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Análise: Marvel's Guardians of the Galaxy (Multi) é uma excelente aventura embalada pelos clássicos dos anos 80

Enredo, trilha sonora e ótima jogabilidade são os principais pontos que garantem o sucesso do título.

Desde o seu anúncio na E3 deste ano, Marvel's Guardians of the Galaxy foi recebido com bastante desconfiança por parte do público gamer, principalmente por comparações indevidas a Marvel's Avengers, título também publicado pela Square Enix e que sofre até hoje pelos diversos bugs e online repetitivo.


Porém, graças ao desenvolvimento por parte da Eidos-Montréal, o jogo traz uma experiência muito diferente e mais consistente do que a que foi mostrada no game dos Vingadores. Confira se o título faz jus às aventuras do grupo mais maluco dos quadrinhos.

Um grupo de desajustados para salvar a galáxia

Marvel's Guardians of the Galaxy acontece 12 anos após a Guerra Galáctica, um evento causado por Thanos e os Chitauri para a expansão de seu território e que resultou na morte de trilhões de seres e na devastação de mundos. Nos dias atuais, a galáxia ainda sofre pelos acontecimentos da guerra e se recupera a passos lentos.

Os Guardiões da Galáxia, juntos há um ano procurando por trabalhos que ninguém mais aceitaria, partem em busca de uma forma para pagar uma dívida que têm com a Tropa Nova. Porém, durante sua jornada, acontece o retorno da Igreja Universal da Verdade, um culto que desapareceu durante a guerra e agora tenta tomar controle sobre a galáxia com a Promessa, alegando trazer de volta tudo o que foi perdido. Os Guardiões, liderados por Peter Quill, o Senhor das Estrelas, partem em uma aventura para salvar a galáxia de mais uma grande ameaça.


Durante toda a campanha assumimos o controle de Quill, enquanto o resto do time o acompanha e fica dependente de sua liderança. Muitos fãs ficaram decepcionados quando foi anunciado que o jogo seria single player e apenas iríamos controlar o líder dos Guardiões, já que temos uma equipe com cinco integrantes, o que renderia muitas horas em um modo multiplayer.

Porém, ao jogar o título, percebe-se que o formato escolhido é a melhor opção, já que o enredo gira em torno de Peter Quill na maior parte do tempo. Há momentos em que dramas e histórias dos outros guardiões também são explorados, rendendo ótimos diálogos e nos ajudando a conhecer melhor as motivações e o passado de cada personagem.


Marvel’s Guardians of the Galaxy tem foco total na história, com diversos momentos em que devemos conduzir os diálogos com opções de fala. Muitos deles acontecem durante a exploração de cenários e não têm impacto na trama; já outros determinam o relacionamento do grupo com os demais personagens ao decorrer da campanha. Na maioria das vezes, essas escolhas não irão gerar uma influência muito grande, já que o título não conta com múltiplos finais, mas é interessante ver os resultados de algumas decisões se concretizarem ao longo do enredo.

A história tem duração de aproximadamente 12 horas e é uma experiência digna do universo dos Guardiões da Galáxia. Os personagens principais carregam exatamente a mesma personalidade que os fãs já conhecem dos quadrinhos e filmes, além de receber as vozes dos mesmos dubladores da versão brasileira dos filmes. A trama é recheada de sequências irônicas e engraçadas, o mínimo que podemos esperar de um jogo dessa equipe de desajustados, mas também conta com momentos emocionantes envolvendo todos os heróis, mostrando a construção do sentimento de família entre os membros do grupo.


Para os fãs mais recorrentes da Marvel, o game é recheado de fan service. Além de contar com aparições de personagens clássicos das HQs dos Guardiões, como Mantis, Cosmo e Lady Hellbender, há citações e referências a diversas outras sagas e personagens da publicadora, além de uma singela homenagem a Stan Lee. Podemos passar bastante tempo nos menus lendo informações sobre cada indivíduo que aparece, local visitado e item encontrado, nos deixando ainda mais curiosos sobre este incrível universo criado.

