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Análise: Redout: Space Assault (Multi) é um jogo de nave bonito e mediano

Com exceção dos belos visuais e alguns poucos pontos, o game é fraco nos demais quesitos.


Os jogos de nave estão entre os mais antigos do mundo dos videogames. Além de ser um gênero tradicional, novos lançamentos são muito frequentes. Logo, os títulos precisam se destacar para alcançar o sucesso. Redout: Space Assault (Multi) é, infelizmente, um exemplo de como ficar na média. Embora funcional, ele apresenta vários problemas que comprometem a diversão, conforme vamos conferir na análise.

Mais um jogo de nave?

Sejam voltados para combate, exploração ou velocidade, com gráficos em três ou duas dimensões, os jogos de nave gozam de uma boa popularidade. Na prática, isso exige que cada novo título apresente boas qualidades e novidades interessantes, de tal forma que atinja um sucesso considerável. Redout: Space Assault é mais um que não consegue atingir tal feito adequadamente.
 
Produzido e publicado pela 34BigThings, o game tem versões para PC, PS4, XBO e Switch. Lançado no dia 22 de janeiro de 2021, é preciso ressaltar que, originalmente, ele foi lançado na Apple Arcade em maio de 2020. Esse fato, inclusive, irá ajudar a explicar alguns dos problemas do game, conforme veremos em seguida.

Prepare-se para explorar o espaço sideral
Space Assault te coloca na pele de Leon Barret, um habilidoso piloto de naves espaciais. Ele trabalha para a Poseidon, corporação responsável por abrir caminho para a colonização de Marte. Isso se deve às condições do planeta Terra, que estão cada vez piores para a sobrevivência humana. A própria Lua, antes uma opção viável, se tornou uma colônia pouco habitável.

No caminho dessa exploração, forças independentes travam uma guerra contra a Poseidon. Conforme o jogador avança, as missões levam Leon a questionar seu papel no conflito. Elas incluem escoltar outras naves, corridas, caçar inimigos, coletar itens no espaço, entre outras. Gostei bastante da variedade, que ajuda a aumentar a vida do título e tornam a sua proposta básica muito legal.

Desviar e atirar com precisão é essencial
Em geral, a jogabilidade das fases gira em torno de exploração livre e, na maioria das vezes, rail shooting. Ou seja, algumas poucas missões dão liberdade ao jogador para voar pelo espaço sideral para coletar itens ou enfrentar inimigos. Outras mantém a espaçonave “presa” em uma trajetória fixa, permitindo somente um leve controle de velocidade de avanço e os movimentos cima/baixo e esquerda/direita.

Defeitos importantes em elementos chave

Lembra do enredo que contei anteriormente? Preciso ressaltar que toda essa história está escondida no game. Caso eu não tivesse ido até o final do jogo, além de ter feito uma pesquisa online, não teria tido condições de trazer essa explicação. Space Assault não possui um vídeo de introdução, sendo que as informações são passadas esparsamente via conversas durante as missões.

Leon passa por algumas reviravoltas, mas elas pouco afetam o jogo
É preciso avançar muito para ter uma noção razoável do que está acontecendo. Isso torna a história pouco envolvente e, por diversas vezes, confusa. Isso porque, embora a campanha tenha um enredo contínuo, diversas missões não têm relações claras entre si. Logo, parece que o jogador diversas vezes é simplesmente jogado na ação.

Mesmo sendo um ponto contra, ele seria menos significativo caso a jogabilidade e as mecânicas de jogo fossem interessantes. Infelizmente, existem vários problemas técnicos em Redout: Space Assault. Dentre eles, focarei nos dois mais críticos: o sistema de mira e o controle de velocidade.

A sensação de velocidade é bem agradável
Não é possível controlar a nave e a mira separadamente, pois a segunda é fixa em um ponto a frente do veículo. Logo, desviar dos ataques inimigos impossibilita um contra-ataque eficiente. Conforme as missões ficam mais difíceis, essa limitação se torna cada vez mais evidente e frustrante.
Algumas fases te colocam frente a naves imensas
A velocidade é outro ponto ruim, sobretudo em algumas missões do tipo rail shooter. Não existe um botão para acelerar, somente uma espécie de freio que não funciona adequadamente. Isso torna complicado o controle de quão rápido você está avançando. Os produtores parecem saber disso, visto que várias lutas contra chefes “prendem” a nave em uma determinada distância para evitar colisões, mas que acabam ocorrendo em outras fases.

