Jogamos

Análise: Crazy Gravity (Multi) é bonitinho, mas vai te tirar do sério

Não se deixe enganar pelo visual fofo e conteúdo curto. Este jogo irá elevar seus estresse de maneira bem rápida.

Nem todo jogo de plataforma precisa ser complexo ou cheio de elementos para oferecer um desafio razoável. Crazy Gravity se baseia nessa premissa do “menos é mais” e traz uma mecânica simples, baseada apenas em pulos precisos. Ao longo de 30 níveis diferentes, controlamos um pequeno astronauta que precisa atravessar os portais contidos em cada lugar e ainda coletar os pequenos raios de energia para assim conseguir voltar para casa.

Vai e vem

Como o nome do jogo sugere, nossa principal ferramenta aqui é a gravidade. Todos os níveis funcionam como se tivessem uma parte em cima e outra embaixo, funcionando como se fosse uma espécie de espelhamento. Nosso intrépido viajante espacial conta apenas com sua mochilinha a jato, com a qual ele pode realizar saltos duplos. Em alguns trechos haverá uma espécie de vão no chão, sinalizado por uma linha pontilhada, que serve de entrada para esse “mundo reverso”.

Além de vermos tudo de ponta-cabeça, a orientação dos controles também é invertida, ou seja, temos que acionar o comando para a direita se quisermos ir para a esquerda e vice-versa. É algo simples, mas que adiciona uma camada de interação interessante ao desafio. Sempre que atravessamos essa passagem, flutuamos uma distância proporcional à nossa queda, então é sempre interessante calcular bem para alcançar a plataforma desejada ou não passar do ponto em direção a algum perigo.

Crazy Gravity é fácil de entender e suas primeiras fases são bem tranquilas até. Inclusive, vale citar que jogadores de PlayStation e Xbox conseguirão atingir o troféu de platina/1000 G antes da metade do jogo e isso é um alívio, pois principalmente o terço final do jogo se torna um tanto quanto excruciante. O fato de ter que ir e voltar no ambiente muitas vezes por causa de barreiras e botões começa a gerar uma pequena confusão mental sobre qual direção seguir. 

Lembram-se dos raios de energia que eu citei no comecinho do texto? Pois bem, eles ficam em lugares cada vez mais afastados, o que por um lado exige que o jogador raciocine bem seu deslocamento, mas por outro compromete totalmente o deslocamento mais fluido pelo cenário na busca por seu objetivo primário, que é chegar no portal que se encontra no final. 

Some isso com algumas boas porções de pisos, tetos e paredes com espinhos e criaturas que começam a vagar pelo caminho, soltando raios ou não, e o que era para ser algo complexo se torna frustrante e estressante. Outro detalhe é que as fases não têm checkpoints e nem consideram as ações que já foram realizadas. Se você atingir algum espinho ou armadilha voltará do começo e precisará apertar todos os botões necessários e coletar o raio novamente.  

Se focarmos no mérito do desafio proposto, jogadores experientes e speedrunners irão se esbaldar, ainda mais pela facilidade de se obter todas as conquistas. Porém, o jogo se apresenta de forma muito simples e amigável para quem é novato e depois acaba engolindo esse jogador, que talvez nem vá atrás da platina caso se sinta frustrado (e isso não é fácil de acontecer). Nem mesmo os controles simples e responsivos conseguem suavizar a complexidade que alguns estágios finais trazem. Logo, as 30 fases que pareciam durar pouco começam a parecer intransponíveis, à medida que elas começam a se tornar mais complexas e longas.

Que fique claro que a dificuldade crescente não é uma coisa ruim, mas se houvesse mais estágios para que a curva de aprendizado fosse melhor assimilada pelo jogador, talvez a experiência se tornasse mais prazerosa e isso manteria a pessoa no controle mesmo após obter o troféu de platina. É até estranho ver que algo que duraria no máximo 45 minutos passar a se tornar uma jornada de quase duas horas só de tentativa e erro.

Charmoso, fofinho e estressante

Se Crazy Gravity traz uma variável tão grande assim de dificuldade, porque jogadores novatos iriam atrás dele? Simplesmente pelo seu preço baixo, facilidade de colocar um 100% na sua gamertag e visual bonito e convidativo, praticamente um desenho animado de um pequeno astronauta. A trilha sonora relaxante também passa uma vibe tranquila, de que ele seria um platformer simples para qualquer pai que quer presentear o filho, mas fica o aviso de que as coisas podem se tornar amargas bem rápido.

Prós

  • Visual cartunesco bem fofinho;
  • Trilha sonora relaxante;
  • As fases iniciais tem um excelente level design;
  • Fácil de se obter o troféu de platina/1000 G.

Contras

  • A curva de aprendizado é muito agressiva, a ponto de tornar o jogo estressante;
  • Caso alguém passe todos os estágios de primeira, verá que o jogo é bem curtinho;
  • As fases não possuem checkpoints.
  • O jogo pode se tornar frustrante para jogadores novatos.
Crazy Gravity — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Thais Santos
Análise feita com cópia digital adquirida pelo redator


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google