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Análise: Shovel Knight Pocket Dungeon (Multi) traz puzzle e ação em uma aventura carismática

O novo spin-off do popular personagem indie é um quebra-cabeça que apresenta mecânicas únicas e variadas.


Em Shovel Knight Pocket Dungeon, o cavaleiro da pá e seus amigos precisam enfrentar inúmeros perigos em um mundo paralelo para conseguir voltar para casa. O jogo usa personagens e conceitos da série de plataforma como inspiração para criar um puzzle de ação singular e ágil. As mecânicas simples de entender, em conjunto com heróis com habilidades distintas, itens especiais e diferentes modos, tornam a experiência empolgante e difícil de largar.

Monstros e quebra-cabeças em um mundo perigoso

Em suas viagens, Shovel Knight encontra uma misteriosa caixa. Ao abri-la, ele é levado para um estranho mundo chamado Pocket Dungeon. Lá, ele é recepcionado por Puzzle Knight, que dá uma notícia nada animadora: para conseguir sair deste universo, é necessário resolver um enigma cuja solução é procurada faz anos. Mesmo assim, Shovel Knight decide encarar o desafio e vai explorar o Pocket Dungeon a fim de encontrar uma maneira de voltar para casa.


A aventura é estruturada em estágios em que blocos e monstros caem do topo da tela. O objetivo é encontrar a porta de saída, que aparece após derrotar uma quantidade específica de inimigos. O combate é simples e basta esbarrar em um oponente para atacá-lo, porém, simultaneamente, o herói também recebe dano. Por sorte, poções que recuperam a vida aparecem pelo tabuleiro. A derrota acontece quando todos os pontos de vida são perdidos ou quando a tela é completamente ocupada por blocos. Sendo assim, para sobreviver, é essencial balancear momentos de ataque e de recuperação.

O aspecto de puzzle aparece na forma dos combos: o dano é propagado para inimigos e blocos do mesmo tipo que estejam próximos uns dos outros. Por meio dessa mecânica, é possível derrotar muitos monstros simultaneamente ao custo de poucos pontos de vida — perícia e estratégia são importantes na hora de montar grupos grandes. Derrotar muitos monstros em sequência em um curto intervalo de tempo aumenta as recompensas, o que nos incentiva a agir com velocidade.


Pelo caminho, encontramos itens com efeitos temporários, como espadas que aumentam o ataque ou um machado que congela inimigos. Já as joias obtidas como recompensa podem ser utilizadas para adquirir relíquias com habilidades diversas, como deixar um rastro de fogo ao se mover ou reforçar um golpe a cada cinco movimentos. Esses equipamentos fazem com que cada partida seja distinta e gostei de tentar montar diferentes combinações de poderes. Novos conteúdos, como itens e heróis, são desbloqueados aos poucos entre as partidas.

Desbravando calabouços repletos de desafios variados

Shovel Knight Pocket Dungeon é mais um daqueles puzzles com conceito simples que se revela mais complexo com o passar do tempo. No começo, eu tive muita dificuldade em sobreviver, pois agia de qualquer jeito e acabava soterrado. Porém, após algumas partidas e muita observação, entendi que precisava fazer movimentos para juntar o máximo de inimigos possíveis e a aventura ficou mais divertida — rapidamente consegui fazer combos capazes de limpar todo o tabuleiro. Apreciei, em especial, o ritmo acelerado dos estágios: mesmo tendo leves aspectos de jogos por turno, há incentivo constante para se mover com frequência.


Como é de praxe, a jornada tem vários detalhes que nos forçam a readaptar constantemente a estratégia. Nos estágios mais avançados, aparecem inimigos com comportamentos curiosos, como um cavaleiro que passa a defender da primeira posição em que foi atacado, ratos elétricos que fogem após levar dano (bagunçando o tabuleiro no processo) e monstros capazes de infligir estados negativos. Já nas batalhas contra os chefes, o desafio é entender seus padrões de movimento para conseguir golpeá-los.

