivas exigem que você aperte o botão B para fechar a janela antes de prosseguir. O excesso de interrupções irrita e depois de algumas fases você estará saltando loucamente os inúmeros bate-papos desnecessários para voltar logo à ação.

O roteiro de Midnight Fight Express não é particularmente bem desenvolvido, mas isso é uma característica comum em beat ‘em ups. Existem algumas surpresas durante a aventura, mas a parte divertida é a pancadaria em si, não o desenvolvimento da história.


Ainda que o jogo tenha seus pontos fracos, a ótima mecânica de combates e a quantidade enorme de conteúdo tornam a experiência geral muito prazerosa. A cada estágio, somos apresentados a um novo grupo de inimigos e a uma nova técnica. Os oponentes não variam apenas na aparência: eles atacam em padrões diferentes, usam estratégias próprias e muitos deles exigem condições específicas para ser derrotados.

É possível também desbloquear colecionáveis e habilitar opções cosméticas para alterar o visual do protagonista. A variedade de armas disponíveis também é incrível, com cem variações que vão desde objetos arremessáveis até armas brancas e de fogo. A quantidade de conteúdo torna ainda mais impressionante o fato de que o jogo foi produzido, em sua maior parte, por uma única pessoa.



A experiência no PC, Xbox e na nuvem

No PC, é possível optar pelo uso de controles ou teclado e mouse. Embora usar o mouse seja mais intuitivo para fazer a mira das armas de fogo, de um modo geral eu achei a experiência com controles mais confortável, pois a maior parte dos combates é feita com armas brancas ou desarmado. Durante minha jogatina no desktop e no notebook, notei eventuais travamentos e quedas na taxa de quadros durante transições de cena, mesmo em máquinas com especificações melhores que as recomendadas pelo desenvolvedor.

No Xbox Series X, não notei engasgos de nenhuma espécie, além de contar com tempos de carregamento praticamente instantâneos. No console, há também compatibilidade com a ferramenta de Quick Resume, que permite retomar a jogatina de qualquer ponto, mesmo sem realizar salvamentos.

No momento em que escrevo essa análise, Midnight Fight Express está disponível no Xbox Game Pass de PC e console, e também no serviço de nuvem Xbox Cloud Gaming. Jogando no celular, a performance é aceitável e é possível usar controles de toque na tela, mas como todo jogo de ação, a experiência é muito melhor acoplando um controle físico.



Expresso da meia-noite

Midnight Fight Express é um jogo de luta dinâmico e frenético, que faz o jogador se sentir o protagonista de um filme de ação. Apesar de não ser perfeito e possuir alguns problemas de balanceamento e excesso de diálogos desnecessários, a variedade surpreendente de conteúdo e seu excelente sistema de combate fazem com que esse jogo seja recomendado a todos os amantes da pancadaria virtual.

Prós

  • Excelente sistema de combate, muito dinâmico e divertido;
  • Quarenta habilidades para desbloquear;
  • Enorme variedade de inimigos, com comportamento e ataques únicos;
  • Muitas opções de customização do protagonista.

Contras

  • Excesso de diálogos e interrupções que quebram o ritmo da ação;
  • No PC, ocorreram travamentos eventuais e quedas na taxa de quadros durante a transição de cenas;
  • Alguns estágios têm dificuldade desbalanceada.
Midnight Fight Express — PC/PS5/XSX/PS4/XBO/Switch — Nota: 7.5
Versões utilizadas para esta análise: PC, Xbox Series X e Xbox Cloud Gaming
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Humble Games

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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