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Análise: Monument Valley 2 (Mobile) é uma jornada de independência em um mundo visualmente belo

Acompanhe a viagem de mãe e filha através de estruturas arquitetônicas pra lá de encantadoras.

Desenvolvido pela ustwo Games e publicado em 2017 para dispositivos móveis, Monument Valley 2 é o sucessor de Monument Valley, aclamado jogo de quebra-cabeça que apresenta ao jogador um mundo de estruturas geométricas ilusionárias. Na prestigiada sequência, a ustwo continua utilizando lições de design para entrosar uma história emocionante com mecânicas de puzzle, resultando em uma das experiências mais cativantes e divertidas dos últimos anos para os donos de smartphones.

Resolvendo quebra-cabeças em estruturas ilusionárias

O foco principal de Monument Valley 2 é movimentar partes de uma série de estruturas arquitetônicas, inspiradas principalmente pelas obras de M.C. Escher, artista gráfico holandês conhecido por suas construções impossíveis, a fim de guiar as personagens Ro e sua filha do ponto A ao ponto B de cada fase.

O jogador terá que interagir diretamente com peças móveis, alavancas e elevadores, movendo-os em várias direções, seja para cima, para baixo, para a esquerda, direita e até em 180 ou 360 graus. Também existem alguns botões que revelam ou abrem partes da estrutura, como portas e compartimentos; muitas vezes, essas ações permitirão criar ilusões de ótica para traçar um caminho de deslocamento para as personagens.
Novos compartimentos são revelados ao acionar um botão.
Em fases mais complexas, resolver um quebra-cabeça pode levar alguns minutos, pois o jogador terá que entender e perceber alguns padrões, já que o jogo busca uma alteração de perspectiva para realizar certas movimentações, colocando as personagens em diferentes posições, como de ponta cabeça. Existe uma única maneira de resolver cada quebra-cabeça, mas é preciso analisar a estrutura em todas as suas perspectivas para entender como atravessar.

Novos monumentos e desafios

A estrutura de Monument Valley 2 é semelhante ao jogo original de 2014, apresentando ao jogador um mundo geométrico, no qual ilusões bidimensionais criam efeitos tridimensionais encantadores. Ele é mais longo que seu antecessor, apresentando 14 capítulos em relação aos 10 do primeiro; porém, mesmo com suas próprias inovações e particularidades, a sequência continua sendo comprometida pela curta duração e pela falta de adições de novas mecânicas, já que exatamente quando o jogador se vê explorando novas possibilidades, elas acabam rapidamente. Apesar de não existir nenhum senso de urgência e frustração em resolver determinados puzzles, aqueles que esperam um jogo mais desafiador podem acabar achando a experiência um tanto insignificante.

A estética do mundo é complementada aos puzzles com paletas de cores mescladas com texturas e efeitos necessários para encantar. A obra é cuidadosamente estilizada para maravilhar os olhos do jogador e sua trilha sonora contempla uma sensação de realidade concreta ao mesmo tempo que está intrinsecamente ligada à jogabilidade e à movimentação de blocos.
Novo e contemplativo puzzle.
No geral, os quebra-cabeças são divertidos, interessantes e desafiadores, mas não muito diferentes do que já foi visto. Existem novas e mínimas adições, principalmente ao explorar o capítulo XII, intitulado como O Pomar. Nele, a ustwo Games nos apresenta a um novo e contemplativo puzzle, onde uma porta se abre e a luz é transmitida a uma planta que responde com um grande florescimento. A árvore florescida torna-se um trampolim para uma menina em sua jornada de amadurecimento. Mecanicamente falando, Monument Valley 2 continua revelando soluções por tentativa e erro, estabelecendo um equilíbrio entre simplicidade e complexidade em cada um dos desafios possíveis.

Caminhos diferentes ainda podem vir a fazer parte da mesma viagem

Diferente do jogo original, que contava com uma única princesa, aqui o jogador vai explorar e resolver puzzles em cenários místicos e multicoloridos com duas personagens jogáveis, exigindo uma movimentação separada a fim de que ambas trabalhem juntas para progredir.

Sentimentos fraternais e poderosos laços familiares contemplam a primeira parte da história de Monument Valley 2, nos fazendo sorrir pelo brilhante entrelaçamento entre personagens, onde ambas se comunicam através de gestos e expressões como abraços, nos conquistando pelo sentimento de quem está disposto a tudo pelo amor.

Com o passar do tempo, Ro consulta um oráculo misterioso, que a aconselha da importância de deixar sua filha ir, de florescer para se encontrar; quando menos se espera, já estamos controlando somente Ro e, momentos depois, somente sua filha, ambas sozinhas em vastos e belos mundos geométricos.

O jogo é construído em cima de um visual e de estruturas pela qual Ro e sua filha viajam em busca de autoconhecimento. É notável perceber que as movimentações de peças e os efeitos sonoros contribuem diretamente ao desenvolvimento da narrativa e isso se tornou ainda mais evidente para mim no capítulo XII.

Ao realizar os novos desafios apresentados e levar a pequena filha de Ro até o final da fase, fui surpreendido com um florescimento. A menina que momentos antes era pequenina, assim como a bela planta utilizada para construir o trajeto, cresceu de maneira inesperada. Essa é uma daquelas belas interações onde a narrativa está intrinsecamente ligada à ambientação, e Monument Valley 2 faz isso muito bem.

Curto e escasso, porém memorável

Monument Valley 2 consegue estabelecer um vínculo mágico entre trilha sonora, jogabilidade e narrativa em uma atmosfera geometricamente bela, abordando, sem qualquer linha de diálogo, temas sensíveis como parentalidade, amor, separação, crescimento e independência. Suas estruturas arquitetônicas com degradês, fuchsias e uma vasta paleta de cores preenchem a tela do celular com vida. É um jogo curto, escasso de novidades e não tão impactante quanto o seu antecessor, mas incorpora um mundo visualmente impecável e maduro, suficientemente adequado para antigos e novos adeptos.

Prós

  • História emocionante;
  • Design e trilha sonora minimalista;
  • Equilíbrio entre simplicidade e complexidade nos desafios.

Contras

  • Curta duração;
  • Escassez de novas e interessantes mecânicas em adição ao jogo original.
Monument Valley 2 - Mobile - Nota: 8.5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator.

é entusiasta e apreciador de jogos com conceito artístico minimalista e narrativas de significado profundo. Acredita na potencialidade de cada experiência interativa e tenta extrair delas sentimentos humanos e existenciais. No GameBlast também escreve notícias, análises e especiais; no tempo livre produz roteiros autorais de séries e filmes. Criatividade, imaginação e curiosidade são algumas de suas características marcantes.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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