Blast Test

Star Renegades (PC): RPG e estratégia em um promissor título indie

Acompanhe um grupo de rebeldes interplanetários em um jogo que combina vários conceitos interessantes.


Star Renegades, novo título da desenvolvedora Massive Damage, Inc., parece, em um primeiro momento, mais um dos vários indies com visual pixel art e elementos roguelite. No entanto, bastam alguns minutos em seu universo para perceber características marcantes, como um combate por turnos altamente estratégico e vários outros sistemas intrincados. O jogo chegará ao PC em setembro e tive a oportunidade de testar uma versão beta que apresenta seus principais conceitos. Mesmo ainda estando em desenvolvimento, me impressionei com as suas mecânicas.

Enfrentando uma força maligna por várias dimensões

O universo foi dominado pelo Império, um implacável grupo que escravizou planetas e espalhou o caos. Uma cientista descobre que os invasores vieram de outra dimensão e parece que os eventos se repetem de maneira parecida em universos paralelos. Com sua realidade comprometida, a mulher decide mandar uma mensagem para seu eu de outra dimensão a fim de avisá-la — talvez assim a humanidade tenha alguma chance. De posse dessas informações, um grupo de rebeldes se organiza para enfrentar o Império. Mas caso algo dê errado, a luta continua: os dados serão repassados para outra realidade paralela para que um novo conjunto de heróis se organizem.

A estrutura de Star Renegades é baseada nessa premissa. Em cada uma das partidas, controlamos um grupo de uma das dimensões paralelas em missões diversas contra o Império. A estrutura da campanha é inspirada em roguelites e mudar a cada tentativa com mapas, heróis e inimigos diferentes. Há conteúdo desbloqueável entre as partidas, assim como uma narrativa mais ampla pelas campanhas.

Perigos e recursos pelas missões

A demo que eu testei consiste em duas missões que dão uma boa ideia da atmosfera e dos sistemas do jogo, mas sem explorar a fundo os seus aspectos de roguelite. O foco é Wynn Syphex, uma das protagonistas do jogo. Depois de ter um companheiro morto em combate durante uma emboscada, a garota jura vingança contra o Império e decide se juntar à causa rebelde.


As missões são divididas em trechos de exploração e combate. Os mapas são divididos em partes com interações, como pontos de interesse, locais com itens e combates. A movimentação é direta e focada, e normalmente o objetivo consiste em chegar até algum lugar. Em um primeiro momento, o mapa pareceu linear, mas depois de alguns eventos apareceram aspectos interessantes. A nova missão exigia chegar até um terminal para impedir que um grande inimigo invadisse a região, porém barreiras foram erguidas pela região e para atravessá-las era necessário hackear estruturas próximas. O problema é que o drone utilitário do grupo tinha energia limitada, logo eu precisei pensar a rota com cuidado, avaliando os perigos.

Pelo caminho, existem várias opções para fortalecer o grupo. Por meio de DNA é possível aumentar o nível dos personagens, o que melhora seus atributos e libera novas habilidades. Há também equipamentos com efeitos e raridades diversos. O recurso mais notável, porém, é a presença de acampamentos. Ao descansar nesses locais, os heróis podem usar cartas com efeitos variados, como recuperar a vida de aliados ou obter bônus de ataque por alguns combates. Estas interações aumentam o nível de relacionamento entre os personagens, e quando a amizade chega a certos níveis, ataques combinados são liberados.


Dominando a ação em batalhas táticas

O combate de Star Renegades é por turnos e tem várias mecânicas interessantes — arrisco dizer que, de longe, é a melhor característica do jogo. Durante os embates, uma linha do tempo indica quando cada aliado e inimigo vai agir, e diferentes técnicas permitem influenciar a ordem das ações.

O conceito mais importante das batalhas é o Crit: caso um inimigo seja acertado antes de agir, o dano se torna crítico e a sua ação é adiada na linha do tempo, o que dá mais espaço para os heróis agirem. Caso o marcador do oponente ultrapasse o limite da linha atual, ele recebe um Break e só voltará a agir na rodada seguinte, fazendo com que o grupo ganhe ações extras. Há um limite de quantas vezes o Break pode ser aplicado e chega um momento que você precisa enfrentar a investida inimiga. É necessário cuidado: os heróis também podem ser interrompidos sob as mesmas condições.


O foco, então, é pensar com cuidado cada ação para atrasar o inimigo e ganhar ações extras. O sistema mostra com clareza o resultado das habilidades, logo é perfeitamente possível fazer escolhas conscientes. Fora isso, existem várias outras questões a se considerar, como escudo e armadura, efeitos negativos e características passivas. Às vezes é melhor usar um golpe fraco e rápido para aplicar Break ao inimigo; em outros momentos, talvez a melhor alternativa seja utilizar um movimento mais lento e arriscado que explore as fraquezas do oponente; não fazer nada e se defender também é essencial quando um ataque fatal inevitavelmente virá a seguir.

Personagens com papéis distintos permitem diferentes abordagens táticas. Na demo, a protagonista Wynn Syphex é auxiliada por Nodo Kalthoris, um mercenário pistoleiro, e pelo androide Xurx Nrza. Wynn apresenta ataques de alto dano que têm dificuldade de afetar escudos e armadura; os movimentos do mercenário têm efeitos adicionais que permitiam manipular melhor a linha do tempo; já o androide conta com funções de suporte como aumentar a força dos aliados ou recuperar seus escudos. Alguns movimentos só podem ser ativados ao consumir Fury, uma energia obtida ao acertar Crits, inclusive os poderosos Combos. Pelo caminho, fui forçado a usar suas habilidades com sabedoria, pois os inimigos eram poderosos e não bastava somente atacar de qualquer jeito para vencer.


Para deixar as coisas mais interessantes, Star Renegades conta com um sistema no qual os oficiais do exército do Império sobem de patente e se fortalecem. Na demo isso foi exemplificado com um capitão que ataca o grupo durante a segunda missão. Este inimigo me trouxe a sensação de um combate de mini chefe: ele era bastante poderoso e exigia uma estratégia muito específica para ser vencido. Quando estava próximo de morrer, o capitão tentou fugir da batalha, mas consegui derrotá-lo — imagino que se ele tivesse fugido, ele apareceria novamente no futuro com força aumentada.

Todas essas características resultam em um sistema de combate robusto e altamente tático. Ele é também empolgante de ver: as animações são estilosas e elaboradas, mesmo sendo por turnos. Confesso que achei as mecânicas confusas em um primeiro momento por causa da interface com muitos elementos, inúmeros termos e muitos detalhes para gerenciar, porém após alguns embates já estava fazendo as ações naturalmente. Fiquei muito animado com o que experimentei, e a versão final promete ainda mais complexidade, como o grau de afeição dos personagens e diferentes classes.


Um RPG envolvente e promissor

Star Renegades reúne vários conceitos já estabelecidos em uma interessante experiência. A demo do jogo retrata bem suas várias mecânicas, como a exploração de mapas, o gerenciamento de personagens e o sistema de patentes dos inimigos. O grande destaque é o combate por turnos altamente tático e estiloso, e já foi possível perceber haverá muito espaço para diferentes estratégias e abordagens. Além disso, a versão final promete ainda mais diversidade com a presença de elementos de roguelite. Por sorte, não precisaremos esperar muito: Star Renegades chegará ao PC em 8 de setembro, e versões para consoles estão previstas para 2020.

Texto de impressões produzido com demo disponibilizada pela Raw Fury

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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