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Análise: Magic: The Gathering Arena (Mobile) é a versão fiel do card game de PC para os celulares

O card game que saiu do bolso e foi para as telas grandes agora volta para o bolso nas telas pequenas

Magic: The Gathering Arena é a versão digital do famoso jogo de cartas colecionáveis criado por Richard Garfield e lançado pela Wizards of the Coast (hoje uma subsidiária da Hasbro) em 1993. O trading card game é um dos pioneiros nesta área e também seu maior representante, com mais de trinta e cinco milhões de jogadores em setenta países.

Do bolso para os computadores e dos computadores para o bolso

A versão que cobriremos nesta análise é o port para dispositivos móveis de Magic: The Gathering Arena lançado para computadores em setembro de 2018. O trading card game já fez diversas aparições nos desktops, mas nos celulares a oferta de jogos digitais não foi tão generosa. Houveram as versões Duels of Planeswalkers de 2013, 2014 e 2015, que eram divertidas mas não permitiam liberdade na criação dos baralhos (decks). Além disso, esses aplicativos foram descontinuados, não sendo mais possível comprá-los ou baixá-los nas lojas oficiais.

Começou como um jogo de cartas físico e agora está nas telinhas


Com MTG Arena finalmente realizamos o sonho de poder montar livremente os decks que quisermos, podendo usar as cartas mais atuais do jogo, e disputar partidas online – inclusive contra jogadores do PC, já que as versões mobile e desktop são completamente integradas com cross-play e cross-save.

Como é o jogo?

A versão digital traz as mesmas mecânicas da versão com cartas. Trata-se de um jogo de estratégia em turnos com cartas colecionáveis, no qual dois jogadores se enfrentam em um duelo simulado de magia.

Cada jogador monta um baralho composto por cartas da sua coleção – é daí que vem o termo “cartas colecionáveis”. Obviamente, quanto mais cartas o jogador possuir, mais opções ele terá. Ao ganhar partidas ou cumprir tarefas, o jogador ganha uma espécie de moeda local que pode ser usada para comprar pacotes de cartas (boosters), que tem conteúdo aleatório.
Boosters podem ser comprados com a moeda ganha no próprio jogo, ou com dinheiro real



É daí também que vem a monetização do aplicativo, pois é possível comprar boosters com dinheiro real. Mas é perfeitamente possível jogar e se divertir sem colocar dinheiro algum – eu mesmo jogo desta forma. Obviamente seu crescimento será mais lento do que aqueles que investem dinheiro, mas o ponto é que esta é uma boa forma para você experimentar Magic sem ter que gastar ou se preocupar em encontrar oponentes – algo especialmente complicado nestes tempos de pandemia.

O duelo ocorre em turnos e o objetivo é derrotar o oponente, exaurindo seus pontos de vida, as cartas do seu baralho ou envenenando-o. As cartas dividem-se em diferentes categorias, que possuem efeitos diversos, simulando magias.
Mão inicial: a primeira grande decisão do duelo

 

Variedade estratégica é o grande diferencial de Magic, já que cada jogador tem seu próprio estilo de jogo e técnica para montar o baralho, sem falar que a coleção de cada jogador é única. A sorte tem uma boa dose de importância também, mas habilidade e estratégia são fundamentais.

A Wizards of the Coast mantém atualizações constantes no card game, trazendo regularmente novas coleções de cartas. Isso se reflete em MTG Arena, que recebe as novidades praticamente em simultâneo com a versão física, contrastando com a série Duels of Planeswalkers, onde para cada nova coleção era necessário adquirir e baixar um aplicativo completamente novo e incompatível com o anterior.

A versão para celulares

MTG Arena para celulares é praticamente idêntico à versão para PC, possuindo todos os seus recursos e até a mesma interface. Porém, a transposição do jogo de PC para o celular tem seus custos. No computador, você tem um monitor com espaço generoso e um mouse com controle preciso. Agora imagine jogar numa telinha de sete polegadas (se não menos) e selecionar cartinhas minúsculas com o dedo.

A interface é praticamente a mesma da versão para computadores


Toda a beleza da versão de desktop está presente nas plataformas mobile. A arte das cartas, os efeitos visuais e sonoros das magias, as animações das cartas especiais, é tudo belíssimo e muito bem feito.

Por sua complexidade, o aplicativo é razoavelmente exigente quanto ao hardware. Os requisitos mínimos são sistema operacional Android 6.0, 4GB de RAM, e processador gráfico compatível com OpenGL ES 3.0. No caso dos dispositivos Apple, é necessário um equipamento com o sistema operacional iOS13 ou superior. 

Na prática, aparelhos das duas últimas gerações deverão rodar sem problemas, enquanto nos modelos mais antigos dependem de instalar e testar, o que não é um grande problema, já que o aplicativo é gratuito. Na publicação desta análise, a versão para Android ocupa um espaço de 3,2 GB de memória.

O aplicativo exige aparelhos com um certo poder de fogo



Nos meus testes com MTG Arena usei meu celular, um Galaxy Note 10+, e meu tablet, um Galaxy Tab S6. Ambos são aparelhos de 2019 e rodaram o jogo razoavelmente bem. Durante as partidas eu senti alguns travamentos e o programa fechou sozinho algumas vezes no meio dos duelos, algo raro de acontecer na versão de desktop, que é bem estável. Como a versão mobile ainda é recente, provavelmente a desenvolvedora poderá fazer melhorias de estabilidade.