Além da diversidade nos estágios, Pocket Dungeon oferece muitas possibilidades com diferentes personagens jogáveis. Alguns deles têm habilidades passivas simples: Plague Knight envenena inimigos, mas tem menos vida; Shield Knight ganha um escudo após fazer combos; o poder de Propeller Knight aumenta ao atacar blocos isolados. Já outros têm mecânicas únicas: King Knight é capaz de desferir uma investida cuja força depende da distância; Prism Knight consegue trocar elementos de lugar; Tinker Knight monta um robô com metal coletado nos estágios. Os detalhes de cada cavaleiro mudam sensivelmente o ritmo de jogo e gostei muito de entender e dominar suas nuances.


Mesmo com tantas características para trazer variedade, o título fica um pouco repetitivo com o tempo, pois a diversidade de inimigos, relíquias e modificadores é limitada. Além disso, às vezes é difícil entender o tabuleiro com clareza, porque alguns monstros e elementos são visualmente similares — com o tempo aprendi a identificá-los melhor. Felizmente os diferentes personagens jogáveis e modos ajudam a amenizar os problemas.

Carisma espalhado por diversos modos

Assim como na série principal, Shovel Knight Pocket Dungeon apresenta um universo colorido e vibrante. O visual em pixel art é bastante detalhado, e os personagens com proporções deformadas que destacam suas particularidades são charmosos. Já a trilha sonora conta com remixes de faixas já conhecidas pelos fãs e complementa a ação com suas batidas agitadas. O jogo está completamente localizado para o português em uma adaptação competente.


Há também muito o que ver na jornada de quebra-cabeças do cavaleiro da pá. O modo Aventura tem vários desbloqueáveis, segredos e até mesmo um final verdadeiro que exige passos específicos para ser alcançado. O Versus oferece batalhas competitivas para dois jogadores, com direito a mandar blocos para atrapalhar o oponente. Essa modalidade é ótima para curtir com amigos ou sozinho contra o computador, mas a ausência de confrontos online faz falta. Por fim, há um desafio diário em que jogadores competem pela melhor pontuação em um placar online. Mais conteúdo está nos planos: já foi anunciado que expansões serão lançadas no futuro.

A mistura de ação e puzzle resulta em partidas intensas em que alguns deslizes podem ser fatais. Por sorte, o jogo conta com vários aspectos para ajustar o desafio. No modo com vidas infinitas, por exemplo, a derrota só acontece após o tabuleiro ser completamente ocupado por blocos, o que coloca o foco nas decisões estratégicas. Já na modalidade de uma única tentativa, precisamos tomar cuidado, pois perder todos os pontos de vida resulta no fim da jornada. Fora isso, é possível aumentar o ataque e vida iniciais para uma aventura mais tranquila, ou complicar as coisas ao desligar itens e relíquias.



Simples, inventivo e viciante

Shovel Knight Pocket Dungeon transforma o carismático universo do cavaleiro da pá em um ótimo e viciante puzzle de ação. O conceito principal de esbarrar em inimigos para atacá-los é simples, no entanto, para sobreviver, é essencial fazer combos para atacar vários oponentes simultaneamente, o que nem sempre é fácil de executar. Parte da diversão está em conseguir montar combinações imensas capazes de limpar boa parte da tela.

Diferentes tipos de monstros, heróis com habilidades distintas e muitos itens trazem diversidade à aventura, assim como vários modos de jogo. De negativo, às vezes as partidas se parecem demais e a ação fica confusa no meio do caos visual em certas situações, contudo são detalhes que podem ser relevados. No mais, Shovel Knight Pocket Dungeon cativa com sua criatividade e é uma recomendação para quem aprecia puzzles de ação.

Prós

  • Mecânicas principais simples de entender, mas com várias nuances para dominar;
  • Muitos personagens jogáveis com características únicas;
  • Boa variedade de modos e opções de customização;
  • Atmosfera carismática com visual em pixel art elaborado e música empolgante.

Contras

  • Confusão visual atrapalha em alguns momentos;
  • Variedade de conteúdo limitada a longo prazo.
Shovel Knight Pocket Dungeon — PC/PS4/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Yacht Club Games

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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