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Análise: Disc Room (PC/Switch) — escapando de serras em uma aventura intensa de ação

Explore uma estranha construção alienigena neste título indie de dificuldade acentuada.


Em Disc Room precisamos escapar de serras e outros perigos em fases de desafio crescente. O conceito principal deste dodge 'em up é simples, sendo impressionante como essa ideia é explorada de maneiras criativas em uma experiência que combina destreza, ação e até mesmo elementos de puzzle. Ele apresenta dificuldade acentuada, mas fases curtas e um ciclo ágil minimizam a frustração. O resultado é um jogo viciante e exótico, mesmo com alguns pequenos problemas.

Esquivando de discos e outras armadilhas letais

Uma estranha estrutura apareceu na órbita de Júpiter e um grupo de cientistas foi enviado para investigá-la. Mas depois de adentrar o local, a comunicação com a equipe cessou, o que deixou todos apreensivos. Diante disso, um único pesquisador recebeu a tarefa de ir até a estrutura em busca do grupo desaparecido. Chegando lá, ele descobre que o local está repleto de armadilhas, porém há chances de que os cientistas ainda estejam vivos.


A aventura de Disc Room é dividida em pequenas salas repletas de discos letais que matam com um único acerto, e o objetivo principal é desviar deles e sobreviver por algum tempo. Cada estágio tem tarefas que precisam ser cumpridas para liberar as próximas áreas, como sobreviver por dez segundos, morrer por diferentes tipos de serras, derrotar inimigos ou fazer ações específicas. Pelo caminho, o cientista adquire habilidades que aumentam sua chance de sobrevivência, como uma investida para escapar de perigos, um poder que permite deixar tudo em câmera lenta ou explosões que afastam os discos.

A dificuldade é elevada e morrer é algo corriqueiro — em muitas das salas, sobreviver por cinco segundos é um desafio imenso. Isso não chega a ser um problema, pois o reinício é praticamente instantâneo e o ritmo é ágil, com estágios curtíssimos. Além disso, a progressão não é linear e podemos tentar outras rotas caso apareçam desafios muito complicados. Disc Room deixa claro que sua intenção é ser difícil, mas, mesmo assim, o jogo é acessível ao oferecer inúmeras opções para amenizar o desafio, como diminuir a velocidade dos discos ou os requerimentos das tarefas.
 


A diversão de morrer de inúmeras formas

A forma como Disc Room explora a sua mecânica principal me surpreendeu. Os desafios do jogo apresentam um misto de destreza, experimentação, puzzle e ação, em uma experiência bullet hell focada em escapar. Apreciei, em especial, a variedade de situações: em uma sala, desviamos de serras que rebatem pela tela; em outra, pequenos discos perseguem o personagem; em mais uma arena, precisamos evitar um monstro que aparece no chão enquanto escapamos de círculos de espinhos que giram erraticamente pelo cenário. As regras também mudam de acordo com o local, como uma área repleta de verde em que o tempo só é contabilizado em um círculo no meio do estágio e lutas contra chefes em que precisamos coletar orbes para danificar os monstros.


A dificuldade é bastante alta, mas não chega a ser um problema, pelo contrário: toda vez que eu era derrotado, tentava entender como superar o desafio. Às vezes era só uma questão de ser mais atento e desviar melhor das coisas, em outros momentos a solução foi usar uma habilidade diferente. Cada estágio permite diferentes abordagens e gostei de testar as possibilidades. Pela aventura, há também elementos de puzzle mais abrangentes. Uma tarefa de uma fase, por exemplo, exigia morrer quando quatro discos estavam na tela, mas só dois apareciam naturalmente — precisei usar um dos poderes para conseguir criar mais serras. Muitos desses enigmas não são simples e sempre fiquei intrigado tentando resolvê-los.


A aventura em si não é muito longa, sendo possível terminar a campanha principal em menos de duas horas. Depois disso, aparece o modo difícil, que apresenta estágios ainda mais complicados — completá-los foi um desafio e tanto. Claro, o tempo de jogo depende muito da perícia do jogador; eu mesmo fiquei muitos minutos insistindo em uma única fase. Há conteúdo opcional, como desafios com restrições e salas complicadas de liberar, assim como pequenas tirinhas que contextualizam a história. Para quem gosta de competir, cada fase conta com um placar online com os recordes dos jogadores. No geral o saldo é positivo, pois a jornada e o conteúdo são concisos e bem amarrados.


Mesmo com o ciclo ágil, alguns poucos detalhes me incomodaram no jogo. O movimento de muitas das serras é um pouco aleatório e imprevisível, o que cria situações frustrantes e extremamente complicadas às vezes. Entendo que esse recurso foi utilizado para trazer uma experiência única em cada tentativa, mas acredito que o jogo seria um pouco mais agradável com um pouco menos de aleatoriedade. Fora isso, encontrei problemas técnicos (como lentidão e engasgos, algo estranho em um título visualmente simples) e um bug constante em que o personagem ficava preso nas paredes ao usar certas habilidades, o que me atrapalhou bastante. Torço para que eles sejam resolvidos no futuro.

Uma aventura complicada e viciante

Disc Room é um ágil e único dodge 'em up. Escapar de discos letais e outros perigos em pequenas arenas é simultaneamente difícil e empolgante, e a graça é justamente tentar descobrir como superar os inúmeros estágios complicados. Há boa variedade de situações pela aventura compacta, com enigmas, segredos e um modo mais difícil para aqueles dispostos a encarar um bom desafio. Pequenos problemas técnicos e algumas questões de balanceamento atrapalham a experiência, porém opções para ajustar a dificuldade permitem que jogadores de diferentes níveis de habilidade possam aproveitar a experiência. Breve e intenso, Disc Room é para aqueles que buscam um bom desafio.

Prós

  • Conceito simples explorado em partidas ágeis, que exigem destreza e um pouco de sorte;
  • Boa variedade de situações pelos estágios;
  • Presença de opções para alterar a dificuldade torna o título acessível.

Contras

  • Aleatoriedade e imprevisibilidade às vezes atrapalham;
  • Presença de bugs e problemas técnicos.
Disc Room — PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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