Blast Test

Impressões: Phantom Abyss (PC) — escapando de um templo repleto de perigos

Desvende os segredos de um antigo templo protegido por um guardião e uma série de armadilhas letais.



Em Phantom Abyss, controlamos uma aventureira desconhecida que se vê presa dentro de um antigo templo. Para escapar dele, teremos que juntar relíquias antigas capazes de nos levar até a saída. O título faz uso desse conceito para trazer a antiga experiência de percorrer locais desconhecidos repletos de armadilhas escondidas com o uso de geração de mapas de forma procedural e de câmera em primeira pessoa, trazendo uma percepção diferenciada de outros jogos do tipo. A jogabilidade durante a exploração é o grande chamariz neste Acesso Antecipado, que tem grande potencial de cativar os jogadores que curtem essa proposta que mescla aventura e plataforma.

Se aliando a antigas divindades

O jogo poupa grandes introduções a fim de incrementar a atmosfera misteriosa. Iniciamos a jornada já dentro de um templo com traços da civilização Inca. Ao caminhar pelo local, rapidamente nos deparamos com uma estátua de um deus que diz estar aprisionado ali. A entidade propõe uma aliança: a protagonista deverá utilizar suas habilidades na exploração do templo em busca de poderosas relíquias, enquanto a divindade irá canalizar a energia dos artefatos coletados e liberar a saída para ambos. 




Confesso que a personalidade da divindade não me passou confiança suficiente a ponto de ficar tranquilo com relação a parceria estabelecida, mas já que estamos ali, vamos aproveitar a jornada. Por estar em Acesso Antecipado, não há grandes desfechos de roteiro, tirando o momento quando consegui minha primeira relíquia, liberando um novo diálogo com a figura mitológica. Ainda assim, achei que esse aspecto foi suficientemente explorado devido à proposta principal do jogo, que é se aventurar pelos labirintos dos templos.

Bancando o Indiana Jones

Ao passar pelo gigantesco totem do antigo deus, nos deparamos com uma série de pequenos altares que guardam os tesouros e acessórios encontrados. Esse último, em especial, está relacionado ao nosso fiel e indispensável chicote. Antes de adentrar no portal, precisamos equipar essa ferramenta essencial e, a partir daí, a entrada é liberada e estamos livres para explorar. 




Durante a tela de carregamento, um mapa pouco detalhado nos dá ciência da direção que estamos seguindo na aventura e, conforme avançamos, uma linha tracejada marca nossa passagem pelos mapas concluídos. O templo é dividido em andares, sendo cada um deles gerado de forma aleatória, o que ajuda a dar uma sensação de renovação a cada tentativa. 

Cada andar traz um caminho com passagens abarrotadas de armadilhas, dentre elas: espetos escondidos no chão, pisos falsos e rochas que despencam do teto. A variedade é considerável, mas a curva de aprendizado é feita de maneira muito tranquila em um tutorial bem explicativo. Adicionalmente, os primeiros andares de cada jogada contam só com as armadilhas, o que permite que iniciantes andem com calma pelo mapa e aprenda o comportamento de cada ameaça.




A partir do segundo andar, a experiência fica ainda mais tensa, pois é nele que passamos a ser perseguidos pelo guardião do templo, uma espécie de entidade que aparece na forma de uma máscara inca gigantesca. Em minhas jogadas, me deparei com três versões delas: uma vermelha, que te segue como um míssil teleguiado; a verde, que cospe bolhas que tornam o ar venenoso ao explodirem; e a azul, que dispara raios de calor. A cada andar concluído, elas recebem um acréscimo em sua forma de ataque, como um maior número de bolhas venenosas no caso do guardião verde.

Para escapar de tantos perigos, contamos com uma série de movimentos fundamentais na evasão e transposição de obstáculos. No tutorial aprendemos a correr, saltar, deslizar pelo chão, rolar a fim de evitar danos por quedas elevadas e o já mencionado chicote, que pode ser utilizado como uma espécie de “gancho” para alcançar locais distantes.




Antes de começar, recebemos a informação de quantos jogadores pereceram no local. Eles nos acompanham na forma de fantasmas, repetindo suas jogadas até o momento em que fracassaram. Mesmo sendo uma espécie de replay de uma jogada passada, fica uma forte sensação de estarmos jogando com outras pessoas em tempo real. A presença deles traz a oportunidade de aprender com os erros que eles cometeram e também acessar os baús secretos que eles encontraram. Em contrapartida, em alguns casos peguei mapas com até quatorze fantasmas, o que gerou uma enorme poluição visual e atrapalhou na hora de desviar de obstáculos. Uma boa alternativa para essa situação seria aumentar a transparência desses fantasmas ou estabelecer um limite máximo em cada partida.

