Crônica

Resident Evil: uma paixão de quase 25 anos

A franquia completa um quarto de século, e minha ligação com ela tem praticamente o mesmo tempo.


Todo mundo tem uma história sobre seu primeiro contato com determinada franquia. Aproveitando que a série Resident Evil acaba de comemorar seus 25 anos, vou contar como conheci e me apaixonei pela série. Pode não parecer, mas essa passagem foi tão marcante na minha trajetória gamer que ainda hoje a criação de Shinji Mikami figura entre as minhas favoritas.

Jogatina em família

A família da minha mãe morava quase toda numa mesma vila, e era bem frequente passar muito tempo lá quando pequeno. Além de poder ficar com a minha vó, que me enchia de mimos, guloseimas e ainda me ensinava várias coisas, ainda podia ficar com as minhas tias, que me ensinaram a gostar de séries de TV e a jogar videogame.

É verdade que um tio também possuía um Atari 2600, mas era com a minha tia Gisele que eu mais jogava. Foi dessa forma, com cerca de 2 anos, que tive meu primeiro contato com os videogames; foi amor à primeira vista. Foram inúmeras horas de jogatina, por vezes indo até tarde da noite (para uma criança pequena, pouco depois de escurecer já era quase um corujão), e quase sempre só assistindo (ou jogando com o controle desligado). Uma das minhas lembranças mais marcantes é ver meu tio Wilson, já adulto, jogar Enduro por horas a fio.

O fim desse caminho me levou até Resident Evil.
















Mas não eram apenas meus tios que moravam lá; havia também primos, e os mais velhos já tinham essa mesma paixão. Johnny e Jonathan, hoje pais, eram garotos ainda, e do time do ouriço. Até hoje não sei como não me influenciei pelos consoles da Sega que eles tiveram (acho que a idade ajudou a não fixar tantas memórias).

Jogatina em casa

Em 1994 eu ganhei meu Super Nintendo, que até hoje provê horas de diversão e saudosismo. Minha mãe e a mesma tia Gisele dominavam o brinquedo, dizendo que iam me ensinar a jogar; de fato, elas não estavam erradas.

Mas nem a paixão delas por um certo bigodudo foi capaz de me tornar um fanático. Meus primos, antes seguistas, agora eram donos de um PlayStation. Para mim, pouco importava qual era o videogame, eu só queria me divertir (pensamento que levo até hoje). Guerra dos Consoles? Para mim sempre foi uma coisa distante.

Ainda assim, em casa, depois do SNES, exceto uma vez (e alheio à minha vontade), tivemos um videogame que não fosse Nintendo; isso antes que eu começasse a colecionar. Não que eu não gostasse dos outros, mas já estava satisfeito com o que tinha e não me via sem os jogos que só vemos nas mãos da Big N.

O intruso


Jogatina em família, de novo

O que pode ter me mantido longe da concorrência era justamente o fato de meus primos terem um PlayStation e muitos, mas muitos jogos. Hoje entendo o motivo daquela fartura, mas naquela época eu ainda não tinha noção de que era algo que hoje reprovo veementemente.

Mas, vamos lá, jogar coisas diferentes, até pela limitação que minha biblioteca de jogos oferecia, ainda que trocasse jogos com um primo do outro lado da família e com amigos da escola. E eu agora tinha a companhia do meu irmão, dois anos mais novo, e de primos mais novos também.

Para agradar, e também distrair a criançada, dando uma folga pra minha vó e minhas tias, meus primos promoviam uma intensa jogatina em seu quarto. O favorito de todos era Crash Bandicoot. Para crianças pequenas (eu era o mais velho, devia ter então 7 anos, no máximo), era um tiro certeiro. Até hoje o marsupial me anima!

Crash era o que a criançada podia jogar.


Jogatina para adolescentes

Porém, por vezes, mais primos queriam jogar coisas mais “adultas”; nessa hora a criançada ia brincar em outro lugar. Eu, por ser o mais velho dos mais novos, por vezes ficava um pouco mais, e assim vi sessões de pérolas como Metal Gear Solid. Mas havia um jogo em específico, ou melhor, uma série, que nem eu podia ficar lá para assistir; sim, era Resident Evil!

Às vezes o jogo começava e eu ainda estava no quarto, mas quando aparecia alguma cena mais pesada, eu era gentilmente convidado a me retirar do quarto. Mas não tinha jeito, eu já tinha sido mordido pelo jogo (com o perdão do trocadilho). Enrolava o que podia para sair, e quando era vencido, achava a solução que foi por tempos a única solução de ver partes mais avançadas dos jogos: eu ficava escondido vendo o jogo, numa TV de tubo de 14”, pela janela do quarto.