Nem tudo são problemas

Feitas essas críticas principais a história e a jogabilidade, passemos para as qualidades de Redout: Space Assault. Apesar dos contras citados, o título é funcional e sem defeitos no desempenho. A produção técnica é interessante, sobretudo no quesito gráfico. Os visuais das naves, planetas, lasers e demais elementos nas missões são muito bons, principalmente para um game de calibre mais modesto.

Os visuais são bem legais
Se lembrarmos que o jogo tem origem na Apple Arcade, essa qualidade se torna mais clara com o aprimoramento recebido. A questão é que alguns pontos, sobretudo os menus, acabaram ficando um pouco estranhos nas telas grandes, que por sua vez são mais utilizadas em PCs e consoles. Determinados botões são exagerados, provavelmente voltados para sistemas touchscreen.

Admito que essa é mais uma percepção pessoal do que um problema em si. O design é simples, mas funcional e agradável, servindo a proposta futurista do game. A nave utilizada também possui visual tecnológico, contando com bons efeitos visuais e uma série de customizações de cores e adesivos. 

Redout: Space Assault tem uma cara de jogo mobile
É uma pena que somente um modelo esteja disponível. O som do game é competente, com músicas e efeitos especiais envolventes. Fiquei surpreso em ver uma boa dublagem, que está presente em todos os personagens. É uma pena que ela fique um pouco perdida em meio a já citada história fraca.
Escolha seu visual favorito
Outro ponto importante e muito positivo é a customização funcional da espaçonave. São várias armas para escolher, com atributos como dano por área, longa distância e reação em cadeia, além de combinações entre elas. Existem quatro atributos que podem ser melhorados com o dinheiro coletado nas missões: casco (vida), escudos, mísseis e armas.

Potencial perdido em um equilíbrio levemente positivo

Também é possível coletar cartas ao final de cada missão bem sucedida. Elas garantem bônus para um dos quatro atributos citados anteriormente, incluindo habilidade passivas. Conforme as fases ficam mais difíceis, melhores são as recompensas recebidas. E pode ter certeza que você vai precisar de todas elas.

Algumas lutas contra chefes são frustrantes
Redout: Space Assault não é particularmente desafiador, mas existem alguns picos de dificuldade desnecessários. Acredito que muitos deles sejam agravados pela já explicada jogabilidade deficiente, que torna algumas tarefas, como perseguir um chefe enquanto luta com ele, bastante árduas. Nessas situações, a saída é coletar mais dinheiro e melhorar a nave para conseguir vencer.

As missões, além do objetivo principal, contam com duas tarefas secundárias. Logo, não somente temos algumas opções a mais para curtir o game, mas também uma fonte extra de recursos. Vale ressaltar que ter a nave destruída não gera consequências graves, apenas uma leve perda de dinheiro.

Poder pilotar livremente ajuda a quebrar o ritmo do game
No final, o saldo do título é levemente positivo. Ficou o gostinho de quero mais em um game que, embora sem grandes pretensões, tinha um potencial relevante. Afinal, várias das boas qualidades e ideias acabaram sendo prejudicadas pelos defeitos. Mesmo a referência ao Redout original, de 2016, não passou de uma mera citação sem grande relevância nesse jogo mediano.

Sim, apenas mais um jogo de nave

Avaliando o pacote completo, Redout: Space Assault (Multi) é só mais um no mercado. Se por um lado temos belos visuais e algumas boas ideias, por outro temos problemas sérios em elementos como enredo e jogabilidade. Em outras palavras, o game é funcional e até pode ser interessante para alguns, mas basta algum tempo de jogo para notar as deficiências. Quem sabe um dia veremos o seu potencial ser devidamente utilizado.

Se você é fã do gênero, tem mais chances de curtir este game

Prós

  • Proposta do jogo é interessante e divertida;
  • Naves, planetas, estações espaciais e demais elementos são muito bem elaborados;
  • Campanha apresenta uma boa variedade de missões;
  • Sistema de customização via cartas e diversos tipos de armas diferentes são competentes;
  • Boa produção técnica, com destaque para os belos visuais.

Contras

  • Enredo não é devidamente introduzido, tornando a história confusa e pouco envolvente;
  • Jogabilidade tem diversas falhas, incluindo sistema de mira e controle de velocidade;
  • Diversos elementos carregados da versão original são ruins em dispositivos mais potentes;
  • Ausências importantes como modos de jogo extras e modelos de naves diferentes.

Redout: Space Assault – Multi – Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela 34BigThings


é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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