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Análise: Saviors of Sapphire Wings/Stranger of Sword City Revisited (PC/Switch) é uma boa porta de entrada para os dungeon RPGs

Esse pacote duplo de RPGs da Experience é uma boa pedida para veteranos e novatos do gênero.

A Experience é uma desenvolvedora que já trabalhou em vários RPGs dungeon crawler. Apesar de ter se diversificado nos últimos anos, testando outras possibilidades como os jogos de terror Death Mark e NG, esse gênero ainda é a sua grande marca registrada.

Saviors of Sapphire Wings é o mais recente deles a chegar ao Ocidente, se tratando de um remake de Entaku no Seito (X360), título que havia sido lançado apenas no Japão. Em um pacote duplo com uma nova edição de Stranger of Sword City, jogo que se passa no mesmo universo, a obra é uma confortável porta de entrada para o gênero.

Reunindo os cavaleiros após a derrota

Saviors of Sapphire Wings começa quando um grupo de cavaleiros perde a batalha final contra o grande senhor das trevas Ol=Ohma. Graças a essa derrota, o mundo foi praticamente todo tomado pelas forças do mal, havendo poucos capazes de resistir à dominação.

Cerca de 100 anos após esse evento, ocorre o renascimento do antigo cavaleiro que comandava o grupo. Em meio ao caos, a esperança do mundo recairá novamente nos ombros desse personagem, cujo nome, gênero (masculino, feminino ou desconhecido) e aparência são escolhidos pelo jogador.

Conforme visita os últimos locais de resistência do mundo e algumas dungeons, o jogador irá obter novos aliados e montar uma equipe. Apesar de ter personagens pré-estabelecidos para a história, você tem a liberdade de ajustar as suas classes e heranças de raça para montar equipes customizadas para seus interesses e necessidades.

Ao todo são 9 classes, sendo uma exclusiva do protagonista, e é possível utilizar subclasses. Fighter, Paladin e Samurai seguem um formato ofensivo, sendo a segunda também interessante para a defesa de aliados. Além delas, um Healer é indispensável na equipe devido à sua grande capacidade de magias restaurativas e alterações de atributos como evasão.

Rangers são habilidosos com arco e flecha e melhores para o fundo. Wizards podem usar ataques mágicos poderosos. Alchemists podem realizar sínteses durante a exploração e fortalecer os poderes dos itens. Druids podem dominar inimigos, adicionando um membro extra para a equipe. Mesmo agindo de forma autônoma, esse aliado pode ser bastante útil para o combate.

As heranças de raça afetam os atributos de tal forma que podem fortalecer as classes selecionadas ou equilibrar determinadas fraquezas. Após obter o acesso à nave dos cavaleiros, é possível trocar tanto classes quanto heranças de raça, além de ajustar os bônus obtidos.

O gameplay é o usual: explore as dungeons em primeira pessoa com a sua equipe. Conforme avança pelas áreas, o jogador abre mais pontos no mapa e é possível utilizá-lo para revisitar pontos que estejam diretamente conectados. Infelizmente, ele nem sempre é muito útil, já que pequenas divisórias já são suficientes para bloquear o seu uso.

Andar por essas áreas também implica em encontros aleatórios com os inimigos. As batalhas são baseadas em turnos, sendo possível atacar, defender, usar itens, magias ou habilidades de classe. A equipe pode ter no máximo seis personagens, sendo a experiência dividida entre eles. Ou seja, quanto menor a equipe, maior o ganho individual de experiência.

Um aspecto bastante interessante é que existem pontos específicos no mapa onde o jogador pode colocar iscas para atrair os inimigos. Nesses casos, é possível não apenas atrair inimigos de força maior caso desejado, como também obter baús de tesouro com equipamentos variados. Algumas quests do jogo envolvem dominar as regiões, com a possibilidade de conquistar todos os pontos dos mapas e sendo interessante fazer um bom uso desse sistema.

Outro detalhe bastante importante é o sistema de laços. Conforme luta nas dungeons com seus aliados, o jogador irá aumentar o seu relacionamento com eles. Esse laço abre novas habilidades que são fundamentais para avançar, já que Ol=Ohma pode usar seu charme para dominar as mentes de seus inimigos. Com laços fortes, o jogador terá habilidades que ajudam a mudar o ritmo da batalha, reorganizam o grupo e protegem contra esse poder especial do vilão.

