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Análise: Moving Out (Multi): atirar mobílias nunca foi tão divertido

Título inusitado da DevM Games em parceria com a SMG Studio apresenta uma proposta divertida, mas peca em alguns quesitos na jogabilidade individual.


Jogos cooperativos casuais são sempre uma excelente pedida. Entre vivenciar um enredo marcante ou travar intensas disputas online, nada como dar uma pausa e relaxar (ou não) com um convidativo multiplayer. Moving Out (Multi) foi lançado no dia 28 de abril e visa atender justamente esse público, mostrando que trabalhar carregando móveis pode ser algo divertido e um belo criador de grandes discussões.

Tudo pelo trabalho

O palco da aventura em Moving Out é a cidade de Packmore, um lugar que tinha tudo para ser como qualquer outra localidade pacata se não fosse pela presença da empresa Smooth Moves. Tanto o chefe da companhia quanto os seus animados funcionários respiram e vivem o amor pelo trabalho o tempo o todo. É no controle dessas amigáveis figuras que iremos realizar as mais inusitadas mudanças e elevar o patamar da Smooth Moves de pequena empresa para principal referência quando trata-se de transporte de mobílias.



A jornada tem início ao passarmos pelo teste que certifica nosso personagem a ser um agente de mudanças da empresa. A missão serve como tutorial para apresentar o jogador às mecânicas disponíveis. Na prática é algo bem simples: temos os gatilhos dos controles para agarrar as mobílias, enquanto quadrado (PS4) ou X (Xbox) serve para arremessá-las ou desferir um tapa quando estiver de mãos vazias. Fora isso, temos o botão X (PS4) ou A (Xbox) para pular. A simplicidade dos controles reflete no objetivo claro das fases: pegue todos os móveis marcados e jogue-os no caminhão no menor tempo possível. Cada estágio possui marcas de tempo que delimitam as classificações entre bronze, prata e ouro.



É claro que a tarefa não é tão fácil quanto aparenta, pois cada cenário contém características que exigirão maior coordenação do jogador e até uma certa estratégia para lidar com armadilhas, água, fantasmas e outros elementos que prometem infernizar a vida de quem está no desafio de correr contra o tempo. Ao concluir cada fase, três missões são desbloqueadas naquele mapa a fim de induzir novas tentativas de nossa parte. No começo são coisas simples como não quebrar nenhuma vidraça e não pisar nos ancinhos, mas a dificuldade tende a ficar maior conforme avançamos. Alguns deles me deram muito trabalho para decifrar o que era solicitado, já alguns outros obrigavam evitar certas áreas muito cômodas para o transporte dos itens.



Ao completar tais desafios e ainda buscar a classificação ouro em cada fase, o jogador é recompensado com moedas que liberam episódios bônus em dois locais diferentes. O primeiro deles é o Fliperama, onde teremos estágios com objetivos específicos como, por exemplo, levar um sofá de um ponto a outro passando por diversos obstáculos. Apesar da propaganda feita pelo chefe ser de um local para desestressar, o resultado aqui pode ser completamente o oposto. A primeira fase é de longe a mais complicada, onde deve-se levar um sofá grande até o caminhão, passando por diversas passarelas estreitas. Foi um desafio tremendo conseguir completar essa tarefa, mas ela acabou servindo de grande aprendizado para missões futuras quer nos colocavam em situações semelhantes.



A segunda opção paralela a campanha regular são os episódios da fita VHS. Lá iremos reviver situações passadas da empresa Smooth Moves, sendo todas muito inusitadas. A nível de exemplo, na primeira delas o narrador reconta o momento em que mobílias foram mandadas por engano em um voo — qualquer outra equipe teria aceitado o desfecho fatídico, mas não a equipe da Smooth Moves! Você representa a equipe de agentes lendários que invadiu o avião em movimento e atirou os móveis no caminhão que seguia a espaçonave do solo. Diferente do Fliperama, aqui eu realmente pude me divertir prioritariamente. Cada fita traz episódios descontraídos e fáceis de se resolver, sem diminuir a diversão.



Divertido em conjunto, frustrante sozinho

A tela de seleção de fase é bem convidativa, com a presença do nosso caminhão de mudanças podemos percorrer por diversas localidades de Packmore. Apesar de não possuir nenhum objetivo com a proposta do jogo, é no mínimo curiosa a destruição que podemos causar ao atropelar postes, hidrantes e até mesmo jogar outros veículos. Mas fique tranquilo, pois todos eles reaparecem para aliviar o peso da consciência, afinal de contas a proposta aqui é uma diversão pura e leve.



