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Análise: No Straight Roads (Multi) é uma aventura incrível repleta de música e muita diversão

Ação, ritmo e plataforma são misturados com originalidade e qualidade, embora com alguns desafinamentos.

Na primeira vez que vi um trailer anunciando a futura chegada de No Straight Roads (Multi), ou NSR para encurtar, admito que fiquei entusiasmado. Sempre curti jogos musicais e a proposta de misturar o gênero com ação e plataforma parecia incrível. NSR consegue entregar uma ótima e original experiência que, ainda que não seja digna de um disco de platina, certamente merece um lugar no topo das paradas.

Jogo novo de produtora nova

NSR é a primeira criação do estúdio malaio Metronomik. O jogo foi revelado no Tokyo Game Show de 2018 através de uma demo que, inclusive, fez bastante sucesso. Outras demonstrações foram liberadas ao longo do tempo, sempre com a mesma boa receptividade. Inicialmente, o game seria lançado na metade de 2019, mas acabou sendo postergado para o começo de 2020.
Bem vindo a Vinyl City!
As justificativas giraram em torno de maiores aprimoramentos e negócios relativos à publicadora Sold Out. Com a chegada da pandemia, mais um adiamento arrastou o lançamento para 25 de agosto, com versões para PS4, Xbox One, PC e Nintendo Switch. No final das contas, fico feliz pelos sucessivos atrasos terem ocorrido.

Eles certamente foram importantes para melhorar o game, que claramente possui vários elementos bem pensados e polidos. Não que ele não tenha problemas, como veremos mais adiante; a questão é que eles são somente algumas notas perdidas em meio ao grande show que NSR proporciona no estilo “hack and slash musical”.
O estilo visual do game é um dos destaques
No Straight Roads apresenta a história da banda Bunk Bed Junction, em sua missão de derrubar o poderoso império NSR (sim, tal como o nome do game). Para isso, eles irão enfrentar outros músicos poderosos, que apresentam desafios que misturam elementos de ação, plataforma e, obviamente, rítmicos. Tudo apresentado com belos visuais, bom humor e muito charme.

Um universo encantador

O primeiro dos maiores destaques de NSR é o seu mundo original e divertido. A história começa com a banda de rock Bunk Bed Junction, composta da guitarrista Mayday e do baterista Zuke, participando de um concurso musical no estilo The Voice. Esse evento, que também serve como tutorial, resulta em uma rejeição completa dos juízes, que também são membros da organização NSR.
Zuke (esquerda) e Mayday se apresentando para a aventura
O grupo é responsável pela criação de energia na cidade utilizando o poder da música. Logo, eles controlam que tipos de canções podem ser tocadas, rejeitando Mayday e Zuke por serem do estilo rock (a razão por trás disso é descoberta no final da história). Tristes com o resultado, a dupla perambula pela cidade de Vinyl City até se depararem com um imenso apagão.

A falta de energia, entretanto, visivelmente afetava uma parte específica da população. Irritados com todas essas injustiças, a dupla resolve se revoltar contra a NSR. Para isso, eles precisam derrotar todos os membros da tirana organização. A aventura conta com algumas reviravoltas, momentos emocionantes e muitos personagens excelentes, como o “fã número um” Kliff, a misteriosa Tatiana e o divertido DK West.
Os combates contra DK West são os mais musicais do game
Gostei muito da premissa e de boa parte do desenvolvimento da história. Infelizmente, ela tropeçou nas próprias pernas em alguns momentos e me deixou um pouco chateado com certos acontecimentos, sobretudo no final do game. Ainda assim, o resultado final é positivo, sobretudo graças às ambientações e aos personagens, cujas dublagens também são ótimas.
As animações são charmosas e divertidas
O universo de NSR é lindo, misturando vários tipos de temáticas diferentes. A cidade de Vinyl City é dividida em áreas, que por sua vez são inspiradas em ambientes orientais, tecnológicos, urbanos, entre outros. O visual dos personagens, que parecem ter saído de um desenho animado, são originais e agradáveis. Essas boas escolhas salvam os gráficos em si, que tem um nível semelhante ao da geração passada de videogames.

Ação mais música é igual à diversão

No Straight Roads apresenta uma jogabilidade que mistura três elementos diferentes: plataforma, ação e rítmico. O primeiro é bastante leve e sem maiores desafios, servindo principalmente para aumentar as opções de exploração e esconder alguns segredos. O destaque vai para a combinação dos dois últimos.
O poder da música dita o mundo de NSR
Ao enfrentar os inimigos, o jogador precisa ficar atento ao ritmo das músicas tocando no momento. Elas ditam o movimento e os ataques dos vilões, permitindo que Mayday e Zuke possam atacar, desviar e até contra-atacar nos momentos certos. É uma pena que nem todos os desafios tenham essa boa combinação, pois certas sessões de alguns chefes, sobretudo o final, praticamente não exigem atenção ao ritmo do combate.
O modo cooperativo local torna os combates ainda mais dinâmicos
Falando nisso, NSR é, basicamente, uma sequência de lutas contra chefes. Entre eles, existem algumas explorações da cidade de Vinyl City e pequenas seções mais próximas aos jogos de plataforma. Particularmente, gostei dessa estrutura, que me permitiu relaxar um pouco das intensas lutas contra os vilões principais.
Além de combates intensos, NSR traz seções divertidas de plataforma
Mayday e Zuke têm habilidades exclusivas. Enquanto a guitarrista bate mais forte, o baterista oferece combos mais elaborados. Cada um conta com vários golpes e poderes especiais, que podem ser liberados conforme o jogador avança na história e consegue mais fãs para a banda Bunk Bed Junction. Adesivos, que concedem efeitos passivos completam as opções de customização.