Em termos de visual, os mapas 3D são bastante simples e em alguns casos as texturas são bem ruins, dando um tom de baixa qualidade ao jogo. O mesmo não pode ser dito sobre as artes 2D do jogo, cujos personagens, cenários e eventos chamam a atenção pela sua beleza e riqueza de detalhes. Mesmo estáticas, elas são vistosas e sua qualidade é um grande charme de Saviors of Sapphire Wings.

Porém, quando se fala do gameplay, o jogo consegue equilibrar muito bem simplicidade e robustez, oferecendo uma experiência sólida. Junte-se a isso a sua baixa dificuldade geral e o título é uma porta de entrada bastante adequada para o gênero.

O outro lado do pacote

Stranger of Sword City Revisited é bastante similar ao que já foi mencionado. No entanto, ao invés de um cenário típico de fantasia, o jogo apresenta uma história sobre um grupo de pessoas de uma realidade moderna que vai parar em outro mundo. Ou seja, trata-se de um isekai, um tipo de história popularizado em light novels e animes em que um personagem é transportado para uma dimensão fantasiosa.

Tudo começa com a queda do avião em que o protagonista está. Encontrado em uma dungeon, esse personagem agora é um Stranger, uma das pessoas que não pertencem originalmente àquele mundo. Junto a uma guilda de personagens na mesma situação, ele terá que explorar dungeons e lutar contra monstros.

O jogo é visualmente mais sombrio, apelando para designs mais sóbrios e tons mais escuros de forma geral. Além disso, há mais opções de dificuldade, uma rolagem visível de bônus de atributos, idade e um sistema de permadeath para punir jogadores que não são cautelosos.

O título também possui um sistema de isca, mas ao invés de usar itens em pontos específicos do mapa, há regiões em que é possível se esconder e usar pontos de moral para atrair inimigos que guardam tesouros. Quanto mais vezes o jogador realiza essa ação, mais poderosos serão os inimigos encontrados.

Uma mecânica exclusiva do jogo é a forma como os chefes, chamados de Lineage Types, funcionam. Ao encontrá-los, o jogador tem a oportunidade de ganhar itens extras por estar abaixo de um determinado nível. Caso já esteja acima do valor indicado, lhe é oferecida a oportunidade de abaixar o seu poder temporariamente para enfrentar o desafio apropriado e ganhar as recompensas.

Também vale destacar que ao invés de subclasses, Stranger of Sword City possui apenas classes principais. Todavia, é possível treinar uma determinada classe para aprender habilidades extras e utilizá-las para fortalecer o personagem no uso de uma segunda classe.

Uma boa porta de entrada nos DRPGs

Além de tudo que já mencionei aqui, gostaria de destacar também que Saviors of Sapphire Wings conta com alguns pequenos defeitos no campo de texto. O exemplo mais comum disso é como algumas frases são divididas de forma peculiar ao invés de respeitar o espaço da caixa de diálogos. Não é nada que comprometa a experiência, mas pode ser um pouco incômodo.

De forma geral, Saviors of Sapphire Wings/Stranger of Sword City Revisited é um pacote duplo que certamente vale a pena para quem quer experimentar bons exemplares de dungeon RPGs. Tanto veteranos quanto novatos do gênero podem se divertir bastante com os dois jogos, mesmo que seu baixo orçamento e pequenas decisões ruins de design acabem enfraquecendo um pouco a qualidade geral.

Prós

  • Gameplay simples, mas com builds interessantes para usar;
  • Pacote duplo em que ambos os jogos são de boa qualidade;
  • A baixa dificuldade de Saviors of Sapphire Wings ajuda a tornar a experiência mais acessível;
  • Sistemas de isca para obter bons tesouros dos inimigos;
  • As artes 2D de personagens, cenários e eventos são bonitas e bastante detalhadas, apesar de estáticas.

Contras

  • O visual 3D das áreas usa texturas muito simples;
  • A movimentação automática acaba sendo quebrada por divisões estúpidas do mapa;
  • Mapa simplório sem marcações para vários pontos importantes;
  • Pequenos problemas textuais.
Saviors of Sapphire Wings/Strangers of Sword City Revisited – PC/Switch – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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