Infelizmente essa ideia não se estende ao jogo como um todo. Na primeira tentativa, experimentei algumas fases jogando sozinho e ficou evidente a falta de algumas mecânicas que tornam a proposta do título atrativa. Os móveis são divididos em duas categorias: leves, que podem ser carregados e arremessados por uma única pessoa; e pesados, que precisam de um companheiro para tornar o processo eficiente.

Quando a jogatina é individual, os desenvolvedores compensaram a ausência de um segundo jogador ao aumentar a força do nosso carregador. Dessa forma, somos capazes de arrastar mobílias pesadas de maneira mais rápida. O problema é que a física nesse tipo de ação é um dos pontos mais baixos da jogabilidade, já que os móveis ficam empacados em quinas e em outros objetos o tempo inteiro, o que pode ser frustrante para muitos de vocês resolver a situação sozinho. Fora isso, você perde um dos atrativos mais divertidos que é atirar mobílias pesadas. Acredite, jogar um sofá do segundo andar direto no seu caminhão é uma terapia reconfortante.



Similar ao que vemos em Overcooked, é possível controlar dois personagens de uma vez, adaptando o esquema de botões. A questão é que tanto em Overcooked, quanto aqui em Moving Out essa opção se mostra inviável e desgastante. Controlar a movimentação de dois carregadores acaba causando o efeito reverso pela falta de coordenação motora, a menos que você seja dotado de ambidestria.

No modo Assistido é possível reduzir a dificuldade do jogo, tornando-o mais convidativo para iniciantes


Se na campanha solo o jogo é pouco eficaz na diversão, a conversa muda de tom quando olhamos para o modo cooperativo. É impossível não estabelecer uma comparação com Overcooked pela grande semelhança no design e experiência multiplayer que os dois carregam. Dividir a tarefa com até quatro amigos permite explorar 100% do potencial que o título tem a oferecer. Estabelecer um plano de ação para coletar tudo dentro do menor tempo possível e aperfeiçoar a física na movimentação conjunta de grandes móveis é um desafio e tanto para você e seus amigos. O sofá em formato L pode ser seu grande nêmesis se você e seu parceiro não estiverem alinhados na hora correta e o ângulo que cada um precisa se movimentar.



Pessoalmente, fiquei agradecido por ter uma esposa que gosta de videogame, possibilitando uma análise justa que seria totalmente impactada negativamente caso a minha experiência se restringisse ao conteúdo solo, além da jogatina ser um verdadeiro teste para o nosso casamento. Como todo multiplayer cooperativo que se preze, as brigas são uma constante e, desde que ele se mantenha de forma saudável, só acrescenta de forma positiva no resultado final.



Já estava assim quando chegamos

Há muito a ser feito por aqui, os desafios desbloqueáveis no término de cada mapa conferem uma maior longevidade na campanha e que certamente irão cativar os mais ávidos por conquistas. O jogo ainda apresenta uma simples narrativa com direito a vilões na história e que diverte pelo seu tom irônico que justifica todos os meios pelo fim de dedicar tudo pelo trabalho.



O personagem nomeado como Chefe traz frases hilárias e que remetem até mesmo a situações que muitos possam ter vivenciado no trabalho – “já estava assim quando chegamos” ou “quem nunca quebrou um TV antes, nunca realizou uma mudança” dão o tom caótico que precisamos para dar asas a criatividade e para as mobílias, por que não?



Levando-se em conta o aspecto negativo ao se jogar sozinho, é preciso ter em mente que Moving Out é o tipo de jogo para ser jogado de forma cooperativa. Seguindo essa premissa, ele tem tudo para garantir boas horas de diversão (e discórdia), garantindo lugar cativo na biblioteca de títulos leves e divertidos.

Prós

  • Enredo leve e divertido;
  • Alta longevidade através de desafios desbloqueáveis e fases bônus;
  • Mecânica de quebrar coisas e lançar objetos divertida;
  • Boa variedade de personagens e opções de customização.

Contras

  • Jogatina solo pouco atraente, mesmo com a opção de controlar dois carregadores.
Moving Out— PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Farley Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Team17


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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