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Análise: Gibbon: Beyond the Trees (Multi) nos convida a balançar pelas árvores em uma ágil aventura

Ideias intuitivas e um visual belíssimo são os destaques do título, que peca ao ser simples demais.


Gibbon: Beyond the Trees encanta com sua beleza e suavidade. No jogo, acompanhamos uma família de gibões que balançam pelas árvores em uma jornada incerta. A atmosfera e as mecânicas são relaxantes, mas, por trás deste belo mundo, há também uma mensagem importante. O foco claramente está na ambientação e na sensação de fluidez, no entanto a simplicidade geral da aventura torna a experiência bastante efêmera.

Balançando agilmente pelas árvores

Uma família de três gibões passeia tranquilamente por uma floresta no sudoeste asiático. O trio aproveita as imensas árvores para se balançar em alta velocidade e se divertir, porém logo eles encontram uma visita inesperada: inúmeros humanos que começam a se assentar na região. Com isso, o passeio logo acaba se tornando uma luta pela sobrevivência em uma viagem repleta de intempéries.


Na pele do gibão de pelo rosa, nos movemos constantemente para a direita utilizando diferentes ações e acrobacias. A melhor opção é se balançar rapidamente pelas árvores, saltando de galho em galho de forma ágil. Outra possibilidade é correr pelo solo ou pela copa da vegetação, mas a velocidade desse movimento é reduzida em comparação com se pendurar nos galhos — a exceção é utilizar essa ação para deslizar rapidamente por declives.

Os comandos são bem intuitivos: basta segurar um dos gatilhos do controle para ativar um dos movimentos, e o salto é executado ao soltar o botão. O conceito principal é bastante simples, mas há algumas nuances a serem dominadas, como pular de um galho na hora certa para não perder velocidade ou executar uma cambalhota para ativar um impulso e se mover mais rápido.



Fluidez e simplicidade

Gibbon: Beyond the Trees combina plataforma e progressão estilo runner em uma experiência agradável. É envolvente correr e saltar pela floresta, principalmente devido aos controles intuitivos. Apreciei bastante conseguir me mover com velocidade e fluidez ao balançar entre os galhos e executar acrobacias — é necessário ritmo e atenção para não errar e seguir em frente.

O ritmo é relaxado e o desafio é baixo. Na maior parte das vezes, errar um movimento só significa perder velocidade, mas há alguns obstáculos que exigem precisão, como grandes abismos que só podem ser atravessados com saltos de locais altos ou trechos com fogo no solo. Morrer para qualquer um desses perigos não é punitivo, pois recomeçamos rapidamente no último checkpoint.


É notável o foco na sensação de fluidez, principalmente por causa da simplicidade das mecânicas. Contudo, essa é também a falha mais grave do jogo: suas ideias não evoluem durante a jornada. Salvo alguns poucos momentos levemente complexos, a aventura se resume a segurar um dos gatilhos para se balançar pelas árvores ou correr, raramente exigindo muita atenção. Além disso, a maior parte dos cenários é estruturalmente similar, o que deixa as coisas um pouco enfadonhas. Por sorte, a história é curta, o que minimiza a sensação de repetição.



Em um mundo belo, mas brutal

A característica mais impactante de Gibbon: Beyond the Trees é a sua ambientação. O visual conta com belíssimos cenários pintados a mão e a variedade temática surpreende. Em um momento, exploramos uma floresta com cachoeiras em muito verde. Depois, durante a noite, há um tom de desespero por causa do fogo que destrói a vegetação. Em um ponto mais avançado da jornada, corremos rapidamente por uma colorida cidade.

O mundo do jogo é visualmente belo, mas, por trás, há uma mensagem importante. A trama retrata o drama de uma família de gibões que se vê forçada a abandonar o seu lar devido à destruição promovida pelos humanos. Não só isso, a história também aborda a questão do tráfico de animais selvagens, mostrando pelo olhar do animal a angústia de ser caçado ou ser preso. Esses temas são explorados com suavidade em uma envolvente narrativa puramente visual.


Fora o modo história, que dura por volta de uma hora, o título conta com um modo extra chamado Liberação. Nele, o objetivo é libertar diversos animais presos em gaiolas espalhadas pelos cenários. Na prática, essa modalidade adicional recicla e muda levemente os cenários da trama, funcionando como uma espécie de runner sem fim. Percebe-se que não há muito conteúdo no jogo, mas ele é competente no que propõe, basta aproveitá-lo com as expectativas corretas.




Uma viagem pungente e efêmera

Gibbon: Beyond the Trees é uma relaxante aventura focada em ideias simples. Saltar entre galhos e correr pelos cenários é bem envolvente, principalmente devido à grande fluidez da ação e dos controles intuitivos. A ambientação é notável com o belíssimo visual pintado à mão e com a narrativa que aborda temas importantes de forma suave.

O jogo aposta na simplicidade e na atmosfera para montar a experiência, porém as coisas são um pouco despretensiosas demais: as mecânicas são básicas e mal evoluem, e o conteúdo é bastante limitado. No mais, Gibbon: Beyond the Trees oferece uma jornada breve e que nos convida à reflexão.

Prós

  • Jogabilidade ágil focada em comandos simples e fluidez;
  • Belo visual desenhado a mão;
  • Narrativa envolvente.

Contras

  • Mecânicas simples demais e que não se desenvolvem no decorrer da aventura;
  • Estrutura de estágios similar demais traz sensação de repetição;
  • Pouquíssimo conteúdo.
Gibbon: Beyond the Trees — PC/Switch/iOS — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Broken Rules

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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