Top 10

Turbografx16/PC Engine: os dez melhores jogos do console da NEC

Apesar de ter ficado apenas na lembrança, o eterno "terceiro colocado" da geração 16-bits teve uma biblioteca de jogos variada e de muita qualidade.


Se você gosta de games e tem menos de 30 anos, é possível que já tenha ouvido falar da dupla TurboGrafx-16 e PC Engine. Mas se você, como eu, já passou dos 30 e cresceu lendo as clássicas revistas de games dos anos 1990, como Ação Games e Video Game, é provável que tenha lembranças nostálgicas de fotinhos em baixa resolução que mostravam os interessantes — e praticamente inacessíveis — games destes consoles.


O PC Engine foi lançado no Japão, em 1987, fruto de uma parceria entre a NEC Corporation e a Hudson Soft. No mercado Ocidental, o aparelho desembarcou em 1988, com o nome de TurboGrafx-16. Apesar de ter feito um sucesso tremendo em terras nipônicas, no resto do mundo o console de 16-bits (que na verdade era de 8-bits, mas isso é outra história) não conseguiu concorrer com o alcance global da Nintendo.
Nas páginas da revista Video Game
Aqui no Brasil a coisa era ainda mais difícil: sem lançamento oficial em um cenário dominado por clones de Nintendinho e pelo marketing agressivo da Tec Toy, responsável pelos produtos da SEGA aqui, o TurboGrafx-16 era só uma ideia distante, que ficava na periferia das já mencionadas revistas da época. 

Com tantos bons games presos num aparelho pouco popular, decidi fazer uma lista com os títulos que, na minha opinião, são indispensáveis nestes consoles. Mas lembre-se: apesar de levar em consideração fatores como relevância histórica e sucesso comercial, essa é uma lista pessoal e de opinião. Portanto aproveite-a como o que ela realmente é: apenas sugestões de jogos bacanas e diferentes, de gamer para gamer.

10 – Air Zonk


Produzidos pela mesma Red Company, Bonk's Adventure (1989) e Air Zonk (1992) fazem parte da mesma franquia, incluindo até o vilão principal. Zonk é uma versão moderna e radical de Bonk, com cabelo espetado e óculos escuros. Moderna para os anos 1990, é claro. O gameplay também é completamente diferente: Air Zonk é um shooter horizontal repleto de ação, chuva de balas e alto desafio.

Mas para os novatos, o game oferece diversas opções de dificuldade e suporte, deixando-o mais acessível e agradável. Assim como seu irmão mais velho, o jogo esbanja carisma, com personagens engraçados, muitas cores vibrantes e músicas empolgantes. Em um console repleto de shoot'em ups excelentes, Air Zonk se destaca como um dos melhores!

9 – Victory Run


Victory Run é uma clara resposta ao sucesso de Out Run. Lançado pela Hudson Soft exclusivamente para o PC Engine, em 1987, chegou ao TurboGrafx-16 dois anos depois. Como no clássico da SEGA, o jogador percorre um percurso contínuo repleto de checkpoints. Entretanto neste aqui a corrida não é só contra o relógio, mas também contra outros competidores no famoso Rally Paris-Dakar.

No início da corrida — e em cada checkpoint subsequente — o jogador pode mexer na configuração do carro para facilitar nos diferentes percursos do rally, além de ter de cuidar das peças danificadas. A fórmula ficou tão bacana que a própria SEGA replicou o esquema em Turbo Out Run, sequência de seu sucesso de 1986. Se você é fã de Out Run, Super Hang On e Top Gear, não deixe de experimentar essa pérola!

8 – Splatterhouse


Splatterhouse é um jogo muito simples e que em alguns momentos lembra games como Kung Fu e Vigilante. Ou seja, basta andar numa direção e bater em tudo o que aparece pela frente. Mas tem algo de muito catártico em pegar um pedaço de madeira do chão e grudar os monstros na parede oposta com uma paulada! A jogabilidade repetitiva é compensada pela atmosfera de terror e pelo visual fantástico.

O jogo da então Namcot teve sua estreia em 1988 nos arcades, ganhando um port para o TurboGrafx-16 no mesmo ano. Apesar de excelente, a versão teve diversas mudanças que diminuiram a violência gratuita. Mesmo assim, o título foi lançado no console com uma mensagem na caixa que dizia "O aterrorizante tema deste jogo pode ser inapropriado para crianças... e covardes". Não tinha como ser mais chamativo para os moleques da época! 

7 – Military Madness


Military Madness foi um dos precursores nos consoles domésticos de uma fórmula que hoje já está firme e consagrada: jogos de estratégia em turnos. O título de 1989 da Hudson Soft segue uma narrativa que se passa na lua, num futuro próximo, e conta com todos os clichês dos gêneros militar e ficção científica. Entretanto, o jogo realmente brilha pelas suas mecânicas.

O jogador controla diversas unidades de um batalhão e deve levar em conta o poder de cada uma e modificadores como o terreno antes de entrar em conflito. Na hora dos encontros, o game mostra uma animação mais próxima, lembrando muito a série Wars, da Nintendo. Para quem não acompanha o gênero, pode ser um pouco intimidador, mas se você já jogou Advance Wars vai se sentir em casa.

6 – Bloody Wolf


Bloody Wolf! Que nome, meus amigos! Lançado originalmente nos arcades, em 1988, pela Data East, chegou ao TurboGrafx-16 no ano seguinte, numa versão ainda melhor do que a original. É um título daqueles que são crias de sua época: enredo absurdo, jogabilidade arcade repleta de tiroteio e toda aquela vibe de filmes de ação dos anos 1980. O jogo tinha até um sósia do Schwarzenegger na capa!

