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Análise: Exp Parasite (Multi) traz o melhor e o pior dos jogos de plataforma clássicos

Mesmo com apresentações ruins e picos na dificuldade, game traz boas mecânicas e fases divertidas.

A indústria dos games frequentemente vê a chegada de jogos com uma pegada antiga. Seja pelos gráficos pixelados, mecânicas tradicionais ou desafios extremos, esses títulos têm um público fiel. Exp Parasite (Multi) utiliza essa temática em um jogo de plataforma interessante, que reúne ideias divertidas e visual retrô. Mas será que ele consegue ir além da proposta clássica? Vamos conferir nesta análise.

Um plataforma à moda antiga

A temática old school (ou retro gaming, entre tantos nomes) se tornou recorrente no mundo dos games. Em essência, ela busca trazer elementos dos títulos mais antigos e clássicos para a atualidade, oferecendo experiências de qualidade com uma pegada tradicional. Alguns jogos utilizam visuais pixelados, enquanto outros propõem desafios dignos das altas dificuldades dos games antigos.

Dentre os vários gêneros clássicos, talvez os jogos de plataforma sejam uns dos mais marcantes. Explorar cenários repletos de inimigos, abismos e espaços perigosos é sempre uma ótima pedida, além de terem uma implementação simplificada em relação a outros estilos. Vide sucessos clássicos como Mario, Strider e Mega Man, e nomes mais recentes como Rayman, Celeste e Super Meat Boy.
Uma simples, mas divertida aventura
É nesse contexto que temos Exp Parasite. Lançado em 16 de setembro pela Greyhead Studio LLC e produzido pelo estúdio Zimogor, o game conta com versões para PC, PS4, Xbox One e iPhone/iPad. O título tem elementos retirados diretamente dos primeiros jogos do gênero, como simplicidade, visual e nível de dificuldade.
É preciso acionar chaves para avançar pelo game
O enredo do game é muito simples: um alienígena parasita é colocado sob uma série de experimentos (que são as fases) para testar os seus poderes. Simples assim. Tal como vários predecessores mais antigos, a ideia aqui é focar na jogabilidade e nos desafios, sem se preocupar com maiores justificativas ou histórias de fundo.

Uma simples, mas divertida aventura

Cada fase consiste em sair de um ponto A até chegar a um ponto B. Para isso, o jogador deverá levar o parasita por uma série de seções de plataforma e inimigos. A maior habilidade do personagem é a sua capacidade de “inverter” a gravidade, que lhe permite desviar de perigos e avançar pelos cenários.
Espinhos, lasers e outras dificuldades te esperam em cada fase
Alguns talvez reconheçam essa mecânica do game VVVVVV, também um plataforma que permite a mudança de orientação do personagem. A diferença aqui é que o parasita não pode alterar a gravidade durante o movimento. Ou seja, é preciso pensar bem antes de realizar a manobra.

Isso exige um nível maior de planejamento no game, além da óbvia agilidade nos comandos. As fases contêm os familiares espinhos, plataformas, abismos e muitos inimigos para atrapalharem a exploração. No geral, a única alternativa é esquivar deles e seguir em frente até o final, onde um chefe aguarda pelo jogador.
As lutas contra os chefes exigem ainda mais habilidade
Esse, aliás, é um ponto que gostei bastante. Mesmo sendo relativamente simples, Exp Parasite consegue oferecer várias batalhas contra chefes divertidas e originais. Além deles, o game sempre traz alguma novidade em cada fase de forma organizada e agradável, como novos dispositivos controláveis e inimigos.

Qualidade em alguns quesitos, problemas em outros

A jogabilidade é bastante sólida, o que é quase uma obrigação dada a proposta simples. Perder quase nunca é uma questão de problemas técnicos do game, mas sim de falta de habilidade ou atenção. O “quase” fica por conta de alguns bugs (como a detecção das colisões) que, apesar de raros, prejudicam muito dado o alto nível de dificuldade.
É possível controlar certas criaturas para avançar
Falando em dificuldade, é preciso frisar que Exp Parasite é difícil. Tal como dito anteriormente, esse elemento é digno dos games antigos, que normalmente ofereciam desafios bastante significativos. Mesmo o nível fácil é exigente, pois ele meramente reduz a velocidade de movimento dos inimigos e obstáculos, mas também diminui a do parasita.

Para ser mais específico, o game é relativamente difícil com alguns picos de dificuldade exagerada. Nesses momentos, o título exige demais, quase obrigando o jogador a repetir as fases anteriores em busca de melhorias. Elas incluem aumento na quantidade de vidas e invulnerabilidade limitada, podendo ser compradas com recompensas obtidas por bater recordes de tempo ou ganhar no nível hard.
Habilidades extras podem (e devem) ser adquiridas
Outro ponto em que o título busca inspiração nos clássicos é o visual. Os gráficos são bastante simples, com aquela cara de “jogo velho de computador”, incluindo a paleta de cores chapada. Ainda assim, isso não prejudica a experiência e contribui para o clima nostálgico. A questão é que o jogo poderia ter parado sua inspiração no passado por aqui.

Nostalgia não é sinônimo de qualidade

Um dos graves problemas de Exp Parasite é o sistema de menus e demais telas. Eles realmente parecem ter saído de um jogo antigo (e feio), em um tempo quando a apresentação era limitada. A questão é que, ao contrário desses clássicos, que faziam pouco devido às restrições técnicas da época, o game analisado é do ano de 2020.
O menu principal é decepcionante
Não há desculpas para não ter um menu principal minimamente agradável ou alguma arte legal do parasita em uma tela de título. Mesmo a loja e a seleção de fases são pobres de ideias. Além de contribuir para o game ser mais atrativo, visuais legais ajudariam na imersividade do jogador, que teria mais interesse em prosseguir.
Uma seção digno do famoso Flappy Bird
Os menus também contam com um bug que trava o jogador na tela ao perder a sua última vida. Dada a proposta simples do game, realmente é uma decepção ver esses problemas que prejudicam significativamente o aspecto e o desempenho gerais. Para terminar, sons e músicas são apenas medianos, mas se salvaram por lembrar clássicos como o ótimo Dangerous Dave (PC).

Um bom jogo com um mau acabamento

Exp Parasite (Multi) traz uma aventura de plataforma com uma forte pegada dos jogos mais antigos do gênero. Infelizmente, se por um lado temos as qualidades vistas em títulos clássicos, por outro também temos os problemas. No final, o saldo é ligeiramente positivo: explorar as fases é uma experiência divertida e desafiadora, com uma boa dose de surpresas e emoção. Fica a dica para os jogadores que curtem um bom jogo de plataforma “raiz”.
Muitos desafios em Exp Parasite

Prós

  • Ótimo uso do gênero plataforma, oferecendo uma experiência ao mesmo tempo original e familiar;
  • Mecânicas de jogo excelentes, oferecendo (quase sempre) fases divertidas e desafiadoras;
  • Visuais e sons do game em si apresentam uma temática clássica interessante;
  • Boa quantidade e variedade de fases para jogar;
  • Objetivos extras como recordes de tempo e recompensas aumentam as possibilidades de jogo.

Contras

  • Muitos picos de dificuldade exagerada, mesmo no nível “fácil”;
  • Apresentação geral do game é pobre e feia;
  • Mesmo com uma proposta simples, alguns bugs atormentam as partidas.
Exp Parasite – Multi – Nota: 6.0
Plataforma utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise realizada com cópia cedida pela Greyhead Studio LLC

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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