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Análise: Uppers (PC) coloca o jogador para lutar por fama e calcinhas

Uppers combina briga de rua e fanservice em uma experiência boa, porém enfraquecida por aspectos técnicos.

Desenvolvido em parceria entre a Marvelous (Senran Kagura) e a Bullets (Kenka Bancho), Uppers é um beat ‘em up que combina briga de rua com coleção de cartas e calcinhas de fãs. Originalmente lançado para PS Vita no Japão, o título finalmente chegou ao Ocidente agora, exclusivamente para PC (via Steam) no dia 21 de outubro.

Brigando por fama e garotas

Em uma ilha onde brigas de rua são algo comum, vários lutadores entram em combate para provar a sua força e algumas mulheres estão ávidas por ver essa fonte de entretenimento de perto. Dois jovens rapazes (Ranma Kamishiro e Michiru Sakurai) decidem então se tornar os mais fortes do pedaço para conquistar o amor de todas as gatinhas da ilha. O conceito é simples e estúpido, mas isso não pesa contra a experiência. Afinal, a história de forma geral possui outros elementos, como o backstory dos personagens, que tem alguns momentos interessantes.

Sendo bastante honesto, a história é de pouca relevância em comparação com o gameplay. O verdadeiro carro-chefe do jogo é o combate. É um título de beat ‘em up e o combate é sólido, com boa variedade para os combos e 13 personagens jogáveis. 10 deles são desbloqueados ao longo da história e existem diferenças entre os seus estilos de arte marcial.

Apesar dessas variações, o básico do combate é o seguinte. Para bater nos inimigos, o jogador pode encadear múltiplos ataques fortes ou usar um ataque fraco para terminar o combo e enviar o adversário para longe. Às vezes quando um oponente é arremessado para longe, é possível segui-lo usando um botão específico de follow-up. Por fim, ao manter o botão de defesa pressionado, os ataques dos inimigos ficam um pouco mais lentos e é possível desviar e realizar counters, algo que pode ser bem útil na luta contra múltiplos oponentes ao mesmo tempo.

Porém, o que mais chama a atenção no combate é definitivamente as ações específicas de cada área. É possível correr nas paredes e disparar chutes (homing kicks) para derrubar vários oponentes seguidos ou girar em postes derrubando tudo que ousa se aproximar. Tem um lixo, uma bicicleta ou um carro na rua? Arremesse ele nos oponentes. Você pode também empurrar tanto os oponentes contra as paredes que algumas delas quebram.

Há também determinadas zonas que ativam efeitos verdadeiramente exagerados. Isso inclui arremessar um oponente contra um helicóptero em movimento ou contra placas eletrificadas. Esse nível de insanidade é absolutamente bem-vindo e um dos charmes do jogo, especialmente porque são movimentos simples de executar e adicionam variedade às possibilidades de ataque.

Outro elemento importante são as fãs que estão presentes pelos cenários. Em vez de serem apenas figurantes, elas oferecem missões especiais que o jogador pode resolver para cativá-las. Graças a missões como “Atire um carro” ou “Quebre uma parede”, o jogador é incentivado a explorar as opções oferecidas pelas fases. Cumprir esse objetivo extra acelera o ganho de pontos de tensão, uma barra que permite ativar o estado Upper, que fortalece temporariamente o personagem com combos mais longos e um golpe especial (Upper Rush) ao encadear ataques. Além disso, é possível obter cartinhas colecionáveis.

Ao atacar um inimigo próximo da plateia também é possível obter um bônus chamado Panty Slots. As saias das mulheres levantam e a combinação específica de suas calcinhas determina um benefício, que pode ser, por exemplo, melhoria no ataque ou recuperação de vida.

Defeitos pequenos, porém incômodos

Apesar de bastante divertida, a experiência do jogo sofre com alguns problemas técnicos. Como mencionei anteriormente, o título foi originalmente desenvolvido para o PS Vita e alguns elementos de design pensados para o portátil ainda se fazem presentes na nova versão, reduzindo consideravelmente a diversão do título.

Primeiramente, vale destacar que as áreas são usualmente corredores pequenos e alguns elementos do cenário são bem pouco detalhados. É possível ver, por exemplo, os contornos poligonais das garotas que ficam na torcida. Esses problemas são mínimos e acabam não sendo tão fáceis de reparar.

O que realmente chama mais atenção e afeta a experiência são as outras restrições. Uma delas é a área de renderização do jogo, que é bem pequena. Isso faz com que seja fácil que as coisas saiam do campo de visão, mas, em vez de o jogo apagar objetos e personagens, ele faz com que os inimigos que já notaram o jogador teleportem pela fase. É literalmente um warp, ou seja, correr de um oponente pode fazer com que ele apareça do seu lado ou bem atrás de você.

Problemas com a câmera são comuns

Mas o problema mais grave é a câmera. Apesar de ser possível escolher entre uma versão mais próxima e outra mais afastada, na prática o distanciamento é muito pequeno. Com a visão muito colada no personagem, há momentos em que inimigos podem ficar escondidos pela tela ou difíceis de ver. Isso piora pelo fato de a câmera ser dinâmica. Assim, mesmo que o jogador tente ajustá-la, basta chegar em um canto da tela para que ela se adapte e deixe o combate impossível de ver por causa de paredes e outros objetos. Isso é muito frequente e atrapalha muito o jogo.

Por fim, também destaco que o progresso no jogo é restrito por uma mecânica de adoração. Ao final de cada fase, o jogador recebe um ranking dependendo de seis fatores: tempo gasto, maior combo feito, Panty Slots, Upper Rush, empolgação da audiência e cartas recebidas de fãs. Quanto maior o ranking obtido, mais pontos de adoração o jogador recebe. É necessário conseguir 60% de adoração em um capítulo para abrir a sua fase final. Ou seja, o jogador pode ser forçado a repetir as fases e tentar obter melhores pontuações, uma restrição que só torna o título mais enfadonho para quem quer avançar e desbloquear novos personagens.

De forma geral, Uppers é um beat ‘em up cujo combate é bastante divertido, mas cujos pequenos defeitos técnicos acabam enfraquecendo muito a experiência. Ainda vale a pena conferir para entusiastas do gênero já que o combate oferece boa variedade e golpes exagerados, mas ele não se destaca em relação ao que já existe no mercado.

Prós

  • Combate sólido, com várias opções de combo;
  • Algumas áreas permitem golpes exagerados como arremessar inimigos em helicópteros ou placas eletrificadas;
  • Realizar missões para as fãs é uma boa forma de explorar outras formas de jogar;
  • 13 personagens jogáveis com estilos um pouco variados.

Contras

  • Câmera muito próxima e que atrapalha a visibilidade do combate com frequência;
  • Restrição de progresso por meio da mecânica de adoração fortalece a sensação de repetição;
  • Inimigos frequentemente teleportam para perto do jogador devido à pequena área processada;
  • Visualmente, alguns elementos do cenário, como as garotas, são pouco detalhados, com uma aparência poligonal.
Uppers – PC – Nota: 7.0
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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