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Análise: Chameneon (Multi) traz adrenalina e desafios iluminados com neon

Encare desafios sobre trilhos no ciberespaço com um camaleão no melhor estilo retrô.

Para quem curte desafios cascudos por um baixo custo, Chameneon vem para suprir exatamente esse anseio. Produzido pelo estúdio gaúcho Burning Gosto, o título é mais um daqueles casos em que ir direto ao ponto é melhor do que ficar enfeitando com elementos exagerados.

Deslizando pelos trilhos neon

A premissa é tão simples quanto a jogabilidade. No controle de um camaleão albino, devemos nos guiar pelas fases em trilhos luminosos, que vão tomando direções cada vez mais complexas até chegarmos ao final do trajeto. Esse tipo de proposta não é nada incomum e pode ser encontrado em outros títulos, como FutureGrind. O chamariz aqui é o quão complexo e maluco pode ser cada caminho, que possui múltiplas rotas para sua conclusão. 

A evolução é sempre baseada na repetição. Invariavelmente o jogador vai falhar algumas vezes e catapultar o pobre bichinho em direção ao ciberespaço, mas com o tempo fica mais fácil tomar decisões sobre qual caminho seguir. Ainda assim, as 80 fases estão bem longe de ser previsíveis, inclusive apresentando uma curva de dificuldade bem acentuada que trará surpresas a todo momento.

O começo é tranquilo, com a necessidade apenas de realizarmos pulos sobre pequenas explosões entre trilhos. Cada estágio tem um disquete localizado de maneira a incentivar a explorar os diferentes caminhos que podem ser traçados. Também estão espalhados pelo caminho pequenos raios, que preenchem uma bateria. Não é necessário coletar todos para enchê-la, mas, ainda assim, conta-se como uma tarefa extra para cumprir.

Ao decorrer da progressão, tudo se torna mais complexo, com dois trilhos para serem revezados com o toque de um botão, além de controlarmos a velocidade do réptil, podendo acelerar ou diminuir seu ímpeto enquanto desliza. Também são introduzidas pequenas criaturas que nos farão pensar duas vezes antes de simplesmente pegarmos a rota “mais fácil”, pois elas têm padrões de movimento com velocidades alternadas.

Entretanto, tem uma parte do desafio que deixa o timing de alguns pulos mais impreciso: a força gravitacional. À medida que precisamos alternar saltos e trilhos em um ritmo bem pensado, podemos contar com uma atração externa para nos deslocar de maneira mais rápida ainda, podendo cobrir grandes distâncias e até finalizar cada etapa em um tempo relativamente curto. Só que não fica tão claro como essa força irá atuar, já que ela pode se comportar de maneiras diferentes mesmo quando tentamos novamente uma mesma combinação de direção e velocidade.


Some essa imprecisão com a subida vertiginosa de nível entre cada uma das quatro áreas e a parte de “repetir para aprender” pode se tornar um pouco frustrante para os menos pacientes e perseverantes.

Uma vibe bem retrô

Se a dificuldade pode tornar os diversos retornos de Chameneon um pouco exaustivos, a trilha sonora desempenha um ótimo papel em se mostrar envolvente de maneira contínua e leve. O ritmo synthwave vai totalmente ao oposto da velocidade de alguns locais, e esse contraponto é perfeito para tornar a experiência mais imersiva, como se realmente estivéssemos dentro de uma versão oitentista do ciberespaço.

No âmbito visual, por mais que as paletas coloridas de cada local sejam interessantes, elas se repetem muito. Como supracitado, temos 80 fases, que estão divididas em quatro ambientes. Cada um desses ambientes possui o mesmo plano de fundo, o que não é um demérito, mas também é uma chance desperdiçada de bolar algo mais charmoso.

Já os elementos de primeiro plano ganham destaque por causa do movimento. Revezar os trilhos cianos e magentas, que acendem e apagam como um grande letreiro, é algo vital para nossa compreensão e isso fica muito bem explícito, mesmo nos trajetos mais loucos. A introdução das criaturas também é muito bem pensada, sem parecer algo colocado apenas para aumentar o desafio sem contribuir para a estética do conjunto.

Um jogo bem “camalegal”

Chameneon consegue cumprir com o principal de um jogo do seu nicho. Ele te fará grudar no controle até completar cada fase e coletar cada disquete. Mesmo que sua dificuldade escale muito rápido, ter um pouco de persistência (e reflexos rápidos) pode te recompensar com boas horas de desafio honesto. E, pelo menos para mim, ficar jogando ao som de synthwave é gostosinho demais.

Prós

  • Grande número de fases;
  • Level design criativo;
  • Ótima trilha sonora;
  • Os elementos visuais em primeiro plano tornam a jogabilidade mais intuitiva.

Contras

  • A dificuldade pode escalar de maneira um pouco agressiva para alguns jogadores;
  • É um pouco complicado prever para onde a gravidade vai te jogar se nos soltarmos dos trilhos.
Chameneon — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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