Liderar não é uma tarefa fácil

Marvel's Guardians of the Galaxy possui uma jogabilidade que pode ser um pouco confusa no começo, mas não demora para pegarmos o jeito. Como dito anteriormente, o jogador controla apenas Peter Quill diretamente. O Senhor das Estrelas pode executar socos e esquivas, mas é com as armas elementares que ele realmente brilha. As clássicas armas do personagem funcionam por resfriamento e podem executar tiros simples e carregados. O disparo pode ser feito apenas com o gatilho direito, em que a mira fica livre, ou com o auxílio de mira automática ao segurar o gatilho esquerdo.

Ao longo da campanha, adquirimos quatro poderes elementares para as armas: gelo, raio, vento e plasma. Fora de combate, essas habilidades nos ajudam na resolução de puzzles e liberando o caminho durante a exploração. Já nos combates, são extremamente úteis contra determinados tipos de inimigos que possuem fraqueza contra certo elemento, quebrando sua defesa e tornando a eliminação mais fácil.


O herói também conta com quatro habilidades especiais desbloqueadas com pontos de experiência, que podem causar dano em área, alto dano com rajadas de tiros ou fazer Quill sobrevoar o campo por um período. Todas as habilidades possuem o tempo de recarga compartilhado, então deve-se saber usá-las muito bem de acordo com a situação do combate.

Nos momentos em que os Guardiões estão com problemas para derrotar a horda de inimigos, podemos utilizar o Agrupamento. Este especial interrompe o combate e reúne o time para que seu líder possa motivá-los. Há duas opções de falas de incentivo de acordo com os comentários dos parceiros de equipe. Uma das falas irá incentivá-los, concedendo reforços a todos os membros, e a outra não será muito motivadora, o que irá fornecer reforço apenas ao Senhor das Estrelas. A ideia é boa, mas a execução não tanto, pois a interação é muito demorada e interrompe o combate por um tempo desnecessário.


Apesar de ter um grande leque de habilidades e formas de combater seus inimigos, Quill causa pouco dano na maioria deles, e é aí que os demais Guardiões entram. Por meio de uma roda de seleção, podemos enviar comandos para os demais membros da equipe executarem durante o combate. Os personagens também ganham novas opções de ataques durante a campanha, tornando as lutas bastante dinâmicas.

Cada membro do grupo tem sua especialidade: Gamora e Drax possuem fortes ataques físicos, Rocky realiza ataques à distância e Groot dá suporte prendendo inimigos com suas raízes. Fora de combate, os heróis também possuem habilidades que auxiliam na exploração de cenários: Rocky pode entrar em lugares apertados, Groot cria pontes, Gamora nos impulsiona a lugares mais altos e Drax carrega itens pesados e quebra paredes e chão para liberar e criar passagens. A inteligência artificial dos NPCs da equipe funciona muito bem na maior parte do tempo, mas houve momentos em que eles ficaram parados caso eu não enviasse um comando de ataque especial.


Após tantos detalhes, parece que a jogabilidade pode ser difícil ou confusa, com tantas opções de comandos a serem executados. No começo pode ser assim mesmo, mas não demora para nos acostumarmos com tantos combates que acontecem durante o caminho. Conforme liberamos novas habilidades para os personagens, a gameplay fica bastante dinâmica e cabe ao jogador pensar rápido para usar as melhores técnicas de acordo com a situação da batalha e realizar combos ou mandar o grupo executar suas técnicas mais fortes.

A forma como a jogabilidade foi implementada reforça ainda mais a escolha da Square Enix e da Eidos-Montréal de fornecer uma experiência single player com foco apenas em um Guardião. Peter Quill possui um papel enorme, tanto na história quanto como líder da equipe, e os comandos aos colegas de equipe evidenciam isso, algo que seria perdido se houvesse um modo multiplayer ou pudéssemos jogar com qualquer membro do time livremente.