Show para todos os públicos

O nível de dificuldade é balanceado, servindo tanto para quem curte desafios exigentes quanto quem quer um jogo mais leve. Chefes podem ser enfrentados novamente a qualquer momento, permitindo que o jogador teste suas habilidades com opções mais difíceis e atinja resultados com notas mais altas. Por exemplo, o modo de bloqueio exige que os vilões sejam derrotados somente com contra-ataques.
Em busca da melhor nota durante os chefes
Como não poderia deixar de ser, outro grande destaque de No Straight Roads é a sua trilha sonora. Seja nos menus, nas explorações ou nas batalhas, todos os momentos são orquestrados com canções excelentes. Se a Bunk Bed Junction traz o rock como sua arma, os demais personagens trazem muitos outros ritmos igualmente incríveis.

Em um primeiro momento, pode parecer que NSR colocaria o rock com o gênero musical “bom” e os demais como “ruins”. Ao avançar pelo game, fica claro que ele serve apenas como uma motivação inicial para transmitir uma mensagem: todos os estilos são bons e merecem o seu espaço. Desde que não prejudiquem ninguém, todo mundo tem o direito de curtir os seus próprios gostos musicais.
A luta contra o DJ Subatonic Supernova é uma das melhores
Dados os tempos de intolerância em que vivemos, essa mensagem é bastante acertada. Cada uma das bandas e artistas do game traz um gênero diferente: Bunk Bed Junction – rock; DJ Subatonic Supernova – eletrônica; Sayu – pop; DK West – rap; Yinu – orquestral; 1010 – tecno; Eve – psydub (eletrônica mais psicodélica). Ou seja, uma verdadeira festa da diversidade, ressaltando que todos esses ritmos contam com ótimas canções.

Faltou afinar um pouco mais

Como eu disse anteriormente, fico feliz pelos adiamentos de NSR. Eu tinha uma expectativa muito grande por No Straight Roads e eles devem ter ajudado a reduzir potenciais problemas que, infelizmente, ainda existem na versão final. Claro que eles poderão ser corrigidos nas atualizações, como é de praxe hoje em dia, mas não há como escondê-los.
Bis! Bis! Bis!
Creio que os principais já tenham sido comentados ao longo da análise: gráficos simples, ausência da mistura entre os gêneros ação e rítmico e inconsistências em certos pontos da história. Os demais incluem erros ao carregar certas texturas, transições de telas abruptas, entre outros problemas técnicos menores, mas visíveis.

NSR tem muitos colecionáveis e itens interessantes, o que torna a falta de skins decepcionante. Seria muito legal customizar Mayday com uma roupa flamejante ou colocar Zuke para vestir uma indumentária parecia com a de seu irmão DK West. Mais uma vez, fico na esperança das atualizações também se atentarem a esses pontos.
A história é interessante e repleta de personagens carismáticos
Deixo meu elogio à produtora Metronomik, cujo primeiro produto já tem uma alta qualidade. Trazer novas e boas experiências ao concorrido mundo dos games é sempre desafiador e NSR conseguiu ser um título incrível. Ele consegue unir referências a nomes Jet Set Radio, Scott Pilgrim, Steven Universe e Psychonauts em um pacote original e interessante.
A estreia de NSR certamente é bastante promissora para futuros lançamentos
Mais do que isso, creio que a empresa tenha lançado um game com muito potencial, que pode render ainda mais novidades e aventuras musicais para os jogadores. No Straight Roads tem condições para ser expandido e, futuramente, receber continuações nos mesmos moldes. Seja pelos visuais, personagens, mecânicas e ambientações, o game é realmente muito bom.

Bunka! Junka! Shaka-laka-bam!

Após muita espera, finalmente No Straight Roads (Multi) chegou ao mercado trazendo uma apresentação musical excelente. Visuais charmosos, trilha sonora incrível, boas mecânicas de jogo e desafios interessantes compõem esse ótimo game. Mesmo que o show apresente certos problemas e inconsistências, a experiência é muito recomendada para os fãs de boa música e muita ação no estilo hack and slash.
Sucesso garantido nas paradas dos games!

Prós

  • Proposta de misturar ação com música é original e divertida;
  • Trilha sonora de qualidade, contando com faixas para todos os gostos;
  • Visuais do game são encantadores;
  • Jogabilidade simples e funcional;
  • Boa quantidade e variedade de desafios e melhorias.

Contras

  • Gráficos poderiam ter sido um pouco mais trabalhados;
  • Vários elementos inconsistentes, tanto do ponto de vista técnico quanto de enredo.
No Straight Roads – PC/PS4/Switch/XBO – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Emanoelly Rozas
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sold Out

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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