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Análise: Monster Energy Supercross - The Official Videogame 5 (Multi) injeta uma boa dose de adrenalina com corridas frenéticas

Encare pistas enlameadas e disputas acirradas, tomando cuidado para não cair nas armadilhas da complexidade dos controles.

Um fato que não dá para negar é que, cada vez mais, os videogames têm apresentado ao público esportes mais distantes da nossa realidade. Temos títulos de Fórmula 1 e futebol, que já são grandes conhecidos dos brasileiros há gerações, e também uma leva de modalidades que foram ganhando fama nas últimas décadas, como futebol americano, beisebol e o motocross.

Por mais que seja algo para um nicho bem específico de fãs, Monster Energy Supercross - The Official Videogame 5 consegue emular muito bem a adrenalina sobre duas rodas que são as características dessas corridas empoeiradas e cheias de saltos e curvas estreitas, o que o torna bastante convidativo para quem também quer uma porta de entrada para conhecer a categoria.

Conhecendo o terreno

Para quem não está familiarizado, as etapas de motocross funcionam da seguinte maneira: primeiro há a fase classificatória, que separa os pilotos em duas baterias. Depois, os três melhores de cada bateria vão para o evento principal direto, enquanto os demais tentam conseguir uma posição em uma nova corrida chamada LCQ (Last Chance Qualifier, ou Última Chance de Qualificação, em tradução livre). Com o grid decidido, a última corrida acontece e aí sim saberemos quem foi o vencedor.

O modo como as corridas acontecem também é um pouco diferente. Todos largam alinhados, ao mesmo tempo e a prova acontece por duração, e não por número de voltas. Assim que o tempo termina, a corrida se encerra assim que o primeiro colocado terminar a volta em que está e dar mais uma para finalizar.

No game podemos passar por todo esse caminho e trilhar nossa rota até a vitória, ou simplesmente disputar a prova principal, sem maiores dores de cabeça. Inclusive, mesmo que os nomes não sejam conhecidos para muitas pessoas, Monster Energy Supercross traz todos os 102 pilotos das três categorias atuais — 450, 250 Oeste e 250 Leste — e os 17 circuitos do campeonato, que são em estádios fechados, além de outros oito trajetos em lugares abertos.

Se isso não for o bastante, podemos fazer um do nosso jeito. “Um” o quê? Tudo! Piloto, moto, circuito e até capacete. As opções são inúmeras e bastante completas. Dá até para colocar tatuagens no nosso avatar, que pode ter um corpo masculino ou feminino. OK, sempre estaremos de macacão e nem sempre veremos o nosso rosto, quem dirá o restante do corpo, mas melhor pecar pelo excesso do que pela falta, não é mesmo?

O visual também faz sua parte, retratando a beleza dos circuitos iluminados, revelando sua aura de palco prestes a sediar um show único. A trilha sonora, toda baseada em rock’n’roll, funciona perfeitamente nesse conjunto, como se estivéssemos assistindo a tudo ao vivo pela TV (a cabo).

Suor, lama, glórias e um pouco de intuição

O prato principal de Monster Energy Supercross é seu modo Carreira. Nele, construímos nosso próprio motociclista aspirante e galgamos nosso caminho às grandes estrelas. A cada corrida vencida, chamamos a atenção de patrocinadores e de equipes maiores, que impulsionarão nossa trajetória com bonificações bem gordas. Também podemos realizar eventos extras para juntar mais uma graninha e treinar em grandes espaços abertos, realizando objetivos diversos, como fazer alguma manobra ou achar letras, no melhor estilo Tony Hawk’s Pro Skater. Esse passeio mais despojado também tem como finalidade melhorar nossa condição física, o que nos torna mais resistentes a contusões durante as provas.

Nossas habilidades de pilotagem também são ditadas ao creditarmos pontos, conquistados quando realizamos algumas metas, como voltas consecutivas na liderança, sem bater ou cair, e bater a marca de melhor volta. Quanto mais avançada a habilidade, mais pontos ela custará.