O gameplay é uma mistura de Contra e Commandos: basta andar para o lado, matar todo mundo e, ocasionalmente, salvar alguns reféns. Entre os power-ups? Uma vitamina que aumenta os músculos! É um jogo de ação sem vergonha de entregar diversão pura e sem filtro.

5 – Alien Crush + Devil's Crush

Ok, aqui eu vou trapacear pela primeira vez nessa lista. Não tenho como separar estes dois excelentes jogos de pinball virtual criados pela Compile. O primeiro da série, Alien Crush, é exclusivo do TurboGrafx-16 e foi lançado em 1988. Já o segundo, Devil's Crush, chegou um ano depois e também ganhou uma versão para Mega Drive.

A jogabilidade e física nada realistas destes pinballs antigos pode não agradar muito nos dias de hoje, mas na época eram absolutamente normais e satisfatórias. O ritmo mais cadenciado favorece a exploração dos cenários, visto que mais do que simples mesas de pinball, estas são aventuras com missões específicas e metas a serem atingidas. Ambos esbanjam personalidade, com visuais macabros e temas demoníacos que só ajudam a criar uma atmosfera única.

4 – Trilogia Bonk


Mais uma trapaça na minha lista! Mas estes também são jogos difíceis de separar, estão na mesma franquia e são muito similares, sem grandes novidades entre eles. Bonk's Adventure, Bonk's Revenge e Bonk 3: Bonk's Big Adventure foram todos criados pela Red Company e talvez sejam as crias mais famosas do TurboGrafx-16. Digo isso porque todo gamer das antigas pelo menos já ouviu falar de Bonk. E não é à toa, os jogos são realmente muito divertidos e carismáticos.

Numa época em que Mario e Sonic eram reis — assim como seus respectivos consoles — a série Bonk estava sempre ali, na sombra. E seus fãs juravam que era tão boa quanto suas rivais. Guerra dos consoles à parte, não dá para negar que estes são títulos super divertidos, com animações engraçadas, visual cativante e boas doses de desafio. Talvez o maior pecado de Bonk seja a repetitividade: os três não apresentam tanta evolução.

3 – Neutopia


O Super Nintendo teve A Link to the Past, o Mega Drive teve Crusader of Centy e o TurboGrafx-16 teve Neutopia. Dos três, Neutopia talvez seja o mais sem graça, mas ainda assim é uma ótima pedida para os fãs de Zelda que procuram uma aventura no mesmo estilo. Produzido internamente pela própria Hudson Soft, este RPG de ação desembarcou no PC Engine em 1989.

Lançado depois de The Legend of Zelda (1986) e antes do refinado A Link to the Past (1991), Neutopia parece, de fato, ser um produto deste período: é mais fluido e acessível que o primeiro Zelda, mas ainda repete algumas falhas de design que ALttP corrigiu com sobras. Apesar disso, é uma aventura muito competente e figura fácil entre os melhores jogos do TurboGrafx-16.

2 – Soldier Blade

Vou ser sincero, não gosto muito da sonoridade da placa de som do PC Engine/TurboGrafx-16, mas a trilha sonora de Soldier Blade sozinha já faz o jogo valer a pena! Produzido e lançado pela Hudson Soft em 1992, o game é o quarto jogo — e o ápice — de uma série de shoot 'em ups que começou em 1986 com Star Soldier, no Famicom e no MSX.

Como já deu para perceber, o TurboGrafx-16 é uma máquina recheada de shooters fantásticos, mas Soldier Blade se destaca em todos os quesitos: trilha sonora empolgante e grudenta, pixel art lindíssimo que dá vida a um visual que foge da mesmice dos jogos de nave, ação frenética sem slowdowns, e power-ups que fazem você se sentir invencível... até morrer no meio da chuva de balas característica do estilo.

1 – Ninja Spirit 

Ninja Spirit é um jogo de ação tão competente e divertido que, na minha opinião, se tivesse sido lançado em uma plataforma com mais alcance, como o Mega Drive ou o Super Nintendo, provavelmente seria lembrado como uma das pérolas desses consoles. O jogo da japonesa Irem foi lançado primeiro nos arcades, em 1988, mas sua versão mais famosa foi a do TurboGrafx-16/PC Engine.

O game lembra bastante a referência maior deste estilo, a série Shinobi, com controles precisos, ação frenética, diversas armas, poderes especiais e desafio sempre crescente. Apesar das claras influências, o título também traz mecânicas originais, como o uso das "sombras" do Ninja, que pode se multiplicar em até quatro, e golpes em diversas direções.

O original dos arcades ganhou um port para o  Nintendo Switch através da série Arcade Archives, mas a versão de TurboGrafx-16, apesar do visual ligeiramente mais simples, faz muito bonito e merece destaque especial!
Você deve estar pensando: "Ei, alguns clássicos ficaram de fora!". Sim, é verdade. Estes são apenas dez ótimos títulos de um console que conta com uma rica e diversificada biblioteca de jogos. Há espaço para, pelo menos, mais um Top 10 e já estamos trabalhando nisso. Enquanto isso, não esqueça de escrever aí nos comentários quais são os seus jogos favoritos deste pouco apreciado console.
Revisão: José Carlos Alves

Comunicador e colecionador. Já foi Sega kid e Nintendo kid, agora é retro "kid". Está no Twitter em @carloscirne e faz vídeos no YouTube no canal CirneStuff.
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