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Análise: Luna (Multi): aceitando os erros e mudanças

Em forma de fábula, esta experiência sensorial repleta de reflexões permite a apreciação das mudanças e dos aprendizados a partir dos nossos erros.



Desenvolvido pelo estúdio Funomena, Luna (Multi) surpreende pela jogabilidade intuitiva que permite ao jogador uma experiência bastante livre, cheia de descobertas e reflexões despretensiosas, mas que nos tocam profundamente.


Há um tempo acabei comprando um bundle cheio de jogos indies muito bem recomendados e entre eles estava Luna, um indie premiado que até então eu não tinha jogado. Recentemente resolvi dar uma olhada na lista e a capa do jogo me chamou a atenção: um passarinho vermelho encarando a lua. Sem ver trailer algum ou saber o que esperar, fiz o download.

O desabrochar da jornada

Logo no início, Luna chama a atenção com o cursor que se transforma em uma luz cheia de brilho e movimento. Com alguns pequenos ajustes feitos nas configurações em relação à sensibilidade do mouse, dei início à história.

Transportada para uma cena que desabrochou de dentro de um botão de flor, fui surpreendida com um cenário que parecia ter sido composto por colagens com pinturas feitas à mão com esculturas de papel machê. Eu estava dentro daquele pequeno universo dividindo o mesmo espaço com um pequeno passarinho em seu ninho.

A história começa quando uma coruja visita o bichinho vermelho e o convence a engolir o último pedaço da lua, causando uma tempestade que arrasta a pequena ave para muito longe de seu lar. Perdido e sem algumas memórias, a missão do jogador é desvendar os puzzles para que nosso protagonista possa encontrar seu caminho de volta para casa.

Luna

Em fases, como a lua

Os puzzles de Luna apresentam padrões semelhantes e se dão em quatro fases até o jogo ser concluído. Embora se repitam no formato, acabam trazendo novidades a cada avanço que o jogador faz na história.

Para começar, o passarinho fica perto de uma planta e canta um padrão musical. É preciso dizer que essa é uma das partes mais deliciosas do jogo. Cada som descoberto no ambiente é relaxante e nos aproxima ainda mais da história, sem poluir o ambiente e integrando as interações com os elementos à narrativa.

Luna



Após reproduzir as notas tocadas, uma constelação é revelada. Nosso trabalho aqui é arrastar as estrelas ao lugar certo de modo que uma imagem seja formada, sendo necessário rotacionar algumas vezes a constelação.

Depois de revelar cinco imagens, um novo cenário é desabrochado. Nessa etapa, o jogador não somente interage com o mundo de Luna, mas também o transforma da maneira como desejar. Adicionando arbustos, árvores, cogumelos etc., pude escolher onde colocar cada elemento, personalizando seus tamanhos, formatos e cores.

Conforme a cena é elaborada, partes do cenário vão ganhando vida. Peixes, libélulas, joaninhas, sapos… Vários seres se juntam ao passarinho e ao animal que foi revelado nas constelações.

Luna

Após encontrar com os animais, o encanto que bloqueava suas memórias se quebra e um pedaço da lua é devolvido, demonstrando cada uma de suas fases. É dessa forma que o passarinho vai recuperando as pistas de como voltar para casa e consegue ajudar aqueles que cruzaram seu caminho.

Ao final da aventura, o passarinho se junta à coruja, mas ela não parece feliz. Embora eu pudesse contar a respeito do diálogo que se desenrolou a partir desse encontro, prefiro permitir a cada jogador que interprete, à sua maneira, as palavras trocadas entre as duas aves. Luna apresenta uma história específica, mas suas reflexões acabam permitindo diversas interpretações de acordo com a trajetória de quem se aventura na busca pelos pedaços da lua.

Luna

Apreciando a beleza dos processos

Cheio de cores harmônicas e sons que nos elevam a um estado meditativo, Luna acaba nos levando pela mão por uma história delicada e acolhedora. Desde o início, em que o jogo não fornece instruções claras de como proceder, mas permite interações intuitivas com o cenário que nos ensinam sutilmente o que devemos fazer, ele transforma o ato de jogar em uma descoberta relaxante, permitindo que a curiosidade e a criatividade sejam estimuladas em vez de prender o gameplay a regras estritas e punitivas.

A minha maior surpresa durante a partida foi ver que, mesmo não fazendo parte dos puzzles, algumas interações foram criadas para o puro divertimento do jogador. Antes eu estava preocupada em descobrir quais eram as etapas a serem cumpridas, mas em poucos minutos perdi a pressa de terminar o jogo e passei a desfrutar da reação do ambiente aos meus toques com o cursor e dos sons que cada elemento emitia. Não se tratava de chegar ao final, mas de aproveitar todo o processo e ver a beleza que se encontra nas pequenas coisas, mesmo que sem propósito aparente.

Luna

Atualmente, Luna está disponível para realidade virtual, o que certamente deve tornar a jornada ainda mais apaixonante. Indico fortemente o jogo a crianças e a todos aqueles que se punem pelos pequenos erros, para que aprendam a abraçar os aprendizados de nossas histórias e as mudanças cíclicas da vida que são inevitáveis, mas na maioria das vezes positivas.

Prós

  • Jogabilidade relaxante e intuitiva;
  • Visual deslumbrante e ambientação sonora bem elaborada;
  • Narrativa simples, mas profunda.

Contras

  • Algumas fases podem ser repetitivas;
  • Pequeno problema com a sensibilidade do cursor.
Luna - PC/PS4 - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital adquirida pela própria redatora


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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