A jogabilidade no celular

Tenha em mente que MTG Arena para dispositivos móveis é uma adaptação de um jogo feito para PC, que por sua vez também é uma adaptação digital de um jogo de cartas físico. Isso significa que ele é complexo, com muitos textos e regras, contrastando com concorrentes como Hearthstone, da Blizzard, que é inteiramente digital e pensado desde o começo para ser simples e adaptável para celulares.

A jogabilidade de MTG Arena mobile depende profundamente da sua experiência com Magic em si: se você é daqueles que só de olhar a arte da carta já sabe o que ela faz, e se já joga a versão para desktop, a experiência será bem fluida e agradável. Mas, se você não está familiarizado com o jogo e precisa interromper a partida a todo momento para ler o texto das cartas, é provável que se sinta perdido sobre o que está acontecendo no meio da pirotecnia e dos efeitos especiais. 


A tela pequena faz com que seja difícil acompanhar o andamento da partida e, por motivos de espaço útil, as cartas na área de jogo só exibem sua arte e seu nome; para ler os textos é necessário segurar a carta por alguns segundos com o dedo, o que habilita um zoom para ler os detalhes.

Sobre a jogabilidade, do ponto de vista físico (selecionar os itens usando o dedo), confesso que não gostei muito. Muitas vezes a interface não é responsiva e seleciona o item errado, ou os comandos de toque demoram um pouco para responder. Pequenas “engasgadinhas” durante a partida são bastante comuns.

No geral, eu achei a usabilidade da interface no celular mediana – a tela parece pequena demais para o jogo. Já no tablet, que possui o triplo da área útil de um celular, a jogabilidade foi muito mais agradável, e, mesmo com as travadinhas, chega a ser mais intuitivo que a interface para o PC.

É possível segurar o dedo sobre uma carta para ler mais detalhes



Outro ponto que me incomodou bastante é que o aplicativo exige que você digite seu login e senha a cada acesso. Ao contrário da versão para desktop, e até mesmo da maioria dos jogos para celular, não é possível salvar seu login e senha para entrar automaticamente. É um incômodo ter que digitar seu endereço de email (que é seu login) e a senha no tecladinho virtual todas as vezes, especialmente se você usa senhas longas.

Eu vejo a versão mobile de MTG Arena como um complemento, e não um substituto, para a versão de computadores. Ela é boa para aquela partidinha casual no intervalo da aula ou para completar as tarefas diárias na cama, mas eu não a recomendaria para jogatinas longas.

Varinha mágica

Um adendo para quem possui aparelhos com stylus (canetinha): este método de entrada melhora consideravelmente a jogabilidade. Ao aproximar, sem tocar, a ponta da stylus na tela, você pode exibir detalhes das cartas sem selecioná-las, algo similar a segurar o dedo sobre elas, só que muito mais prático e preciso.




Outro método é conectar um mouse ao seu celular via Bluetooth ou cabo, caso ele tenha estas funcionalidades. A questão aqui é que isso exige uma mesa (e obviamente um mouse) para se jogar, o que elimina o fator portabilidade da versão mobile.

Caso você possua um modo de conectar seu celular a uma TV ou monitor, como a ferramenta Dex, para celulares Samsung, ou a Ready For, da Motorola, e puder conectar um mouse Bluetooth, a experiência de jogo será bastante parecida com aquela da versão para PC.

It’s a kind of Magic

Se você já conhece Magic e está procurando uma forma de jogar a versão digital online do jogo em qualquer lugar, ou quer uma plataforma complementar para jogar casualmente quando está longe do computador, esta versão mobile é mais que recomendada.

Aquele friozinho na barriga na hora de abrir o pacote de cartas é o mesmo, não importa a versão



Se você não conhece nada de Magic e gostaria de começar neste universo, eu diria que esta não é a versão mais indicada. Você terá dificuldade em ler a enorme quantidade de textos e regras para compreender o jogo, que já é bastante complexo. Isso não é exatamente culpa da versão mobile, mas da própria natureza do card game, que foi concebido assim. Se você quer aprender a jogar, sem dúvida nenhuma eu lhe recomendo a versão para computadores, se possível.

Se você não tem um PC gamer ou um Mac e gostaria de jogar, e o celular é a única plataforma viável, eu recomendo que você teste – afinal o jogo é grátis e jogar com alguns problemas é melhor do que não poder jogar de forma alguma. O aplicativo está disponível gratuitamente para iOS na App Store e Android através da Play Store.
Comece com os decks pré montados, depois crie seus próprios

Magic: The Gathering Arena (Mobile) realiza o antigo sonho de jogar aonde quiser, com decks projetados por você mesmo, a qualquer hora e lugar. Com alguns problemas de jogabilidade e estabilidade, está longe de ser perfeito, mas cumpre bem sua tarefa em trazer toda a riqueza e complexidade das telas grandes para as telas pequenas. É uma opção muito válida para curtir Magic, especialmente considerando que é um aplicativo gratuito e conta com integração total com sua versão desktop.

Prós

  • Gratuito;
  • Possibilita jogar Magic em qualquer lugar;
  • Totalmente integrado com PCs, com cross-save e cross-play;
  • Interface e funcionalidades praticamente idênticas à versão para computadores;
  • Atualizações frequentes mantém o jogo sempre em dia com os lançamentos do card game físico;
  • Totalmente em português.

Contras

  • É difícil visualizar as cartas e acompanhar o jogo em um tela pequena;
  • Interface pouco responsiva e travamentos frequentes;
  • Exige login e senha toda vez que você entra.

Magic: The Gathering Arena - Android/iOS - Nota 7.0
Versão utilizada na análise: Android
Revisão: José Carlos Alves
Análise realizada com versão gratuita do jogo, disponível na Play Store


é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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