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Análise: Project Starship X (PC) é um variado e intenso shoot 'em up vertical

Enfrente criaturas inspiradas no trabalho de Lovecraft neste título indie que usa poucas mecânicas de formas criativas.


Um grupo de heróis enfrentando versões cômicas de criaturas do horror cósmico clássico é o foco de Project Starship X. Este shoot 'em up vertical conta com um conceito principal bastante simples, no entanto uma boa diversidade de situações espalhadas por vários estágios de ação frenética o torna bem interessante. Depois de algumas partidas ele fica um pouco repetitivo, mas é divertido enquanto dura.

Desafiando os antigos cósmicos

Em Project Starship X, uma equipe de pilotos desajustados enfrenta invasores do espaço em um jogo de tiro shoot 'em up de progressão vertical. Os comandos são extremamente simples: um botão atira a arma principal e outro ativa a X Maneuver, uma investida que torna a nave invencível durante a sua duração. As partidas se concentram em usar essas duas ações para superar os vários desafios que aparecem pelo caminho.

Os estágios são divididos em pequenas seções de desafios variados. Em um trecho, o objetivo é derrotar uma onda de inimigos. Em outro, precisamos desviar de lasers e padrões de tiros com a ajuda do X Maneuver. Em uma terceira situação, a nave vira uma aranha que anda pelo chão, sendo necessário atirar e saltar continuamente. Há também inimigos mais poderosos no meio do caminho e chefes no final das fases — nestes confrontos a tela é tomada por projéteis remetendo ao estilo bullet hell.


Uma característica importante de Project Starship X é a montagem procedural de estágios: eles são montados por pequenos eventos distintos que mudam a cada partida. Além disso, cada tentativa apresenta uma seleção distinta de cinco estágios — o jogo conta com mais de 12 no total. Isso faz com que cada partida seja completamente diferente uma da outra, principalmente com a presença de eventos inesperados e mais difíceis. Quatro personagens com estilos de jogo distintos estão disponíveis e conteúdo novo, como itens, fases e eventos, é desbloqueado aos poucos.

A era 16-bits é a inspiração visual do shoot 'em up. O universo do jogo é construído com pixel art elaborado, muitas explosões, elementos brilhantes, vibrações de tela e mais, complementando a intensidade da ação. Tematicamente, ele se apoia na paródia, como um Cthulhu hippie, tartarugas que lembram uma certa série do encanador de macacão e texto divertido — um chefe alien verde, por exemplo, conta com o subtítulo “é só um círculo preguiçosamente desenhado sim”. O resultado é um visual caótico, mas marcante e hipnotizante. A trilha sonora é repleta de chiptune com pegada 8-bits e é um ponto alto com suas faixas enérgicas e melodias marcantes.


Saltando entre diferentes situações em uma aventura vertiginosa

A imprevisibilidade das partidas é a minha característica preferida de Project Starship X e gostei bastante da variedade de situações durante as partidas. Há partes focadas exclusivamente em navegar com cuidado, ao mesmo tempo em que usamos a investida para evitar perigos. Já em outros trechos, o desafio é conseguir derrotar inimigos enquanto escapamos de inúmeras balas. Existe até um pouco de maluquice, como momentos que lembram um boliche cósmico.


É notável a criatividade das situações, ainda mais levando em conta que a nave conta somente com dois movimentos. Além disso, a ação é ágil, pois os eventos são rápidos e curtos e mal dá tempo de se cansar deles. A dificuldade é balanceada e as coisas vão ficando mais complicadas conforme avançamos nos estágios, por mais que um ou outro apresentem eventos difíceis demais em um primeiro momento. No meu tempo com o jogo eu morri bastante nas tentativas iniciais enquanto aprendia as mecânicas, mas com o tempo fui chegando cada vez mais longe. Modos adicionais mais complicados podem ser desbloqueados para aqueles que gostam de desafios intensos.

Mesmo assim, após algumas partidas, pode aparecer uma sensação de repetição, pois a seleção de eventos é limitada. Estágios com mecânicas diferentes, outros modos e eventos extremos aleatórios ajudam a minimizar isso, mas não são suficientes para trazer diversidade a longo prazo. Outro problema é a presença de mecânicas obtusas, como obstáculos que só podem ser superados de maneiras muito específicas, porém o jogo não dá dicas claras — é frustrante morrer por não entender como escapar de um perigo. Por fim, às vezes a confusão visual atrapalha entender o que está acontecendo na tela.


Uma boa interpretação do gênero

Project Starship X é uma interpretação criativa do gênero shoot 'em up vertical. É interessante tentar atravessar fases repletas de desafios imprevisíveis, e é notável a variedade de situações que exploram os poucos comandos de formas únicas. Uma ambientação maluca deixa as partidas divertidas, e os visuais em pixel art e música com chiptune trazem um ar retrô moderno ao título. De negativo, temos uma sensação de repetição que aparece a longo prazo por causa da seleção reduzida de eventos, e a confusão visual atrapalha nos momentos mais intensos. Mesmo assim, no fim, Project Starship X é um ótimo jogo de tiro e recomendado para os fãs do gênero.

Prós

  • Mecânicas de shoot 'em up clássicas aplicadas em várias situações criativas;
  • Boa diversidade de eventos e estágios;
  • Ambientação com interpretações divertidas do gênero horror cósmico e muitas referências;
  • Ótimo visual em pixel art e trilha sonora empolgante.

Contras

  • Sensação de repetição após algumas partidas;
  • Alguns elementos e mecânicas são confusos.
Project Starship X — PC — Nota: 8.0
Revisão: Thiago Monte
Análise produzida com cópia digital cedida pela Panda Indie Studio

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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