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Análise: Valley of the Dead: MalnaZidos (PC/PS4) é uma experiência tediosa, desinteressante e extremamente problemática

Republicanos e nacionalistas estão unidos para acabar com o ataque zumbi que está devastando a Espanha.


A utilização de zumbis dentro do mundo da ficção se tornou muito frequente nos últimos anos, seja em contextos originais ou modificando eventos históricos. Neste sentido, temos Valley of the Dead: MalnaZidos, um jogo de ação em que zumbis foram adicionados ao contexto da Guerra Civil Espanhola. Ele é uma adaptação do filme homônimo, que por sua vez é uma adaptação do livro “Noche de difuntos del 38” de Manuel Martín Ferreras, e entrega de maneira patética uma boa premissa criada pelos seus companheiros de outras mídias.

Republicanos e Nacionalistas contra os Zumbis

MalnaZidos começa com um misterioso ataque de oficiais alemães à festa de uma família espanhola. Após matar todos os presentes, os militares jogam uma fumaça azul nos corpos, que imediatamente os transforma em zumbis. Essa foi a forma do jogo adicionar os mortos-vivos no contexto da guerra espanhola.




Ainda desconhecendo o problema, estamos no controle de Jan, um oficial nacionalista que, ao lado do jovem De Cruz, é mandado para cumprir uma missão do outro lado do vale. Ambos são surpreendidos pela queda de um avião e, logo à frente, encontram o corpo do piloto coberto por um pó azul. Antes que pudessem entender o que estava acontecendo, o corpo do piloto começa a reagir e atacá-los e, em pouco tempo, eles já estão cercados por uma legião de zumbis.

Na fuga, ambos são encurralados e feitos reféns por um grupo de republicanos. No entanto, o problema era maior do que imaginavam, e todos têm que colocar suas convicções políticas de lado para tentar sobreviver e resolver o problema que está devastando a Espanha.




MalnaZidos conta sua história através de cutscenes animadas no estilo HQ. As imagens são lindas e bem-desenhadas, porém estão acompanhadas de textos em inglês e dublagem em espanhol, limitando o acesso de quem não conhece os idiomas. Além disso, a história é recheada de lacunas inexistentes no filme, transformando o que seria o único ponto positivo do jogo em algo decepcionante.

Um jogo em que nada funciona

A jogabilidade de MalnaZidos é, sem dúvida, uma das piores que já experimentei. Para começar, um game de tiro no PC que não permite utilizar mouse e teclado é patético. A movimentação travada de Jan é um terror e constantemente o protagonista fica preso em elementos do cenário.




As partes de tiro são cansativas devido à péssima precisão e a estranha sensibilidade da mira. São inúmeras as vezes que você fixa a mira na cabeça de um zumbi e a bala não acerta. Considerando a munição limitada, isso se torna um problema por te deixar sem balas constantemente. Sua única arma fixa é uma pistola, sendo possível encontrar alguns rifles pelo cenário, porém com munição ainda mais escassa.




O protagonista tem uma barra de stamina que limita suas ações de corrida e combate corpo-a-corpo. Você pode correr para sair de perto do zumbi e nada mais; quanto ao combate físico, é melhor nem saber que existe. Ele não funciona corretamente e sua única utilidade é fazer o jogador passar raiva.

Há três tipos de zumbis: os tradicionais, os corredores e os chefes. Os tradicionais são como os zumbis clássicos já conhecidos: andam vagarosamente em direção ao jogador e tentam mordê-lo ao chegar perto. Os corredores são os maiores problemas, pois se aproximam velozmente e a péssima jogabilidade atrapalha no combate. Para derrotá-los, são necessários alguns tiros na cabeça ou então vários disparos pelo corpo. Caso algum deles te ataque, um quick time event é acionado e você pode se desvencilhar ao apertar um único botão. Caso erre, perderá um pouco de vida.




Os chefes funcionam de maneira um pouco diferente. Eles possuem uma barra de saúde, que deve ser diminuída com disparos, e seus ataques podem matá-lo rapidamente. As batalhas não possuem emoção e são tão tediosas quanto enfrentar zumbis comuns. Não há nada empolgante em toda a aventura e a pouca variedade de modelos de inimigos só torna as seções mais desinteressantes. O bom é que constantemente há bugs que somem com os zumbis, diminuindo o estresse de enfrentá-los.

Aliado a isso, estão os cenários repetitivos e limitados. Em todos os capítulos, somos presenteados com um level design preguiçoso, com corredores e salas idênticos e pouco criativos. As áreas mais abertas tentam simular uma liberdade que é inexistente: você até pode tentar explorar e encontrar colecionáveis, mas a má vontade será maior e seu desejo será apenas de terminar logo. O vídeo abaixo ilustra exatamente o que quero dizer:

O pós-jogo tem uma ideia interessante de colocá-lo para jogar com os demais integrantes do grupo, cada um com uma perspectiva diferente em algum momento da aventura. Cada personagem possui uma arma diferente, o que varia um pouco a jogabilidade, mas todos os problemas citados acima se repetem constantemente. Logo, essa característica não se torna um diferencial importante para o gameplay.




Produto multimídia

Ao assistir ao filme no qual Valley of the Dead é baseado, é fácil perceber o potencial desperdiçado pelo jogo. Diferente da versão jogável, a película aproveita o tempo de tela dos personagens para desenvolver suas motivações e estreitar os laços entre os guerrilheiros. Aqui, essa oportunidade é subaproveitada, pois as cutscenes são curtas e introduzem personagens de maneira abrupta e sem nexo com o resto dos acontecimentos. O pós-jogo tenta preencher algumas dessas lacunas, mas é falho e incompleto.

O filme, no entanto, é competente em explorar todo o universo criado, e isso apenas exalta os problemas mencionados no game. O filme está longe de ser uma obra-prima, mas faz tudo que o jogo deveria ter feito. Não tive oportunidade de ler o livro, mas é interessante saber que está disponível para o Kindle por um bom preço, além de estar incluído para assinantes do Kindle Unlimited.

Finge que o jogo é um zumbi e passa longe

Valley of the Dead: MalnaZidos é uma das piores experiências que já tive com videogames. A jogabilidade é ruim em todos os sentidos, a história é mal contada e os bugs deixam a experiência insuportável. As poucas qualidades passam pelas cutscenes e pela possibilidade de ver diferentes pontos de vista da história pela perspectiva dos outros guerrilheiros — o que também é subaproveitado. Caso se interesse pela trama, melhor investir seu tempo em alguma das outras mídias disponíveis.

Prós

  • Cutscenes desenhadas ao estilo de HQs, com belas artes e animações;
  • Possibilidade de ver o ponto de vista de diferentes personagens no pós-jogo.

Contras

  • É um jogo de tiro que não permite usar mouse e teclado;
  • Os sistemas de mira, combate físico e movimentação são terríveis;
  • Muitos bugs que somem com zumbis e deixam o protagonista preso no cenário;
  • Não há dublagem ou legendas em português;
  • A história é muito mal contada, principalmente quando levamos em consideração o filme no qual o game se baseia;
  • O level design é genérico e malfeito;
  • Pouca variedade de zumbis;
  • O combate contra os chefes é tedioso e desinteressante.
Valley of the Dead: MalnaZidos — PC/PS4 — Nota: 2.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Gammera Nest


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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