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Análise: Mighty Goose (Multi) traz ação intensa em um extravagante run and gun

Este jogo independente oferece uma experiência arcade intensa e simples.


Um ganso caçador de recompensas é o protagonista de Mighty Goose, título indie de tiro e ação 2D. Claramente inspirado em clássicos run and gun, o jogo nos convida a explodir todo tipo de obstáculo que aparece pelo caminho em uma experiência arcade de tirar o fôlego. Além disso, o universo cativa com sua temática cartunesca, situações absurdas e vibrante visual em pixel art. Às vezes o caos extremo e a simplicidade incomodam, mas, no geral, é uma aventura divertida.

Um ganso armado em uma caçada pelo espaço

Uma figura nefasta conhecida como Void King deseja dominar a galáxia. Para isso, ele utiliza um exército de monstros mecanizados para espalhar o terror por onde passa. O único que parece ser capaz de enfrentá-lo é Goose, um ganso caçador de recompensas que é considerado um dos melhores do universo. Sendo assim, o inusitado herói precisa explorar inúmeros planetas em busca do tirano.

Mighty Goose é um run and gun bem tradicional. No controle do ganso com armadura, precisamos avançar por estágios 2D repletos de inimigos. Além de usar sua arma para atacar, a ave também é capaz de usar um movimento de rolar para escapar de tiros e armadilhas. Pelo caminho, há várias armas com munição limitada, como metralhadoras, escopetas e armas de choque, e também alguns veículos poderosos. Curiosamente, alguns desses itens podem ser comprados instantaneamente durante os estágios com moedas obtidas ao derrotar inimigos.


Goose conta com alguns recursos valiosos para enfrentar as hordas de capangas de Void King. O mais importante deles é o Modo Mighty, um estado especial que pode ser ativado após preencher uma barra. Enquanto ele está ativo, o ganso não recebe dano e suas armas ficam mais poderosas. A duração do Modo Mighty é reduzida, mas faz diferença se utilizado no momento correto.

Conforme avançamos na jornada, são desbloqueados elementos de customização. As habilidades alteram características de Goose, como aumentar sua velocidade ou estender a duração do Modo Mighty, e cada uma delas tem um custo para ser equipada. O herói pode levar consigo uma arma secundária com munição que recarrega automaticamente, como esferas explosivas ou um grasnar capaz de refletir projéteis. Por fim, podemos escolher um aliado para acompanhar o herói, cada qual com usos distintos. Esses recursos trazem leves elementos estratégicos ao jogo, embora eu tenha achado tímido o impacto deles nas partidas.
 


Tiros, robôs, tanques e bombas em fases intensas

Mighty Goose tem um único objetivo: oferecer ação frenética e descomplicada. É bastante divertido controlar o ganso caçador de recompensas para promover destruição pelos estágios, principalmente por causa do conceito principal simples de andar e atirar. Armas poderosas, veículos exagerados e alguns inimigos imensos ajudam a manter a sensação constante de caos, o que é bem característico do gênero run and gun.    

Enfrentar o exército de Void King não é um passeio pelo cosmos. Muito pelo contrário. Goose é mais frágil do que parece, recebendo dano com facilidade dos ataques dos inimigos. Sendo assim, para sobreviver, é essencial ficar atento às investidas dos inimigos e abusar do movimento de esquiva e do Modo Mighty. A destreza é especialmente necessária nos confrontos contra os chefes: eles costumam ser imensos e contam com ataques mais elaborados, muitas vezes chamando mais inimigos comuns. Inúmeras vezes eu morri por ser afobado e não tomar cuidado, o que significou refazer trechos dos estágios após ser derrotado — é algo frustrante, mas a curta duração das fases ameniza essa sensação.


Os estágios, em sua maioria, são bastante lineares, bastando seguir para a direita atirando em tudo. Em alguns poucos momentos, é necessário desviar do caminho principal para abrir uma porta ou elevador, o que mal altera o ritmo da progressão. Veículos e alguns poucos segredos estão escondidos em áreas de difícil acesso, mas não chegam a ser um grande incentivo para investigar com cuidado as fases. Entendo que a proposta do jogo é justamente essa, porém senti que faltou maior diversidade: há poucos tipos de inimigos e muitas situações se repetem constantemente (como as arenas com vários oponentes).

Mesmo assim, apreciei bastante a ação exagerada de Mighty Goose, principalmente nos momentos mais malucos. Em um planeta desértico, usei uma moto para escapar de uma imensa serpente mecânica. Já em uma fábrica abandonada, fatiei ondas de inimigos com um robô fortemente inspirado em um dos mechas do anime Gurren Lagann. Ao explorar uma prisão, saltei e atirei para baixo para flutuar e evitar buracos. No controle de um caça no espaço, detonei máquinas em um trecho shoot ‘em up. É tudo meio simples, mas é também divertido e hipnotizante preencher a tela com explosões e balas.
 


Beleza carismática e caótica

Um ganso caçador de recompensas não é a única loucura de Mighty Goose: a atmosfera do jogo é extravagante e divertida, lembrando um desenho animado pastelão. Os poucos personagens são carismáticos e expressivos, especialmente nas elaboradas cenas não interativas. Já o narrador parece ter vindo diretamente de Metal Slug com falas icônicas como “mission start” e “machine gun”. E, claro, a zoeira não estaria completa sem um botão dedicado a grasnar — não serve para nada, mas não deixa de ser divertido (e irritante) ficar fazendo barulho.


Visualmente, o universo é construído com belíssimo pixel art que remete aos títulos da era 32 bits, com animações exageradas e muita cor. A ação é repleta de efeitos, como distorção de cor durante as explosões, inúmeras partículas na tela e câmera lenta nos momentos mais intensos. O resultado é impressionante, com várias cenas recheadas de elementos na tela e ação estilosa. Uma trilha sonora agitada com toques de jazz fusion complementa o tom animado das partidas.

No entanto, frequentemente a quantidade de elementos ultrapassa o aceitável: é tanta coisa na tela que é difícil entender o que está acontecendo. Por causa disso, durante a jornada, foram inúmeras as vezes em que fui atingido ou morri sem saber exatamente o motivo — algo frustrante em certos estágios com trechos longos. Há opções para reduzir alguns efeitos visuais, mas isso só atenua um pouco o problema. Particularmente, acredito que o jogo seria mais agradável com menos efeitos e partículas nos embates.
 


Destruição vigorosa e agradável

Mighty Goose empolga com sua proposta run and gun com pegada arcade. É difícil não se divertir ao controlar um ganso caçador de recompensas por estágios repletos de situações intensas com muitos tiros e explosões. Não só isso, o jogo cativa também com sua atmosfera colorida e carismática que remete aos clássicos da era 32 bits. As mecânicas são descomplicadas e acessíveis, porém a simplicidade chega a incomodar, assim como o caos visual extremo em alguns momentos. No mais, Mighty Goose entrega o que propõe: uma experiência frenética e breve.

Prós

  • Ação run and gun descomplicada e intensa;
  • Ambientação divertida com personagens caricatos e ótimo visual em pixel art.

Contras

  • Caos visual deixa a ação confusa com frequência;
  • Desenho de níveis simples demais.
Mighty Goose — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela PLAYISM

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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