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Análise: Sonic Colors: Ultimate (Multi) é interessante, mas não arrisca grandes coisas

O remaster traz um dos títulos mais positivos da era 3D do mascote da Sega, sem prometer inovações significativas e apostando em melhorias pontuais.

2021 foi o ano de aniversários simbólicos para muitos personagens e franquias. Entre eles, o icônico Sonic chegou às suas três décadas de vida. Para celebrar esse número cabalístico, a Sega incubiu a Blind Squirrel Games de fazer um remaster de um dos títulos do ouriço azul. Dessa maneira, foi anunciado Sonic Colors: Ultimate (Multi), uma versão melhorada do jogo lançado em 2010 para Nintendo Wii.

O Parque das confusões

A história de Colors é centrada em mais uma tentativa maluca do Dr. Ivo “Eggman” Robotnik de dominar a galáxia. Dessa vez o gênio do mal decide criar um parque de diversões, o Dr. Eggman's Incredible Interstellar Amusement Park, com atrações do tamanho de planetas.

Na verdade tudo isso é uma enorme fachada para canalizar a energia de pequenos seres alienígenas, os Wisps. Essa concentração energética serviria para ativar um poderoso canhão. Como de costume, Sonic desconfia e, com a companhia de Tails, parte para desmascarar o plano do vilão. A diferença desse título para os demais são os próprios Wisps, que vão sendo libertados e ajudam nosso velocista a progredir pelas fases, lhe emprestando alguns poderes por um curto espaço de tempo.

Suas diferentes cores indicam que tipo de habilidade Sonic terá: o amarelo faz com que ele vire uma furadeira gigante e acesse caminhos subterrâneos; o rosa o transforma em uma bola de espinhos que pode se fixar nas paredes e no teto; e o esverdeado (“teal” no original e traduzido ao pé da letra para “azul-petróleo”) faz com que Sonic se projete como um laser, abatendo qualquer inimigo pelo caminho e se locomovendo por prismas espalhados pelo cenário. Com esse reforço, o herói azulado desbravará os seis “planetas-atrações” para desmantelar os geradores escondidos de Eggman. 

O andamento do jogo se manteve o mesmo. Cada planeta conta com sete estágios, sendo seis trajetos e um chefe, nos quais nosso tempo de conclusão é avaliado com notas que vão de D (muito lento) a S (o melhor possível). Também estão presentes os anéis vermelhos, que devem ser coletados pelas fases. Nem sempre é possível pegá-los de primeira, mas os níveis são livres para ser revisitados após novos Wisps serem desbloqueados, o que aumenta consideravelmente o fator replay.

A jogabilidade de Sonic também é a mesma do Colors original. Nos deslocamos com velocidade pelos trajetos abertos, podendo atingir a velocidade máxima com o boost. Além disso, existem os trechos de plataforma, que são atravessados com pulos simples ou duplos. A única mecânica presente que envelheceu mal e merecia um ajuste é a de grudar nas paredes, a qual usamos para ascender por espaços estreitos. Seu uso é meio impreciso e por vezes irritante. 

Também está presente o Game Land, local que traz uma espécie de pequenos desafios, como se Sonic controlasse a si mesmo em uma simulação virtual. São sete áreas, cada uma com três fases. Ao concluir todas as etapas de uma área, conseguimos uma esmeralda do caos, e reunir as sete nos permite realizar a transformação em Super Sonic. Para liberar cada etapa dessa simulação, devemos reunir os anéis vermelhos dos estágios principais, e ao atingir determinados números, recebemos um aviso de que uma nova simulação está disponível.

Um detalhe específico do Game Land é que no original, lançado para o Wii, era possível que o jogador usasse seu Mii personalizado nesse local específico. Como desta vez o remaster está disponível para outras plataformas, o avatar foi substituído por uma espécie de mini Sonic robotizado.

Não tão Ultimate

Se a estrutura de Sonic Colors está intacta, então o que mudou de fato para gerar uma versão Ultimate? Na verdade, ocorreram algumas adições bem pontuais sim, mas nada que cause uma extrema comoção. O principal foi o incremento visual que as fases receberam para rodar a 60 frames por segundo em alta resolução, além de novos efeitos de luz, o que deixou tudo bem mais bonito, mas nada de outro mundo. Inclusive, no meio de alguns trechos acontecem quedas de frames bem pontuais. Não são discretas, mas também não atrapalham a experiência.

Entretanto, se as fases receberam esse tratamento especial, o mesmo não pode ser dito das animações. Mesmo contando com a dublagem característica dos personagens principais e uma série de piadas do Sonic que o classificam como o “tiozão do pavê dos games”, as cutscenes infelizmente não tiveram melhora alguma, ainda mantendo o aspecto das gerações (ultra)passadas.

Outro ponto curioso é a trilha sonora. Ela também foi remasterizada, mas seu uso é alternado com a original. Das seis fases de corrida de cada planeta, as três primeiras tocam a nova versão, enquanto as três últimas tocam a antiga. Isso acaba evidenciando que a antiga ainda continua superior em matéria de se adequar à vibe do jogo, por mais que os novos arranjos sejam interessantes. Não é possível nem fazer a escolha de qual versão será tocada.

Além das atualizações visuais e sonoras, foi adicionado o Boss Rush, que trata-se de uma série de corridas contra o Metal Sonic. Cada planeta tem uma corrida e elas são liberadas após coletarmos um certo número de anéis vermelhos. A questão aqui é que cada uma dessas disputas é feita em uma das fases que já foi concluída. Seria mais notável fazer um trajeto único para cada corrida, com novos obstáculos e visuais, do que utilizar os já existentes. Ainda assim, não deixa de ser um acréscimo bacana para aumentar o fator replay.

Um novo Wisp também foi adicionado, o de cor jade. Sua primeira aparição foi em Team Sonic Racing (Multi) e ele transforma Sonic em um fantasminha que pode se deslocar por portais específicos e acessar áreas escondidas. É interessante, mas não tem um destaque tão grande quanto os já existentes.

É possível customizar nosso corredor alterando a cor de suas luvas, tênis, dos efeitos visuais de corrida e da sua aura. Todos esses elementos podem ser adquiridos com moedas especiais conseguidas nas fases e não passam de itens cosméticos. É bacana a ideia de fazer estas alterações pontuais, mas elas pouco aparecem durante a jogatina. 

Por fim, mais um adendo: a navegação pelo menu de customização, que reúne informações como o tempo de cada fase, quantas esmeraldas foram coletadas e uma galeria de sons e animações, dá uma engasgada sempre que trocamos de aba. Logo, isso desmotiva ainda mais o uso desse recurso.

Novas cores, mesmos sabores

Sonic Colors: Ultimate é um remaster até que bacana para celebrar os 30 anos do mascote da Sega. A escolha do título para trazer Sonic a esta geração de consoles foi acertada, mas seu remaster tem defeitos questionáveis que mostram que o projeto merecia um tratamento melhor. Enquanto um novo título não chega, Ultimate serve para acalmar os corações que desejavam o retorno do ouriço azul mais veloz dos games.

Prós

  • As fases ficaram com um belos visuais;
  • Mesmo com seus 10 anos de vida, ainda se mostra um título muito bom;
  • Alto fator replay;
  • Adição do modo Boss Rush.

Contras

  • As trilhas sonoras novas são boas, mas as antigas continuam melhores;
  • Cutscenes não receberam melhora alguma;
  • A jogabilidde tem pontos de imprecisão;
  • Customização não é tão interessante;
  • Menus com momentos de travamento;
  • Quedas pontuais de frames.
Sonic Colors: Ultimate — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital adquirida pelo redator


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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