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Análise: TOEM (Multi) é uma simpática aventura de fotografia em um mundo monocromático

Tire belas fotos e ajude personagens pitorescos neste ótimo título indie.


TOEM é um daqueles jogos que nos convida a relaxar em uma carismática e suave experiência. Com uma câmera na mão, desbravamos um mundo repleto de personagens e localidades peculiares em que tirar fotos é a solução para a maioria dos problemas. A temática descomplicada, o ritmo tranquilo e uma direção de arte monocromática charmosa tornam essa viagem bastante agradável.

Em uma excursão fotográfica

Um fenômeno mágico chamado TOEM acontece no pico mais alto de uma montanha e você decide sair em uma expedição para ver o evento de perto. Para chegar até lá, será necessário passar por várias localidades. Pensando na bela viagem que vem pela frente, sua avó te dá um presente: uma câmera analógica para registrar as experiências que podem aparecer pelo caminho.


Um ônibus é o meio de transporte neste mundo, e sua forma de pagamento é bem inusitada. Para conseguir uma passagem para o próximo destino, precisamos preencher um cartão, que é carimbado ao ajudar as pessoas da região. Sendo assim, para prosseguir, é necessário obter uma quantidade mínima de carimbos. Além disso, a curiosidade também é uma motivação: afinal, do que se trata o tal fenômeno mágico? Só chegando ao final da jornada para descobrir.

O ato de fotografar está no centro da maioria das atividades de TOEM. Boa parte dos personagens solicitam fotografias específicas: o dono de um hotel quer uma foto ampla de seu estabelecimento, crianças procuram a localização de plantas na floresta, um biólogo quer o registro de um inseto raro. O desafio, então, está em conseguir fazer a imagem corretamente, afinal nem sempre a solução é trivial. Às vezes, os pedidos são um pouco enigmáticos, então precisamos de observação e experimentação para conseguir as fotos.


Fora isso, há situações pelo caminho que exigem outras ações para serem resolvidas, como se fossem pequenos puzzles. Para reunir um grupo de porcos-espinhos, por exemplo, é necessário encontrá-los nos cenários e apontar a câmera para assustá-los — eles são tímidos e não gostam de olhares intensos. Em uma metrópole, recebemos a tarefa de encontrar clientes para uma lanchonete e para isso usamos um chapéu divertido para chamar a atenção das pessoas.

Durante as viagens, encontramos diferentes itens de vestuário, como chapéus e calçados. Além de deixarem o personagem estiloso, muitos desses objetos têm alguma função. Um par de óculos escuros permite enxergar fantasmas, para escalar paredes em uma geleira é necessário calçar botas de alpinismo, com um escafandro é possível explorar o fundo do mar. As vestimentas também liberam áreas diferentes: somente jornalistas podem entrar em um desfile de moda, já uma festa de música eletrônica só aceita pessoas estilosas.



Usando um olhar atento para resolver casos peculiares

TOEM me conquistou com seu conceito simples e execução charmosa. Seu mundo nos convida a fotografar constantemente com cenas curiosas, personagens pitorescos e belos cenários. Foram vários os momentos que simplesmente tirei fotos por achar que a cena era bonita ou interessante, e alguns recursos, como um tripé e a opção de tirar selfies, me fizeram sentir que eu estava dentro daquele mundo. O álbum de fotos, no fim, acabou sendo um interessante diário da minha viagem. Na versão para PC, inclusive, as fotos ficam guardadas em uma pasta e podem ser facilmente compartilhadas.


Além do foco em fotografia, TOEM tem alguns puzzles simples e agradáveis que usam os recursos de maneiras interessantes. Para fazer o registro de um monstro do esgoto, por exemplo, precisamos armar o tripé, nos esconder e ativar a câmera a distância. Durante uma tempestade, utilizamos o zoom da câmera para identificar navios presos em um recife. Há até um toque surreal com cubos mágicos escondidos que alteram os cenários de alguma maneira. Experimentação e capacidade de observação são qualidades necessárias para resolver os enigmas.

A aventura é bem dosada e dura por volta de três horas. Há bom conteúdo opcional, como preencher um álbum de criaturas, tirar fotos de pontos turísticos, completar diferentes desafios fotográficos ou liberar diferentes conquistas. Gostei tanto deste mundo que fiz o máximo que consegui, porém achei que alguns desafios têm descrição vaga demais, tornando as suas soluções um pouco frustrantes. Por sorte, é perfeitamente possível ignorar algumas tarefas e seguir em frente.



O carisma de um universo monocromático

A atmosfera tranquila, bem humorada e sem violência de TOEM me cativaram. Pelo caminho, me envolvi em situações inusitadas que trouxeram um sorriso para o meu rosto. Em uma grande metrópole, precisei encontrar um lugar calmo para sair em um encontro com um simpático fantasma. Em uma praia, recebi a tarefa de encontrar um hipopótamo tímido. Nas minhas andanças, também ajudei uma influencer a tirar boas fotos para as suas redes sociais. Uma das missões mais estranhas envolvia encontrar um balão que perdeu sua festa de aniversário ao ser levado pelo vento.


Outro ponto notável é o mundo do jogo, que é composto de áreas que lembram pequenas maquetes. Há detalhes em todos os cantos e alguns elementos só podem ser vistos enquanto empunhamos a câmera, o que nos incentiva a usá-la constantemente. O visual é completamente monocromático, o que traz um charmoso ar retrô ao universo do título — é impressionante como a beleza consegue ser retratada com a ausência de cores. O tom é tão suave que muitas vezes sentei em algum dos vários bancos espalhados pelos cenários e observei calmamente a paisagem.

Uma trilha sonora calma, que toca direto do walkman do protagonista, complementa a atmosfera relaxante. Novas fitas com músicas são adicionadas conforme avançamos e podemos escolher a qualquer momento qual faixa queremos ouvir. No entanto, o áudio é inconstante e às vezes tudo fica completamente silencioso, sendo necessário escolher outra música manualmente no menu, quebrando um pouco a imersão.



Um passeio encantador

TOEM usa o ato de fotografar para criar uma aventura suave e cativante. É bastante agradável desbravar pequenos cenários monocromáticos para conseguir tirar diferentes fotos e ajudar personagens peculiares, em tarefas que combinam observação e puzzles. Além disso, a atmosfera tranquila e bem humorada nos convida a relaxar e a aproveitar as belas vistas e situações inusitadas. A progressão livre nos permite avançar no nosso ritmo, mas algumas tarefas atrapalham um pouco por serem vagas demais. No fim, TOEM é uma viagem breve e charmosa que vale a pena ser experimentada.

Prós

  • Mecânicas simples focadas em tirar fotos e fazer diferentes tarefas;
  • Progressão ágil e com várias atividades divertidas para descobrir;
  • Ambientação aconchegante com vários personagens carismáticos e visuais monocromáticos.

Contras

  • Algumas missões têm descrição vaga demais;
  • Trilha sonora inconstante.
TOEM — PC/PS5/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Something We Made

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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