Trilha sonora e exploração na medida certa!

Agora precisamos falar do ponto mais forte de Marvel's Guardians of the Galaxy: a trilha sonora. Em diversos momentos iremos escutar alguns dos maiores clássicos do rock e pop dos anos 80. Desde Rick Astley, passando por Pat Benatar, KISS, Bonnie Tyler e Billy Idol. As 30 músicas podem ser ouvidas a bordo da Milano durante momentos específicos da campanha ou ao ativar o especial do Agrupamento, deixando o combate ainda mais divertido. Para fãs dessa época, a playlist, que está disponível no Spotify, é um prato cheio.

Além disso, também foram criadas músicas autorais para o jogo. As dez músicas originais são performadas pela banda fictícia Star-Lord Band, que Peter Quill escutava em sua adolescência e usou como seu codinome de herói. As canções, voltadas ao metal, são ótimas criações de Steve Szczepkowski, Diretor de Áudio do game. Após o lançamento, as músicas da Star-Lord Band também estarão disponíveis online.


A campanha é totalmente linear, sem opções de ordem de missões ou lugares a visitar. A exploração é bastante básica: temos um caminho padrão a seguir e, em alguns momentos, podemos desviar um pouco do trajeto para procurar por colecionáveis, recursos, que possibilitam adquirir melhorias, ou trajes para os heróis.

Os conjuntos de uniformes contam com designs originais criados para o jogo, além de peças já vistas em HQs e os visuais do primeiro filme. As escolhas dos desenvolvedores para os trajes padrão dos heróis não agradou muito aos fãs, principalmente o do Drax, mas nada que uma boa exploração para encontrar novos uniformes não resolva.


Os gráficos impressionam, principalmente nas cutscenes e nos ambientes cheios de detalhes. Já algo que não agrada muito é a movimentação dos personagens, muitas vezes não muito natural. Chega a ser engraçado ver apenas os braços do Senhor das Estrelas, e não o corpo todo, em um ângulo surreal simplesmente porque ajustamos a câmera para atirar em algum elemento da tela.

Alguns bugs gráficos e de áudio acontecem, como ficarmos presos em alguma parte do cenário, uma fala de outro personagem travando ao interagirmos com algum item ou uma demora na renderização de algum elemento. Como tivemos acesso antecipado ao jogo, esses são problemas que podem facilmente ser resolvidos nos primeiros patches pós-lançamento.

A dublagem é outro ponto que merece destaque. Além dos heróis ganharem as mesmas vozes do filme na versão brasileira, o trabalho de dublagem foi muito bem feito para todos os personagens, garantindo que eles tenham suas personalidades muito bem exploradas e definidas.

Bom para um flarc!

Apesar de ser anunciado na sombra do fracasso do jogo dos Vingadores, Marvel's Guardians of the Galaxy acerta em todos os pontos em que o título desenvolvido pela Crystal Dynamics errou. A escolha de fazer um game apenas single player, totalmente linear e completo em seu lançamento, sem qualquer DLC previsto, é justificada com um ótimo enredo focado no Senhor das Estrelas, mas que ainda explora a história dos demais membros da equipe e uma jogabilidade divertida baseada em liderança.

O título é repleto de fan service, com referências a outros personagens e sagas da Marvel, e conta com uma das melhores trilhas sonoras no mundo dos jogos eletrônicos. Sem dúvida, uma experiência que traz o melhor do grupo mais desajustado de heróis dessa galáxia!

Prós

  • Ótimo enredo;
  • Jogabilidade divertida;
  • Trilha sonora e dublagem excelentes;
  • Ótimos gráficos;
  • Repleto de fan service muito bem-feito.

Contras

  • O especial de Agrupamento é muito demorado, quebrando a ação frenética do combate;
  • Movimentação um pouco estranha;
  • Em muitos momentos, as escolhas não têm impacto significativo na história.

Marvel’s Guardians of the Galaxy - PC/PS4/PS5/XBO/XBX/Switch
Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS5

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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