Ao concluir um andar, podemos acessar altares da divindade que encontramos no começo da campanha que nos permitem comprar benefícios ao custo de moedas localizadas nos baús espalhados pelo templo. Esses aprimoramentos podem ampliar as capacidades de nossa explorada ao conceder um pulo duplo, disparar o chicote com maior velocidade ou até mesmo restabelecer uma das três vidas perdidas durante a rodada anterior. É importante escolher bem como comprar essas melhorias, pois o preço delas recebe aumento progressivo a cada compra, e conforme avançamos pelo templo fica cada vez mais complicado desviar o caminho em busca de tesouros escondidos.




Alcançando a última parte de determinado templo, nos deparamos com uma bifurcação no caminho que nos leva a escolher entre abrir o portão para o próximo templo que conta com recompensas melhores ou se contentar com a relíquia inferior do templo atual, ingressando no andar em que ela se encontra guardada. Coletar o artefato encerra a partida e nos leva de volta ao salão principal onde está a estátua do deus misterioso. 

O tesouro resgatado fica em exposição em um dos pequenos altares, e a divindade consegue extrair seu poder e nos presentear com um novo chicote. A nova versão trará sempre uma vantagem e uma desvantagem, no meu caso, ele me concede cura contínua ao ficar perto do fantasma de outros jogadores enquanto que drena metade de um coração de vida ao comprar benefícios no final de cada andar. É uma mudança que permite uma nova estratégia de jogo enquanto instiga minha curiosidade a respeito das diferentes versões do chicote.
Alguém chama um exorcista?
De maneira geral, a experiência em Phantom Abyss encontra seu maior destaque em sua jogabilidade. Ela é capaz de conferir tensão e adrenalina em cada corrida pelo labirinto. Você não é obrigado a passar todo o mapa correndo, mas é como se o jogo pedisse por essa velocidade. Algo semelhante aos jogos do Sonic em que andar devagar confere maior segurança e atenção a locais secretos, mas, instintivamente, correr proporciona uma diversão maior. Isso fica ainda mais acentuado a partir do momento que somos perseguidos pelos guardiões, que trazem consigo uma trilha sonora que aumenta a sensação de desespero por ter uma criatura mortal em seu encalço.

Sobreviver às ameaças é um desafio instigante e elevado já que as armadilhas tendem a se combinar cada vez mais nos andares avançados. Isso requer muita prática até se afeiçoar com as nuances do cenário, mas é algo que fica longe de ser cansativo. É divertido procurar formas mais eficientes de passar por cada situação de perigo e a presença dos fantasmas dão uma sensação de companhia e aprendizado, o que torna esse processo ainda mais agradável.




Em fase de construção

O Acesso Antecipado conta com três modos de jogo diferentes, o primeiro deles é o convencional single player que nos coloca na corrida pelos templos na companhia dos fantasmas de outros jogadores.Já um segundo modo, ao que me parece, permite convidar outra pessoa para ingressar na partida. Isso foi algo que deduzi em sua descrição, pois junto com ela vem um aviso de que algumas pessoas estavam perdendo a chave de acesso ao testar essa funcionalidade, o que me levou a evitá-lo.
"Estamos em obras para melhor atendê-los"

Existe uma terceira opção que permite interagir com uma partida anteriormente perdida. É gerado um código de acesso com a finalidade de desafiarmos outros jogadores a vencer o local e, caso eles aceitem e saiam vitoriosos, os recursos perdidos retornam para o nosso personagem. É uma forma de aumentar a interação na comunidade.

Uma adição interessante para o futuro seria um editor de mapas, permitindo que os jogadores criem seus próprios templos e compartilhem com os outras pessoas, aumentando ainda mais o engajamento e tempo de vida do título.




Explorar templos nunca foi tão divertido

Phantom Abyss tem potencial para entrar na lista dos melhores títulos do gênero aventura e plataforma. Os clássicos Sonic e Prince of Persia se misturam em uma experiência tensa e empolgante com visão em primeira pessoa. Desvendar os segredos dos templos e escapar de seus perigos é algo desafiador, mas sem deixar de ser convidativo a diferentes níveis de afinidade de cada jogador com o esse estilo de jogo. Algumas questões precisam de ajustes, como a poluição visual causada pelo excesso de fantasmas e o ajuste do modo multiplayer. Mesmo assim, já em sua versão inicial, o título é capaz de entreter de forma muito satisfatória, o que só aumenta as expectativas em relação à versão final.




Revisão: Farley Santos
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Devolver Digital

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google