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Análise: Cyber Shadow (Multi) combina ação ninja e tecnologia futurista em uma aventura eletrizante

Controle um ágil shinobi cibernético em um título de plataforma que moderniza conceitos do passado.


Em Cyber Shadow, um tirano devastou o mundo e a única esperança é um ninja transformado em ciborgue. O jogo oferece uma aventura de ação e plataforma focada em velocidade e precisão que resgata e atualiza mecânicas clássicas da era 8 bits. Controles fluidos, grande variedade de desafios pelos estágios e um mundo construído com esmero resultam em uma experiência empolgante e muito divertida.

Envolvido em um resgate complicado

Um ninja chamado Shadow desperta e descobre que agora seu corpo é completamente sintético. Aos poucos, flashes de memória aparecem e ele lembra o que aconteceu: uma grande explosão devastou Mekapólis e, de alguma maneira, sua consciência foi parar em um corpo artificial.

Logo ele é saudado por L-Gion, um pequeno robô que diz que o mundo foi devastado por Dr. Progen e seu exército de sintéticos. Além disso, o tirano mantém sob sua custódia a líder do clã shinobi. Como é o único guerreiro sobrevivente do grupo ninja, Shadow recebe a tarefa de resgatar sua mestra e dar fim ao reino de terror de Dr. Progen. Pelo caminho ele vai descobrir que há muito mais em jogo do que ele imagina.


Para alcançar seus objetivos, Shadow precisa explorar as ruínas de Mekapólis em uma aventura claramente inspirada no clássico Ninja Gaiden. Pelo caminho, o shinobi terá que superar inúmeros desafios de plataforma repletos de perigos, assim como enfrentar robôs determinados a acabar com ele. A ação é focada em saltos e golpes com a espada e a movimentação é ágil e precisa, a despeito do visual pixel art 8 bits.

Conforme avança, Shadow adquire novas habilidades que expandem as possibilidades de enfrentar os obstáculos, em um misto de técnicas ofensivas e de suporte. A progressão da aventura é estritamente linear, mas há incentivos para revisitar os capítulos anteriores: melhorias e segredos estão escondidos pelas fases e muitos deles só podem ser obtidos com a ajuda de técnicas específicas.


A variedade acelerada de um mundo futurista

Cyber Shadow é claramente inspirado em clássicos de ação e plataforma 8 bits. Não só isso, o jogo expande ideias com conceitos modernos pontuais. O resultado é uma aventura atual, mas com ares retrô. Controlar o ninja cibernético Shadow é ótimo, pois a movimentação focada em saltos e golpes com a espada é precisa. Durante o jogo, somos constantemente desafiados a dominar a agilidade do protagonista por estágios com muitos trechos de plataforma, inimigos posicionados em locais complicados e chefes com padrões de ataque complexos.

Com o avançar da jornada, o ninja adquire novas habilidades úteis. A shuriken é ótima para acertar inimigos e dispositivos distantes; um ataque elétrico para baixo pode ser utilizado em oponentes para conseguir um impulso aéreo extra ou para destruir solo frágil; já o movimento de aparar é difícil de executar, mas é bastante útil para rebater projéteis. Algumas habilidades consomem uma energia limitada chamada Essência, logo é importante utilizá-las com sabedoria. Aos poucos as possibilidades de movimento se expandem e os estágios passam a exigir o domínio dessas técnicas.

Fui constantemente surpreendido com a inventividade das situações e com os desenhos dos níveis. Em uma fábrica de robôs, precisei me movimentar com cuidado por esteiras para evitar ativar o sistema de segurança — falhei constantemente, o que resultou em inúmeras torretas atirando em mim. Em um esgoto, o desafio foi conseguir escalar túneis repletos de espinhos fatais e poças venenosas. Já em um laboratório subterrâneo, usei inimigos como plataforma para evitar água eletrificada. Para hackear um portão, entrei no ciberespaço e destruí o sistema de defesa após uma série de saltos complicados. Variedade é uma constante em Cyber Shadow.

O jogo é dividido em capítulos com estágios majoritariamente lineares de ritmo acelerado. Mesmo assim, há alguns trechos com mapas mais complexos, até mesmo com direito a atalhos, e muitos segredos escondidos (como melhorias de vida ou salas com elementos de história). Muitas das partes opcionais só podem ser acessadas com técnicas avançadas, logo revisitar os estágios é essencial para ver tudo o que o título tem a oferecer.
 


As complicações de ser um ninja cibernético

Enfrentar sozinho um tirano com um exército de guerreiros sintéticos não deve ser nada fácil, e Cyber Shadow representa esse fato com um nível de dificuldade moderado com alguns picos. Os estágios estão infestados de inimigos e armadilhas, e o desafio é justamente conseguir navegar pelos perigos sem ser derrotado. Morrer é comum, mas não muito punitivo: não há limite de vidas e Shadow revive no último checkpoint, sendo possível melhorar esses pontos de salvamento para recuperar toda a vida, Essência ou até fabricar itens de suporte.


