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Análise: Horizon Forbidden West (PS5/PS4) amplia o universo de Zero Dawn com muito mais conteúdo e jogabilidade excelente

Novas ferramentas, armas e recursos para explorar uma região totalmente nova e fascinante.


Horizon Forbidden West
é um jogo de ação e aventura single player em mundo aberto do estúdio holandês Guerrilla Games, que retrata um mundo pós-apocalíptico em que uma praga incontrolável está destruindo todos os seres vivos, causando fome e devastando o que sobrou da humanidade. A vida na Terra caminha para a extinção e cabe à nossa heroína Aloy descobrir uma forma de deter a devastação e salvar o planeta.

O proibido é mais gostoso

Forbidden West é uma continuação de Horizon Zero Dawn (Multi) e a campanha inicia fazendo uma recapitulação dos eventos de seu antecessor. Apesar dessa recapitulação até permitir que o título seja apreciado sem que o jogador tenha finalizado a campanha anterior, eu recomendo fortemente que você não o faça. Jogar dessa maneira lhe roubará as descobertas e surpresas do roteiro de Zero Dawn. Por esse motivo, essa análise será isenta de spoilers.
A grama alta vermelha e o Foco, nossos melhores amigos desde a infância!
A nova aventura começa logo após os eventos finais do jogo anterior. Apesar de o inimigo final ter sido neutralizado, as condições de vida na Terra não melhoraram – pelo contrário, a deterioração do planeta segue em ritmo acelerado e as máquinas estão cada vez mais agressivas. As plantações e animais estão morrendo e a humanidade está em colapso.

Sabendo que é uma das únicas que compreende a situação real do planeta, Aloy parte em uma jornada para tentar achar respostas para a causa desse desastre ambiental e buscar uma solução para o problema. Suas investigações acabam apontando para o Oeste Proibido, região hostil para as tribos do leste, terra natal de Aloy e palco dos acontecimentos do primeiro jogo.
Sabe de nada, Inocente!!!
Horizon Forbidden West segue em grande parte a fórmula de Zero Dawn, com diversas melhorias técnicas, mas foi na história que senti a maior evolução em relação ao anterior. O roteiro está ainda mais intrigante e interessante, apresentando várias situações memoráveis e com muitas surpresas reservadas para o jogador, que descobrirá que o perigo que ameaça o planeta é ainda maior do que se supõe.

Durante sua jornada, Aloy conhecerá as tribos do Oeste, cada qual com sua própria cultura e valores. A riqueza e o detalhe com que essas tribos foram retratadas é fascinante, dando ao jogador a verdadeira sensação de travar contato com novos povos, de forma ainda mais profunda do que visto no primeiro jogo.
Imagina o tempo pra montar esse make!
O roteiro tem algumas barrigas, onde a missão principal deriva para probleminhas locais obrigatórios, que Aloy precisa resolver para prosseguir na tarefa principal de salvar o mundo, mas de um modo geral, ele explica muita coisa que ficou pendente no roteiro da primeira aventura e dá uma visão mais abrangente do problema que realmente está acontecendo.

Não existe trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar

Forbidden West é repleto de missões secundárias que dão recompensas úteis e enriquecem o universo do jogo, fazendo com que você conheça mais sobre os costumes locais de uma tribo ou crie laços mais estreitos com algumas pessoas. Eu definitivamente recomendo que você jogue sem pressa de terminar a campanha e se dedique um pouco às missões secundárias.

Como no jogo anterior, é possível visitar comerciantes para comprar equipamentos e itens. Não basta ter dinheiro para adquirir o que você quer; os melhores equipamentos exigem que você também forneça materiais como parte do pagamento, o que faz sentido em um futuro pós-apocalíptico pobre em recursos.
Se a roupa fosse Lacoste, precisaria trazer um jacaré.
Por isso, normalmente quando um comerciante tem algo que lhe interessa, é muito provável que você não consiga fazer a compra imediatamente. A novidade aqui é que você pode definir aquela compra na loja como um trabalho, e ele ficará marcado no mapa como uma mini-missão, o que facilita conseguir os ingredientes que estão faltando.

Além da campanha principal e das sidequests, o jogo é repleto de outras atividades: existem acampamentos rebeldes para desmantelar, contratos de coleta com comerciantes, que fornecerão equipamentos como pagamento por pequenas missões de resgate ou obtenção de materiais e Arenas de Combate, que funcionam como uma espécie de tutorial e área de treino contra oponentes humanos.