Fora a Carreira, e a já citada Customização, podemos fazer etapas isoladas, só pela diversão, e um tutorial, que é de longe o modo mais problemático do jogo, pois os ensinamentos dele são bem rasos.

Ao selecionarmos uma lição, é apresentado um vídeo ilustrativo, que estranhamente está em baixa resolução, com falhas no áudio e parece acabar “do nada”. Concluir ou não a tarefa libera normalmente a seguinte. São quatro lições iniciais e seis avançadas, além de mais quatro vídeos que explicam como funciona o campeonato e os eventos; e, de novo, é um vídeo com legendas e sem áudio, seja narrativo, seja musical.

Ter uma noção das funções básicas sempre vai bem, mas essas lições não passam a sensação do que um jogador novato encontrará em uma situação corriqueira de corrida. Para mim, que estou debutando nos jogos da franquia, valeu bem mais a pena ativar os assistentes de direção e indicativos de pista e, gradualmente, ir desligando eles à medida que cada curva e sequência de pulos se tornava mais intuitiva.

Não me viu aqui, não?!

Em relação aos controles de Monster Energy Supercross, eles são bastante responsivos e até um pouco complexos de primeira, mas nada que alguns tombos não ajudem a entender. Eu sempre estive habituado a controlar veículos virtuais de quatro rodas, bem mais estáveis e em pistas mais largas. Se você, assim como eu, estiver em seu primeiro contato com um jogo de motocross, prepare-se para lidar com mais um fator: o corpo do piloto.

Pois é, além de controlarmos uma motoca envenenada em pistas de terra e lama, controlar o peso do ciclista é uma peça-chave para dominar os saltos e curvas com maestria. Falando assim parece difícil, mas são oferecidos diversos recursos que auxiliam o jogador (parcialmente) a se manter na corrida. Ainda assim, a direção sensível e a física um tanto quanto diferenciada podem ser um desafio a mais até criarmos intimidade com as mecânicas.

Outro ponto que varia bruscamente é a inteligência artificial. Na maioria das corridas, os oponentes agem como se você não estivesse na pista. Ou seja, eles irão seguir em qualquer direção e colisões serão inevitáveis, o que ocasiona a perda de diversas posições por besteira. Ainda nesse tópico, um acontecimento bizarro é que isso inclui aterrissar sobre você logo após um salto, e isso gera um efeito bizarro de um piloto preso na cabeça do outro, até que eles se soltam e até derrubam quem está passando perto.

Além disso, existe uma variação do ódio que eles carregam no peito. Independente do nível de dificuldade escolhido, em algumas corridas será possível vencer com cerca de duas ou três voltas de vantagem em cima do segundo colocado, o que é muita coisa. Em outras, os adversários estarão possuídos pela alma do Motoqueiro Fantasma e te caçarão implacavelmente, fazendo com que qualquer erro seja fatal.

Ser radical é bem legal

Monster Energy Motocross - The Official Videogame 5 pode oferecer um começo meio complicado para os novatos, mas vai recompensar quem insistir com muita diversão e imersão. Já os veteranos estarão em casa com um título que consegue de maneira bem competente reproduzir toda a euforia de pilotar uma máquina veloz enquanto se realizam saltos cinematográficos.

Prós

  • Todo conteúdo do campeonato oficial de motocross está incluso, sem DLCs;
  • A jogabilidade responde muito bem e é divertida;
  • Modo carreira bastante completo;
  • Ótimos visuais e trilha sonora;
  • Diversas opções de customização.

Contras

  • O tutorial é fraco e tem diversas falhas técnicas;
  • A complexidade dos controles pode afastar os jogadores novatos;
  • A física tem momentos estranhos;
  • A inteligência artificial tem muitos momentos de inconstância.
Monster Energy Motocross - The Official Videogame 5 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Milestone


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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