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Análise: Space Otter Charlie (Multi) – Indo onde nenhuma lontra jamais foi

Ajude Charlie a encontrar um novo planeta para viver com seus amigos animais neste título da Wayward Distractions.


Eu sou o tipo de pessoa que sente atração por jogos basicamente por três motivos: boa jogabilidade, boa música ou boa história, tenha um game todos estes ou não. Fora isso, para chamar minha atenção, ele precisa ser, no mínimo, estranho, seja no bom ou mau sentido da palavra. Quando nossa redação recebeu uma cópia de Space Otter Charlie, um platformer sobre uma lontra astronauta em uma aventura espacial em busca de um novo lar para os animais da Terra, já demonstrei meu interesse de imediato apenas pela premissa. Os detalhes você confere na análise a seguir, e veremos se ele também é um bom jogo.

No futuro, confie nas lontras

Estamos beirando o ano 2500, e a vida na Terra para os humanos chegou ao limite, fazendo-os abandonar o planeta em busca de um novo lar. Por um tempo, os animais que ficaram no planeta começaram a curtir a ideia de viver em um mundo sem pessoas. Porém, com a temperatura da Terra subindo cada vez mais, chegou a hora de encontrar outro lugar para viver.
Começa o programa espacial das lontras
Lontras mais espertas começaram a desenvolver programas espaciais com o intuito de desbravar o espaço em busca de um novo planeta para chamar de lar. Depois de vários anos e tentativas falhas, a Missão Charlie é a primeira a ter sucesso ao sair da Terra e começar a explorar os confins da galáxia em busca de uma nova casa.
Em busca de um novo lar para os animais da Terra
Nesta aventura, assumimos o papel de Charlie, uma valente lontra que mostrará que é bem mais que uma fofa bola de pelos, explorando os locais mais perigosos e inóspitos do cosmos nesta busca para salvar não só sua espécie, mas todos os animais que ficaram à mercê da sorte na Terra.

Spacewalking

O termo acima se refere ao ato do astronauta sair da estação ou veículo espacial durante uma missão. É considerada uma das atividades mais perigosas que existem para um ser humano. Mas como aqui estamos lidando com lontras, o negócio é bem mais divertido que perigoso.

A principal mecânica de Space Otter Charlie se baseia em ambientes com gravidade zero. Charlie se movimenta pelos locais dando saltos que o fazem “voar” pelo ambiente. Como não temos gravidade, a primeira lei de Newton se aplica aqui; ou seja, ele só vai parar de se mover ao alcançar outra plataforma, algum obstáculo ou mesmo um inimigo.
Charlie deve explorar locais cheios de perigos espaço afora
A movimentação peculiar é algo com o qual nos acostumamos nos primeiros minutos de jogo e dominá-la é importante, mas não chega a ser uma tarefa difícil. É divertido, pra falar a verdade. Charlie conta ainda com um jetpack que permite alterar sua trajetória durante os saltos e armas para se defender de inimigos. O objetivo é explorar diversos mapas em busca de recursos para realizar melhorias nos equipamentos do astronauta e desenvolver habilidades que serão úteis durante sua missão. Cada local conta com uma lista de objetivos que devem ser cumpridos para que se possa progredir na aventura.

No fim de cada missão, Charlie retorna para o Raft, a nave onde está o restante de sua tripulação. É neste local que temos um momento de repouso antes de sair novamente para o espaço. Na nave é possível realizar as melhorias supracitadas, além de usar os orbes de energia coletados para teleportar mais animais para a nave, um dos objetivos secundários do jogo. Dentre as melhorias para a lontra, estão roupas que, além de mudar o visual de Charlie, lhe dão uma arma especial extra com alguma propriedade adicional, como causar dano em área ou projéteis teleguiados.

Uma missão nada impossível

A princípio, Space Otter Charlie é um título indie bem legalzinho, bonitinho e divertido. À medida que avançamos e obtemos novos equipamentos e habilidades, a jogabilidade começa a ficar mais gostosa e novos desafios vão sendo apresentados de forma bem intuitiva para que façamos uso das novas habilidades de Charlie. Entretanto, algo que me incomodou, apesar da curva de dificuldade bastante amigável, foi a facilidade e a linearidade do jogo.

Explico: ao adentrar em uma nova fase, na maioria dos casos já encontramos um mapa do local, mostrando onde estão os itens que devemos coletar para concluir os objetivos daquela localidade, tirando o trabalho que teríamos ao explorar o local para cumprir as tarefas. Todas as chaves, itens e acessos ficam imediatamente revelados para que possamos ter o trabalho de apenas ir até aquela posição e coletá-los.
Mesmo com alguns momentos muito bons, ele deixa a desejar em outros aspectos
Sobre a linearidade, mesmo com um hub de seleção de fases, não temos a obrigação ou necessidade real de explorar cada um dos mapas do jogo. A exploração revela novas localidades, mas as mandatórias são liberadas naturalmente no decorrer da campanha. Sim, é importante visitar o máximo de lugares possível para obter recursos suficientes para acelerar o desenvolvimento das melhorias de Charlie, mas nada que seja impossível de se obter gastando um pouco mais de tempo visitando uma mesma área mais de uma vez.

No meu caso, eu simplesmente visitei todos os lugares disponíveis por puro capricho mesmo. Sou do tipo que gosta de explorar cada pedaço de espaço nesse tipo de jogo. O desafio se resumiu a enfrentar os inimigos, encontrar áreas secretas e enfrentar chefes. Algo que neste game ficou bem legal por conta das mecânicas, diga-se de passagem, mas que apresentou alguns problemas recorrentes com “engasgos” de carregamento durante minha jogatina.

Explico novamente: em vários momentos, principalmente nos mapas maiores, o jogo deu algumas travadas de carregamento que, além de incomodar, acabaram me induzindo a erros, como um salto ou tiro errado. Felizmente, contamos com vidas infinitas e checkpoints em locais generosos, o que diminui um pouco essa onerosidade.
Charlie fica super poderoso após comer um ouriço-do-mar
Algo que o Space Otter Charlie possui e não pude experimentar adequadamente por falta de “apoio” foi o multiplayer local. Até quatro pessoas se enfrentam em dois modos de jogo: em busca da maior pontuação comendo ouriços-do-mar ou no maior número de abates inimigos. Uma opção extra para uma jogatina descompromissada com amigos. Pena que os “engasgos” que mencionei logo acima também se repetem aqui.
Uma baguncinha espacial com seus amigos lontras

Missão cumprida, mas com ressalvas

Space Otter Charlie é uma boa pedida para quem curte aventuras leves, diferentes e descompromissadas. Seu maior destaque fica por conta da jogabilidade baseada no movimento em ambientes com gravidade zero e com uma curva de dificuldade amigável para todos os perfis de jogador. A exploração poderia ser outro ponto alto do título, mas é usada de forma bastante superficial, o que deixa a experiência bem fraca nesse quesito.

Prós

  • As mecânicas baseadas em gravidade zero são o ponto alto do jogo;
  • Várias melhorias e habilidades para desenvolver;
  • Curva de dificuldade amigável;
  • O multiplayer local oferece uma opção extra de entretenimento.

Contras

  • A trilha sonora expressa bem o tema de exploração espacial, mas é bastante limitada e repetitiva;
  • Nível de desafio baixo;
  • O aspecto de exploração é usado de forma muito superficial;
  • Problemas de performance, com carregamentos atrapalhando o jogador.
Space Otter Charlie – PC/PS4/XBO/Switch – Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela The Quantum Astrophysicists

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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