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Análise: holedown (Multi) — rebatendo bolinhas em um puzzle viciante

Mecânicas simples e muito carisma são os destaques deste hipnotizante título indie.


Destruir blocos com pequenas bolas é um conceito clássico do mundo dos jogos, explorado de inúmeras maneiras com o passar dos anos. Mesmo assim, de tempos em tempos, aparecem interpretações interessantes dessa ideia. holedown é um simpático puzzle de rebater bolinhas e quebrar blocos que apresenta algumas ideias únicas e bem executadas. Uma ambientação charmosa e um ciclo de jogo sólido tornam a experiência viciante.

Rebatendo para cavar

Em holedown o objetivo é escavar o solo de diferentes planetas em busca de seus núcleos repletos de minérios. Para isso, precisamos lançar criaturinhas com formato de bola em direção a blocos para destruí-los, sendo que cada um dos obstáculos exige um número específico de acertos para serem eliminados. A quantidade de bolas e lançamentos é limitada, sendo assim, para ir longe, é essencial fazer com que as criaturinhas rebatam pelos elementos da tela para conseguir destruir tudo com poucos movimentos.

Dois diferentes tipos de blocos influenciam a dinâmica das partidas, os básicos e os fixos. Um conjunto de blocos normais pode ser eliminado simultaneamente caso a base da estrutura seja destruída. Já os obstáculos fixos flutuam no ar e a única maneira de quebrá-los é com as bolinhas. Os blocos sobem um pouco a cada jogada, e a partida termina caso um deles alcance o topo da tela.


Cristais encontrados nas fases são a moeda de troca para desbloquear melhorias úteis, como aumentar a quantidade máxima de bolas ou de lançamentos. Na verdade, é essencial liberar essas características para prosseguir: cada um dos planetas do jogo apresenta desafios mais complicados, com blocos mais resistentes ou caminhos mais longos. Portanto, o ciclo de jogo consiste em explorar uma fase, coletar cristais, liberar melhorias e tentar chegar mais longe em uma nova partida. Há também um modo multiplayer cooperativo para duas pessoas que facilita um pouco o jogo, pois cada participante pode mirar em direções diferentes.

O deleite da ação simples e hipnotizante

holedown é mais um daqueles jogos com mecânicas bem simples, mas extremamente viciantes. É muito divertido tentar destruir o máximo de blocos possíveis com poucos lançamentos, principalmente quando o ângulo sai perfeito e as bolinhas-criaturas rebatem loucamente pela tela. A experiência tem uma pegada arcade com suas partidas ágeis e curtas.

No começo pode parecer um pouco sem graça por causa da facilidade, bastando alguns movimentos fáceis para avançar, mas rapidamente situações mais elaboradas aparecem na forma de blocos organizados de forma complicada ou obstáculos muito resistentes. Quando isso acontece, é importante pensar com cuidado para que cada jogada seja eficiente, afinal a quantidade de lançamentos é limitada. Depois de algumas partidas, aprendi a avaliar melhor os ângulos, o que me permitiu avançar cada vez mais longe.

Há também um pouco de estratégia em holedown. Conforme avançamos nos mundos do jogo, aparecem alguns blocos que exigem uma quantidade absurda de acertos para serem destruídos, o que significa que força bruta não adianta. É nesse momento que a complexidade aparece: para acabar com o bloco resistente, a melhor maneira é destruir seu suporte, que normalmente é mais frágil. Acontece que as bases normalmente ficam em locais de difícil acesso, o que nos força a rebater as bolinhas por caminhos complicados em um misto de técnica e experimentação — nas minhas partidas, me senti muito esperto ao calcular o ângulo correto só com o olhar e com isso conseguir destruir tudo com inúmeras bolas rebatendo.

A experiência é complementada com uma atmosfera minimalista, com uso de poucas cores vibrantes no visual e uma trilha sonora eletrônica suave. Há também carisma com a presença constante de uma das criaturas-bola do lado da tela, que reage às jogadas fazendo expressões divertidas. Mas o detalhe mais legal de holedown aparece quando fazemos uma jogada elaborada e as bolinhas rebatem loucamente pela tela — é belo e hipnotizante ver as criaturinhas destruindo tudo rapidamente.

As fases de holedown são geradas de forma aleatória, fazendo com que cada partida seja distinta. Elas são divididas em planetas, que determinam a dificuldade — quanto maior o astro, mais complicada será a descida. Há também um estágio infinito cujo desafio é chegar o mais longe possível. O uso de criação aleatória das fases faz com que a experiência seja sempre uma surpresa. No entanto, algumas vezes, senti que o jogo gerou configurações injustas com muitos blocos resistentes juntos que praticamente forçam a derrota. Felizmente isso acontece poucas vezes, e como tudo é bem ágil não chega a ser frustrante.


Uma escavação viciante

holedown usa simplicidade e carisma para criar um título muito divertido. Lançar bolinhas para tentar quebrar blocos é algo fácil de fazer, porém o jogo consegue balancear o ritmo perfeitamente entre momentos banais e trechos que exigem estratégia e precisão. A atmosfera colorida é atrativa, e conseguir executar uma jogada complicada resulta em um espetáculo hipnotizante de bolinhas quicando pela tela. Às vezes a elegância some quando a aleatoriedade cria alguma situação praticamente impossível, mas o ciclo de jogo curto evita que isso se torne um problema. No fim, holedown é mais um daqueles títulos difíceis de largar.

Prós

  • Conceito principal muito simples, mas com espaço para estratégias;
  • Ciclo de jogo viciante;
  • Ambientação charmosa com visual colorido e música carismática.

Contras

  • Aleatoriedade às vezes cria situações injustas.
holedown — PC/Switch/iOS/Android — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Análise produzida com cópia digital cedida pela grapefrukt games

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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