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Análise: Iris.Fall (Multi) – Manipulando luz e sombra para decifrar quebra-cabeças e um mistério

Descubra os segredos de um teatro abandonado enquanto decifra desafiantes quebra-cabeças nesta modesta aventura.


Com tantos títulos focados em ação desenfreada, controles precisos ou velocidades impressionantes, sempre é bom se permitir uma mudança de ares com jogos mais leves e menos intensos para ajudar a relaxar e colocar boa parte das ideias em ordem.



Em Iris.Fall, somos convidados a ajudar uma garotinha a desvendar os segredos de um teatro abandonado para resolver um mistério que pode estar diretamente relacionado a ela. Para isso contaremos apenas com nossa astúcia ao manipular fontes de luz para gerar sombras que nos permitirão ajudá-la nesta modesta e carismática aventura.

Luz e sombra

Nossa protagonista é uma garotinha chamada Iris, que acorda depois de um estranho pesadelo e é surpreendida por um gato preto que lhe chama a atenção, atraindo-a até um teatro abandonado. O local conta com algumas peculiaridades, sendo a principal delas livros mágicos que fazem o usuário alterar seu plano de existência, permitindo que deixe o mundo real e se projete apenas como uma sombra, capaz de interagir com as demais projetadas na superfície. Boa parte do jogo se baseia nesta mecânica.

A maioria dos quebra-cabeças tem como base a manipulação de fontes de luz e as sombras projetadas por objetos em uma superfície, como uma parede. Alterando a posição da luz ou dos objetos, é possível criar caminhos para resolver os diversos enigmas que encontramos no teatro. Alguns destes exigem que usemos objetos coletados para gerar algum tipo de alteração no cenário ou na projeção que cria as sombras, permitindo o avanço no jogo.



Não existem inimigos ou obstáculos que nos façam perder uma vida. O máximo que pode acontecer é ficarmos presos na resolução de um quebra-cabeça por vários minutos tentando diversas combinações para decifrá-lo, tirando a necessidade de ser um jogador habilidoso. Os momentos em que controlamos a menina são puramente para se mover entre os dois planos de existência (real e sombra), coletar itens que são usados para a resolução dos quebra-cabeças e avançar no teatro até chegar ao próximo enigma que devemos decifrar.

Um ponto interessante a se destacar aqui é o nível de desafio destas charadas, que começam bem simples e básicas, com o intuito de apresentar ao jogador as mecânicas do jogo. Conforme avançamos, algumas delas se mostram capazes de literalmente quebrar sua cabeça para resolvê-las. Os enigmas finais, assim como a grande maioria até este ponto, foram muito bem elaborados, oferecendo uma dificuldade que deve agradar até o mais exigente dos jogadores nesse gênero.



Outro ponto que dá um destaque a Iris.Fall é sua direção de arte, que também tem a responsabilidade de assumir o papel narrativo do jogo. Não há diálogos ou textos que nos dão detalhes da história, que é toda contada conforme avançamos e conhecemos as entranhas do teatro, que revelam detalhes sobre a ligação da menina com o lugar e o porquê de ela estar ali. Os detalhes eu vou deixar de fora para evitar spoilers que podem estragar essa parte da experiência.

Áreas de penumbra

Apesar de ser ao mesmo tempo carismático e desafiante, alguns pontos sobre Iris.Fall não me conquistaram tanto, e o primeiro deles é justamente o que está atrelado aos elogios: a narrativa. Com uma arte acolhedora e que cumpre bem seu papel, a narrativa fica extremamente dependente deste setor para ser eficiente, podendo se tornar subjetiva demais e nos fazendo entender a história de forma errada ou simplesmente não saber o que está acontecendo.

Houve momentos em que eu fiquei sem entender alguns detalhes da trama por conta da forma lúdica escolhida para apresentá-la. Jogar o game mais de uma vez talvez ajude a resolver esse problema para alguém que, como eu, pode sentir falta de mais elementos narrativos, como textos ou diálogos, que dão uma direção mais certeira sobre o que a história está contando ao jogador.



Outro ponto que me deixou um pouco decepcionado foi a curta duração do jogo, que pode facilmente ser finalizado em poucas horas. É o típico jogo que podemos dizer que pode ser jogado para fazer a digestão depois do almoço. Antes da hora de você sair pra fazer alguma outra coisa, é bem provável que você já o tenha finalizado caso não tenha ficado muito tempo preso em alguns dos quebra-cabeças. O que nos leva ao terceiro ponto.

Como mencionado, os enigmas do jogo são muito bem elaborados e criativos, exigindo do jogador uma boa dose de astúcia para solucioná-los. Entretanto, alguns destes, principalmente os últimos, exigem bastante atenção e paciência para serem decifrados, algo que pode facilmente afastar jogadores menos insistentes ou até barrar o progresso de quem não tem paciência para coisas tão elaboradas.



Mesmo com uma função de ajuda, houve momentos em que fiquei vários minutos tentando uma resolução e em nenhum momento o jogo forneceu uma dica para agilizar minha tarefa. Isso me fez rever se a opção estava ativada ou se só podia ser acionada manualmente. Acabei finalizando o jogo sem nem ver essa função cumprir seu papel.

Um mistério gostoso de resolver

Assim como luz e sombra possuem suas interpretações positivas e negativas, Iris.Fall entrega uma história cativante e satisfatória com pontos positivos bem iluminados e destacados, e alguns negativos que são uma sombra nessa experiência que, no geral, é bastante agradável para jogadores casuais que não dispensam um bom desafio mental.

Prós

  • Direção de arte carismática que assume o papel de guiar a narrativa;
  • Quebra-cabeças criativos e desafiantes.

Contras

  • Narrativa muito subjetiva por não contar com elementos diretos como diálogos, narrações ou textos para explicar o que realmente está acontecendo;
  • Curta duração;
  • Alguns quebra-cabeças com nível de dificuldade muito elevado;
  • Sem modos extras ou ajuste de dificuldade.
Iris.Fall – PC/PS4/XBO/Switch – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela PM Studios

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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