Combate por Impulso

Os momentos de maior ação do jogo são os combates, em que enfrentamos inimigos humanos e máquinas. Os combates contra as máquinas estão mais divertidos do que nunca. Assim como no primeiro jogo, os animais robóticos variam de acordo com as regiões do mapa, e além de encontrarmos várias novas espécies, elas possuem variações, que podem ser analisadas e registradas com o Foco. A ferramenta foi atualizada e agora permite marcar partes específicas de cada oponente, ao invés de marcar o indivíduo todo.
Não é chuveiro, mas tá cheio de resistências...
Os efeitos elementais estão presentes e são essenciais para a estratégia de combate. A combinação correta de arma, elemento e fraqueza do oponente formam uma espécie de minigame que torna as batalhas ainda mais divertidas. O inimigo possui um tanque de combustível nas costas? Atinja-o com uma flecha de fogo e curta o espetáculo.

Os combates contra humanos não são tão emocionantes quanto abater as máquinas, mas ainda assim são divertidos. Usualmente a melhor estratégia é partir no corpo a corpo com a lança, mirando na cabeça. Alguns soldados possuem diferenciais como escudos ou montarias, mas as únicas batalhas memoráveis contra os humanos são aquelas em que enfrentamos chefes, esses sim um desafio digno.

Uma característica muito interessante, presente desde o primeiro Horizon, é a liberdade que o jogador tem para resolver as situações. Em quase todo encontro é possível optar pela estratégia furtiva, esgueirando-se sem ser visto e atacando na surdina, ou partindo pro combate aberto. Você também pode usar armadilhas, ataques à distância, usar montarias ou até mesmo converter máquinas para causar confusão no campo de batalha.

Uma novidade que foi acrescentada ao combate é a capacidade de carregar o inimigo com energia atingindo-o com golpes de lança. Isso abre um ponto de vulnerabilidade que pode ser explodido com flechas, causando dano massivo.
O calcanhar de Aquiles.
A variedade de armas à disposição é enorme. O arco continua poderoso e possui diversas variações entre modelos de caça, precisão e combate. A lança também ficou muito melhor, permitindo fazer combos e sequências alternando golpes rápidos com golpes fortes e saltos. Os estilingues explosivos do primeiro jogo continuam presentes, uma ótima opção para ataques em área. Também temos armas novas, como o lança-dardos, ótimo para ataques elementais precisos e manoplas trituradoras, que disparam projéteis que cortam máquinas.

A nova árvore de talentos foi separada em seis especializações: Guerreira, Emboscada, Sobrevivente, Sabotadora, Caçadora e Maquinista, cada uma delas otimizando um estilo. Na árvore de talentos você pode equipar um efeito, entre doze opções disponíveis, para o Impulso de Bravura, outra novidade do jogo. O Impulso é representado por uma barra roxa no canto inferior direito da tela, que se carrega ao acertar pontos fracos do oponente. Quando a barra enche, podemos ativar vantagens poderosas de combate, como um módulo que aumenta os ataques corpo a corpo em 300% por tempo limitado.

Isso é que é compra por Impulso.


Novos artigos esportivos

Forbidden West também trouxe algumas novas ferramentas que incrementam a exploração do mundo. A primeira que adquirimos é o lança gancho, que pode ser usado para auxiliar em alguns pontos de escalada e puxar objetos pesados. Infelizmente, o gancho só se prende em certos pontos específicos, logo, não pode ser usado em qualquer lugar como em Halo Infinite (Multi).

Continuando na seção de novidades que Aloy adquiriu em lojas de artigos esportivos, há um específico que imagino ter sido “fortemente inspirado” em The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Switch): o planador, que permite descer de forma segura a partir de grandes alturas e deslocar-se por uma maior distância horizontal do que seria possível com um salto. Próximo ao final da campanha você pode usar uma montaria voadora, que aumenta ainda mais as possibilidades de exploração.
O céu não é mais o limite.
Outro equipamento novo é a máscara de mergulho, que permite deslocar-se por baixo d’água sem limite de tempo, abrindo a possibilidade de explorações prolongadas nesse ambiente. A máscara é obtida em uma missão da história principal e, antes dela, Aloy só consegue mergulhar pelo tempo que seu fôlego resistir, causando momentos de tensão pra Sonic nenhum botar defeito.

Uma nova geração no horizonte

Sendo uma vitrine do PlayStation 5, Horizon Forbidden West utilizou todos os recursos do controle DualSense. Os Gatilhos Adaptáveis representam de forma tátil a resistência da corda dos arcos e passam a sensação de “peso” quando usamos o gancho com corda para puxar objetos. O feedback háptico também transmite a sensação dos terrenos, mas é muito mais sutil do que eu esperava, mesmo quando configurado para atuação em força máxima; por outro lado, ele representa bem os impactos sofridos por Aloy, garantindo uma boa imersão nos confrontos.
Dá pra sentir o peso da caixa quando você puxa a corda.
Outro recurso exclusivo de nova geração que foi muito bem explorado foi o suporte ao áudio 3D, que nos ajuda a localizar inimigos pelo som. Quando conversamos com um NPC, o som vem exatamente da posição relativa em que ele se encontra, e se viramos a protagonista para outro lado, o som acompanha a mudança de direção.