Confesso que penei um pouco com os desafios de Cyber Shadow. Os obstáculos das fases são estruturados de tal maneira que basta um pequeno deslize para ser derrotado: como inimigos posicionados nas extremidades de plataformas ou espinhos elétricos que matam com um único acerto. Logo percebi que, para avançar, não adianta usar força bruta, ou seja, é necessário agir com consciência e cuidado, seguindo passos que lembram puzzles. Quando percebi isso, apreciei mais cada desafio e passei a morrer menos. Com treino, inclusive, consegui combinar as habilidades de Shadow para destruir tudo pelo caminho de forma estilosa e fatal.

Os chefes seguem a mesma lógica em combates intensos e impiedosos. Cada um dos mestres tem padrões de ataques diferentes, sendo necessário observação e perícia para derrotá-los. Apreciei bastante a diversidade desses embates: há confrontos um contra um, certos mestres são imensos e infestam a tela de projéteis, alguns monstros só podem ser feridos após uma sequência de passos, e assim por diante.


Mesmo assim, o jogo tem vários trechos complicados que tiraram a minha paciência. Muitas partes contam com grandes quantidades de inimigos, plataformas com saltos complicados e armadilhas que matam com um único acerto, bastando um único erro para morrer. O problema é que muitos desses pontos exigem executar ações bem específicas com precisão para serem superados (como a habilidade de corte horizontal no ar), sem espaço para erros. Para piorar, os checkpoints entre esses trechos costumam ser distantes, o que significa refazer longas partes complicadas novamente.

Com insistência e até mesmo memorização eu consegui completar esses desafios, e é muito recompensador atravessá-los com sucesso. Mas o sentimento de irritação e até mesmo frustração me dominaram às vezes — esteja preparado para repetir várias vezes algumas partes, ainda mais se você não for muito habilidoso em jogos de plataforma.
 


Uma aventura retrô contemporânea

Cyber Shadow honra o passado com uma incrível ambientação inspirada em clássicos 8 bits. Os gráficos em pixel art têm aquele estilo retrô adorável, mas há modernidade com elementos elaborados, fluidez de movimentação e cenários com várias camadas. A trama se passa em um mundo futurista devastado, porém existe uma boa diversidade temática de estágios. Já a música combina chiptune, sintetizadores e guitarras em composições com melodias elaboradas e memoráveis. O resultado é um jogo do passado para os tempos atuais.


Uma característica que me surpreendeu foi a trama e a construção do mundo, que é mais complexa do que aparenta. A jornada de Shadow começa simples e vai ficando mais elaborada com o avançar do jogo, com algumas boas reviravoltas. A trama é contada por meio de várias cenas não interativas animadas, e elas são bastante belas e interessantes. Além disso, pelos estágios estão espalhados inúmeros computadores que dão mais detalhes da história, sendo um ótimo incentivo para explorar melhor cada canto. O texto está completamente em português e a localização é notável, contando com termos e gírias bem colocadas.

Na parte de conteúdo, Cyber Shadow é conservador e conta com uma aventura com pouco mais de dez capítulos. Fora os segredos escondidos nos estágios, o título conta com conquistas para estender o tempo de jogo, muitas delas exigindo derrotar chefes sob certas restrições — me diverti ao me desafiar tentando completar essas tarefas opcionais. A duração é correta e sem exageros, mas alguns extras seriam bem-vindos, como uma opção para rever as cenas ou enfrentar novamente os chefes sem começar um novo arquivo do zero.
 

Ação ninja de primeira

Cyber Shadow empolga com sua ação acelerada e precisa, em uma aventura moderna inspirada em clássicos. É bastante divertido controlar um ninja cibernético por estágios repletos de situações diversas que exigem domínio de suas várias habilidades, em uma jornada que surpreende com frequência. O desafio é constante e não há muito espaço para erros, mas a presença generosa de checkpoints ameniza as derrotas. Mesmo assim, é importante estar preparado para enfrentar picos de dificuldade irritantes. A ambientação retrô cativa com o elaborado visual pixel art estilo 8 bits, com a música que mistura chiptune e instrumentos reais e com um mundo bem construído. No fim, Cyber Shadow é uma experiência de plataforma excepcional e imperdível.

Prós

  • Mecânicas de jogo simples e ágeis focadas em precisão;
  • Desenho de níveis variado que explora as habilidades do protagonista de forma criativa;
  • Ambientação ímpar com visual pixel art 8 bits, trilha sonora empolgante e trama envolvente.

Contras

  • Alguns trechos com armadilhas de morte instantânea são desagradáveis e repetitivos;
  • Ausência de extras significativos.
Cyber Shadow — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Yacht Club Games

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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