Sim, foi por uma fresta da janela que vi boa parte dos eventos que assolaram Raccoon City. E não dá pra reclamar, eu acabei me apaixonando pela série mesmo assim. E olha que isso ocorreu nos dois primeiros jogos da série. Depois de um tempo, contudo, eu consegui o aval deles para ver o jogo de dentro do quarto. Afinal, eu era o mais velho dos mais novos.



Memórias distantes de uma paixão profunda

Essas memórias são de 1997, aproximadamente. Eu nasci no final de 1990, então devia ter por volta de 7 anos. Hoje é um absurdo pensar que uma criança dessa idade visse jogos dessa temática, mas não tenho o que reclamar. Acho os jogos incríveis até hoje.

Não lembro se vi primeiro o título de origem da série ou Resident Evil 2, nem qual joguei primeiro, e no final nada disso importa. Eu consigo avaliar a obra como um todo, não fazendo muita distinção entre um título e outro; claro, desde que se passem num mesmo arco.

Isso tem muito a ver com o fato de ver pedaços de cada um dos jogos de maneira quase aleatória, já que não era um jogo difícil de se terminar, mesmo para crianças mais velhas (mas não tanto assim). Eu não estava todo dia lá na vila em que minha família morava, e nem sempre passava mais de um dia lá, então só fui entender a história como um todo anos depois.

Memórias próximas de uma paixão nascente

Em 2002 eu ganhei meu GameCube, numa história que já contei no Nintendo Blast, envolvendo o mesmo Johnny dessa história. Quis o destino que a Capcom firmasse uma parceria com a Nintendo para lançar uma enormidade de títulos da série, entre relançamentos e novidades.

O que mais chamou a minha atenção foi o remake de jogo que iniciou tudo. Eu já acompanhava as novidades mais de perto através das páginas da Nintendo World, e fiquei fascinado com o que via ali. Contudo, naquela época, com o fim da parceria da Gradiente com a Nintendo, o acesso aos jogos do GC era difícil.

Eis que um belo dia, em uma das rotineiras visitas que meu primo Johnny fazia, ele me presenteia com uma cópia usada de Resident Evil, comprada na UZ Games do Shopping Eldorado, aqui em São Paulo mesmo. Tempos depois, o irmão dele, Jonathan, me deu um super guia do jogo. Jogamos juntos, nos assustamos juntos (com os eventos do jogo e com seu visual) e exploramos essa história revista pelo mestre Shinji Mikami.

Foi, até hoje, um dos melhores presentes que eu ganhei, e ainda está aqui guardado na minha coleção com muito carinho.



Memórias para a posteridade

Foi na geração do GameCube que eu comecei a colecionar videogames e jogos. Bem, no final da geração, perto do lançamento do Wii e em seu começo, mas meu foco era o cubo roxo. E sim, Resident Evil era o objetivo inicial. Demorou, mas consegui todos os jogos da franquia lançados para ele, e por um acaso até o controle em forma de serra elétrica de Resident Evil 4.




Mas não bastava. Minha busca por jogos de Resident Evil seguiu por outras plataformas, ainda que em casa só houvessem consoles da Nintendo. E como fazer para aproveitá-los? Bom, tive que comprar consoles da concorrência. Posso dizer tranquilamente, hoje, que tenho mais de um PlayStation em casa apenas por conta dessa franquia. Claro que eventualmente me aventuro em outras coisas, mas a maioria ainda é composta por jogos dessa incrível franquia da Capcom.

Memórias vindouras

Resident Evil está em alta novamente. Resident Evil 7 biohazard (Multi) foi bem recebido por público e crítica, além de atingir as metas de vendas, e Resident Evil Village (Multi) está vindo na mesma pegada. Tudo indica que terei mais memórias marcantes com a franquia, e quem sabe poderei passar esse legado familiar para mais alguém em algum momento. E será que já não tive outras memórias marcantes com a franquia? Fique de olho aqui no GameBlast pra saber!

Revisão: Farley Santos

Fã de Cavaleiros do Zodíaco, Power Rangers e videogames, em especial Metroid e Resident Evil. Tem uma queda pela Nintendo, mas sabe apreciar o que há de bom na concorrência. Quando se lembra posta alguma coisa bacana no Instagram .
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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