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Análise: Sephonie (PC) é uma aventura intrigante e divertida, apesar de seus problemas

Três pesquisadores estão responsáveis por explorar e descobrir os mistérios de uma ilha enigmática.


Sephonie
é uma ilha localizada próxima a Taiwan e sua biodiversidade ainda é algo desconhecido para os humanos. Diante disso, três cientistas estão encarregados de explorar cada centímetro do local utilizando uma tecnologia moderna e eficiente conhecida como ONYX. O que eles não esperavam é que sua missão seria necessária para salvar o mundo.

Os náufragos

O ano é 2049. Três pesquisadores estão responsáveis por explorar uma misteriosa ilha localizada ao leste de Taiwan e identificar a maior quantidade possível de espécies raras. Amy Lin, Riyou Hayashi e Ing-wen Lin estão de posse de uma tecnologia inovadora chamada ONYX e com ela é possível criar uma conexão com a fauna e flora local e coletar informações de maneira mais rápida e precisa.

A caminho da ilha em um barco, os cientistas são surpreendidos por uma anomalia eletromagnética que causa o naufrágio de sua embarcação. Presos na ilha e incapazes de se comunicar com qualquer pessoa, os cientistas decidem então começar sua pesquisa.



Pelas profundezas da ilha

A ilha de Sephonie é composta por áreas não muito grandes, interligadas por portas. A princípio, estamos livres para explorar apenas a superfície, mas novas localidades vão sendo desbloqueadas conforme a progressão da história. Os três protagonistas são jogáveis e é possível alternar entre eles a qualquer momento, mas não há qualquer diferença na jogabilidade.

Os cientistas podem correr, pular, dar saltos duplos quando estão próximos de um obstáculo e correr pequenas distâncias em paredes. Esses movimentos são utilizados em desafios de plataforma, com o objetivo de alcançar diferentes locais da ilha. Novas habilidades vão sendo desbloqueadas à medida que a pesquisa vai progredindo.

Esses trechos são extremamente problemáticos devido à péssima precisão dos controles e movimentação dos personagens. O controle de câmera também é estranho — não é possível controlar a câmera enquanto corre — e o level design de algumas áreas não é intuitivo, fazendo-me andar em círculos em alguns momentos.




No entanto, Sephonie não é punitivo. Há checkpoints literalmente em todo lugar,  e não há barra de saúde ou vidas para perder em quedas. Essa característica ajuda as partes de plataformas a ser mais tragáveis e dá confiança para arriscar os movimentos de salto.

Para cada área, existe uma certa quantidade de animais e plantas com os quais podemos interagir e estudar através da tecnologia ONYX.  Cada organismo foi pensado para fazer sentido em seu contexto de existência e é perceptível o cuidado dos desenvolvedores em criar seres únicos, porém familiares com o que conhecemos na realidade.


Conectando-se com os animais

Os estudos das novas espécies existentes em Sephonie ocorrem de uma maneira bem inusitada. Ao interagir com um organismo, entramos em um minigame semelhante, até certo ponto, a Tetris. À nossa frente se abre uma espécie de tabuleiro onde devemos posicionar e encaixar peças da maneira mais eficiente possível.

As peças possuem formas variadas —  análogas ao clássico puzzle de encaixar peças — e podem ser compostas por até duas entre três cores diferentes: vermelho, verde e azul. Para cada fase, o tabuleiro tem uma forma diferente e, em alguns casos, obstáculos que interferem na dificuldade. O objetivo consiste em encaixar as peças de forma a conectar no mínimo três blocos da mesma cor. Quanto maior a sequência, mais pontos você faz.




O minigame se desenrola por rodadas. Em cada rodada, temos uma quantidade fixa de peças para utilizar — representada pelos quadrados amarelos — e ela se encerra quando as peças acabam ou não há mais espaço para encaixar algum bloco. Em cada etapa, uma quantidade mínima de pontos é necessária para prosseguir sem perder vida, representada por uma linha vertical na barra superior. O desafio termina quando atingimos a pontuação necessária ou perdemos as duas vidas disponíveis. Com a conexão feita, temos a descrição completa da espécie disponível no menu.

Similar aos trechos de plataforma, os quebra-cabeças não possuem caráter punitivo ao jogador. Podemos desfrutar do jogo no nosso próprio tempo, não deixando aquela sensação de frustração, sobretudo devido aos problemas de jogabilidade nas partes de plataforma.




Um ponto positivo dentro de Sephonie é conseguir encaixar um roteiro inusitado dentro da premissa inicial do game. O desenvolvimento da história é intrigante e traz um ar quase filosófico dentro da simplicidade inicial da aventura. Somado a isso, temos uma rica biodiversidade espalhada ao longo das áreas do jogo, com descrição e características de cada espécie, que desenvolve de maneira competente a ambientação da ilha.

O ponto que deixa a desejar é a ausência de textos em português. Isso afeta diretamente a experiência de quem não domina o idioma. Apreciar a variedade de informações disponíveis em cada animal e planta é fundamental para imergir no universo criado e desenvolver afinidade com a pequena ilha.



Para curtir e relaxar

Sephonie é um jogo que acerta em tomar decisões não punitivas ao jogador. O que poderia ser uma experiência frustrante se torna uma atividade relaxante e divertida. Porém, isso não o torna isento de críticas, principalmente nos trechos de plataforma. A jogabilidade deixa muito a desejar devido à péssima precisão dos comandos e se não fosse o excessivo número de checkpoints, seria insuportável jogar.

A rica biodiversidade chama atenção pela criatividade e excelente descrição das espécies. Isso torna a ambientação mais viva e rica, dando mais prazer em explorar os cenários atrás de novos seres vivos. Sephonie pode ter seus problemas, mas entra na seleção daqueles jogos bons para passar o tempo.

Prós

  • Grande variedade de espécies, com características e descrições únicas;
  • Os minigames são desafiantes na medida certa;
  • A história se desenvolve de maneira intrigante, com diálogos filosóficos e divertidos;
  • Há uma boa variedade de movimentos para os personagens;
  • O jogo compensa seus problemas não atribuindo punições em seus erros.

Contras

  • Os controles são imprecisos e o controle de câmera não é dos melhores;
  • Ausência de legendas em português;
  • Não há diferença de jogabilidade entre os protagonistas.
Sephonie — PC — Nota: 7.5
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Analgesic Productions


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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