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Análise: Bullet Echo (Mobile) é uma múltipla e desbalanceada experiência de tiro

Com quatro modos de batalha, o título da ZeptoLab seria muito mais divertido se não fosse tão desbalanceado.

Se você é adepto a experiências mobile, também deve sentir uma breve dificuldade em encontrar títulos variados que fujam dos excessivos battle royales e MMORPGs disponíveis nas principais lojas do mercado. Claro que, para as empresas, desenvolver jogos nesses moldes é muito mais lucrativo, principalmente por conta das microtransações.

Eu particularmente não tenho afinidade por esses formatos, mas me deixei levar por Bullet Echo, da ZeptoLab. O título apresenta uma experiência semelhante ao popular Counter-Strike: Global Offensive (PC), trazendo mais modos de batalha, recursos adicionais e incorporando um modelo PvP com diferentes elementos. Infelizmente ele é atraente por um curto período de tempo e não chega aos pés do jogo da Valve.

Quatro modos, múltiplos heróis

Bullet Echo tem uma estrutura de quatro modos de jogo que incluem: Sabotagem, Battle Royale, Rei do Pedaço e Operação. Sabotagem é o que mais se assemelha com CS:GO, em que você e mais quatro integrantes devem plantar uma bomba e mantê-la segura ou simplesmente tentar desarmá-la, dependendo do time escolhido no início da partida; em Battle Royale, você e mais dois integrantes devem sobreviver até o final, enquanto uma linha vai limitando o mapa; Rei do Pedaço é um modo solo e o último a sobreviver vence; por fim, Operação é um modo em que você e mais quatro jogadores se unem para as batalhas.

Antes de entrar em uma determinada partida, o jogador terá que escolher um herói, em meio a 21 personagens que são desbloqueados ao longo da jogatina por meio de eventos especiais, baús e microtransações. Cada um desses heróis vem com habilidades, visuais e equipamentos que garantem novas maneiras de abater seus alvos e há uma variedade de atributos diferentes para que cada um deles se adeque às estratégias definidas pelo jogador. Alguns heróis, por exemplo, têm longo alcance de visão, mas pouca saúde; outros têm curto alcance de visão e muita saúde.

Depois que você define o personagem jogável, o modo de batalha e vota em uma seção do mapa para começar, o ângulo da câmera muda para o ponto de vista como a de um pássaro quando está voando. Você navega seu personagem por salas e corredores utilizando a tela sensível ao toque do smartphone e mira por meio de uma espécie de lanterna, enquanto coleta munições e atualizações no chão. Ao encontrar um inimigo e localizá-lo no meio da escuridão, o disparo automático é acionado. No lado direito da tela, também existem alguns botões para recarga de munição, restabelecimento de saúde e acionamento da habilidade especial.

Ao finalizar uma partida, o jogador recebe alguns bônus como moedas, troféus, pontos de experiência, cartas de heróis, notas de dólares e baterias, tendo cada um desses recursos uma utilidade própria. As cartas e as notas de dólares são os itens responsáveis por atualizar um determinado herói e são os mais difíceis de coletar. Cada nível consiste em um esquema de dez upgrades, ou seja, você precisará treinar seu herói com moedas dez vezes para passar ao nível 2 e assim sucessivamente. Quando fizer isso, ainda terá que usar as cartas para atualizar, aumentando os status de Poder, Saúde, Dano e Armadura.

Em questão de dinâmica de gameplay, o título da ZeptoLab surpreende com controles responsivos e sem travamentos. Joguei em um ASUS Zenfone 3 e não tive qualquer problema relacionado a performance, tendo sempre garantida uma jogabilidade satisfatória e fluida. A furtividade é uma ótima aliada em combate e não saber o que uma parede está escondendo é bastante entusiasmante, quase como se tivesse jogando Silent Hill (PS).

Os belos visuais e gráficos modernos de Bullet Echo, principalmente com excessivas texturas noir e neon, são rapidamente incorporados ao gameplay bem executado, tornando a experiência excepcionalmente mais atrativa. É uma pena que toda essa estrutura de design e jogabilidade se perca em uma versão de jogo enxaguada e repetida que se torna frustrante com o passar do tempo.

Pague para ganhar ou perca

Achei as primeiras duas horas de Bullet Echo viciantes e divertidas. Logo, no entanto, o jogo é limitado por padrões e fica assustadoramente desbalanceado e refém de microtransações. Jogadores com heróis nível 3 têm sete vezes mais saúde e o triplo de quantidade de poder de tiro, enquanto os de nível 4 matam inimigos que podem não ser vistos no campo de visão. Desta forma, se você é do nível 1, já entra em batalhas contra esses “super esquadrões” que te matam imediatamente. 

Com o passar do tempo, você já não vai mais conseguir ficar em primeiro lugar como nas primeiras horas, porque simplesmente não tem as habilidades necessárias, a menos que gaste seu precioso dinheiro. Tudo fica tão repetitivo e ocioso que não há motivos para voltar a jogar e nem mesmo aquelas partidas de descontração serão mais as mesmas.

Pensando nisso, a ZeptoLab implementou um sistema de microtransações robusto e inteligente para que “todos” tenham acesso aos melhores e mais evoluídos heróis. Por exemplo: alcançar o nível 1 é muito fácil, mas, se o jogador não tiver cartas suficientes para chegar ao próximo, ele pode usar notas de dólares que são extremamente difíceis de coletar no modelo free-to-play. O título imediatamente reconhece isso e por meio de uma IA integrada direciona os jogadores para a loja com promoções especiais que garantem milhares desses passes. Se você comprar, poderá se divertir mais. Caso contrário, estará participando de uma guerra sem fundamento e decidida em poucos segundos.

Essa limitação no modelo free-to-play pode desencorajar o jogador, porque, se ele não conseguir um desempenho no mínimo razoável em uma partida, não receberá recompensas suficientes para treinar seu personagem e desbloquear novas habilidades. Até existem alguns baús que podem ser abertos ao concluir missões aleatórias do jogo, como matar cinco inimigos e assim por diante. No entanto, conseguir completar essas missões em batalhas ultra desbalanceadas é um desafio à parte e, mesmo concluídas, os itens não serão muito atraentes e irão lhe ajudar pouco a curto prazo.

Divertido, se não fosse tão desbalanceado

Bullet Echo conta com uma grande variedade de modos de jogo e opções adicionais, além de belos visuais e jogabilidade satisfatória, porém é atraente por um curto período de tempo e logo se vê dominado por um modelo pay to win inteligente e um sistema de batalhas desbalanceado e repetitivo. Se você estiver disposto a gastar algum dinheiro, o título da ZeptoLab pode ser interessante, mesmo que não haja nada de tão surpreendente e novo em seu estilo de gameplay.

Prós

  • Vários modos de jogo e opções de heróis;
  • Jogabilidade satisfatória e fluida;
  • Belos visuais modernos com neon.

Contras

  • Batalhas desbalanceadas e repetitivas;
  • Processo de desbloqueio de novos heróis na versão gratuita é lento e exaustivo;
  • Modelo free-to-play limitado.
Bullet Echo  Android/iOS  Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: Android

Revisão: Ives Boitano
Jogo adquirido pelo próprio redator e testado em um ASUS Zenfone 3

é entusiasta e apreciador de jogos com conceito artístico minimalista e narrativas de significado profundo. Acredita na potencialidade de cada experiência interativa e tenta extrair delas sentimentos humanos e existenciais. No GameBlast também escreve notícias, análises e especiais; no tempo livre produz roteiros autorais de séries e filmes. Criatividade, imaginação e curiosidade são algumas de suas características marcantes.
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