Graças às novas tecnologias de armazenamento, os tempos de carregamento são praticamente instantâneos no PS5. As viagens rápidas, que são grátis entre fogueiras, levam algo como dois ou três segundos para cruzar o mundo todo.

No PS5 o jogo conta com recursos de HDR, ray tracing e resolução em 4K, oferecendo ao jogador a opção de priorizar taxa de quadros (modo desempenho) ou resolução (modo gráfico). Caso você pretenda jogar em um PS4, não se preocupe: meu colega Alexandre Galvão mostrou prints provando que nesse console a experiência gráfica ainda é espetacular, e você poderá conferir por si mesmo em um especial que ele preparou com carinho sobre o assunto.

Belo Horizonte!

Horizon Forbidden West está simplesmente maravilhoso quando o assunto é qualidade gráfica. Ele é definitivamente um dos jogos mais bonitos que joguei nos últimos anos. O capricho nos detalhes de cada objeto é impressionante. A textura dos tecidos e os detalhes mecânicos das máquinas são de cair o queixo, sem falar na beleza dos cenários. Prints desse jogo parecem obras de arte e muitas vezes você vai pausar para tirar fotos bonitas ou simplesmente apreciar a beleza das cenas.
Estão gourmetizando todos os bares por aqui...
Falando em interpretação, o jogo conta com excelentes atuações de voz em inglês e português brasileiro. O trabalho dos dubladores brasileiros está sensacional, os personagens são interpretados com emoção e capricho. Deixo aqui o destaque para o fantástico trabalho da Tatiane Keplmair, que interpretou a voz da Aloy de maneira impecável, enriquecendo muito a imersão do jogador.

“Somente eu posso fazer isso”

Forbidden West é magnífico, mas não é isento de falhas. Uma das coisas que me desagradou na condução da história é que, literalmente, todo mundo que esbarra em Aloy se oferece para ajudá-la, e ela faz questão de sempre desprezar a oferta. Parece que o sucesso subiu à cabeça da ruiva, que frequentemente repete “somente eu posso fazer isso” e parte, dando as costas para aqueles que se importam com ela. Há algumas cenas em que ela interrompe a fala de outros personagens gesticulando para a pessoa se calar.
Deixa que a mãe resolve!
Também existem momentos em que ela ameaça matar outros personagens, se eles não derem a ela a informação que quer. Só lá para o fim da campanha é que ela aceita a ajuda dos amigos, mas ainda faz questão de tratar a todos como assistentes. Por mais importante que seja, eu achei que esse comportamento arrogante não combinou muito bem com a protagonista.

Outro defeito é que a mecânica de escalar as coisas continua ruim. Aloy só consegue subir nos pontos de apoio que a desenvolvedora quer que você suba, sempre numa rota confusa em zigue-zague. A nova funcionalidade do foco, que destaca os pontos onde é possível escalar, é praticamente obrigatória, já que muitos lugares em que claramente a heroína poderia subir ou agarrar não são escaláveis, simplesmente porque os desenvolvedores do jogo não definiram esses pontos como apoios válidos.
Sem a ajuda do Foco fica difícil saber onde se apoiar.
Em uma produção desse tamanho é normal encontrar alguns bugs, e eu pude perceber alguns problemas pontuais durante a minha jornada. Normalmente coisas bobas, como NPCs andando no ar, inimigos que não reagiam a golpes ou texturas que carregavam durante a exploração. Nenhum desses bugs chegou a atrapalhar o prosseguimento da campanha, são mais detalhes de polimento que provavelmente serão corrigidos em atualizações futuras.

Forbidden West oferece diversas opções de jogabilidade e acessibilidade, com dificuldade configurável em detalhes individuais, como controlar a desaceleração do tempo no modo de concentração, acionar o planador automaticamente ou exibir mais ou menos informações para guiar o jogador durante a exploração. Você pode optar por uma interface totalmente limpa ou guias permanentes na tela.
Simplesmente lindo.

Vamos para o Oeste?

Horizon Forbidden West é um jogo graficamente lindo, amplo, com história marcante, e jogabilidade extremamente divertida. Apesar de algumas barrigas no roteiro e bugs pontuais, a riqueza e o detalhamento em sua ambientação fazem com que o jogador se sinta genuinamente envolvido com este universo. Assim como nossa heroína Aloy, Horizon Forbidden West pode não ser perfeito, mas é absurdamente bom.

Prós

  • Excelente gameplay, que se adapta aos gostos do jogador;
  • Trama envolvente e misteriosa;
  • Quantidade imensa de conteúdo;
  • Maior verticalidade e possibilidade de exploração subaquática;
  • Gráficos belíssimos;
  • Ótima dublagem, tanto em português quanto em inglês.

Contras

  • Roteiro tem algumas barrigas desnecessárias;
  • A mecânica de escalada continua ruim;
  • Bugs pontuais, como texturas que demoram pra carregar e personagens flutuando no ar.
Horizon Forbidden West - PS5/PS4 - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sony

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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