Crônica

GTA V (Multi): conhecendo um sucesso com mais de 7 anos de história

Muitos anos após o lançamento do game, finalmente descobri porque ele merece toda a sua popularidade.

O mundo dos games é bastante dinâmico. A cada mês surgem vários novos títulos, o que muitas vezes impede que possamos conhecer todos os lançamentos. Mais do que isso, não é incomum que grandes clássicos e sucessos populares acabem ficando na inacabável lista de “um dia eu jogo”. Neste contexto, a crônica que trago hoje contará umas das mais recentes e significativas experiências que tive: começar e terminar a campanha de GTA V (Multi) quase 7 anos depois de sua estreia.

Muitas desculpas para não jogar...

Para quem não sabe (ou não se recorda), GTA V (Multi) foi lançado originalmente em 2013, para PS3 e Xbox 360. Em 2014, o game chegou para o PS4 e Xbox One, enquanto os PCs receberam sua própria versão em 2015. Considerado um sucesso técnico, financeiro e de público, a presença do título em listas de melhores de todos os tempos de sites e revistas especializados é praticamente certa.

Apesar de todo esse sucesso, a franquia GTA nunca me atraiu de forma significativa. Minha primeira experiência foi com Grand Theft Auto 2 (Multi), ainda nos tempos do saudoso PlayStation. Embora eu tenha gostado muito da liberdade que o game oferecia, eu também a considerava como um ponto negativo. Saber quando (e como) eu devia avançar na campanha era sempre uma dúvida cruel, e no final das contas eu só jogava GTA 2 de forma eventual.
O começo da série no PlayStation já mostrava potencial
Minha próxima experiência com a série foi com um de seus títulos mais famosos. Grand Theft Auto: San Andreas (Multi) marcou a indústria dos games e demonstrou todo o potencial que a franquia GTA poderia alcançar. Uma cidade cheia de possibilidades, com carros, pessoas, eventos, itens, missões... Mesmo assim, eu ainda só conseguia ver o título como uma “diversão eventual” no meu PS2.

Ou seja, acionar alguns códigos para ter invulnerabilidade e acesso ao arsenal completo do game e, assim, sair destruindo tudo. Fugir da polícia e explorar os grandes cenários também eram opções no jogo, mas nada além disso. Meus amigos também jogavam dessa forma mais “descontraída”, sobretudo quando tínhamos dois controles, o que só reforçou a minha opinião da série.
GTA San Andreas é até hoje popular entre os jogadores
Foi então que o problema descrito no começo da crônica começou a ficar evidente. Embora eu me orgulhe de ter experimentado a maioria dos clássicos da geração do PS2, com o lançamento do PS3 acabei ficando para trás. Muitos e muitos grandes games foram lançados sem que eu pudesse jogá-los, aumentando significativamente a minha lista “um dia eu jogo”. E esse atraso só aumentou com a chegada do PS4.

Corte para o segundo semestre de 2019. Ao ponderar sobre qual o próximo game eu iria jogar, acabei me deparando com o já citado GTA V. O título já estava lá há algum tempo graças ao meu irmão, Gabriel, que havia comprado a versão para PS4. Ele, aliás, já havia completado a versão do PS3, e acabou gostando tanto que acabou comprando o “game novo”.
Bem-vindo a Los Santos, o lar de GTA V!
Eu já havia acompanhado ele jogando algumas vezes, além de ter lido algumas matérias e visto alguns vídeos sobre o game. Logo, sua qualidade e suas possibilidades não me eram desconhecidas. Quase convencido de que finalmente deveria tirá-lo da minha lista de espera, resolvi perguntar diretamente para quem conhecia bem o assunto.

- “Tu vais gostar do jogo, tenho certeza”, falou meu irmão.
- “Então tá, vamos ver se é tudo isso”, falei com certa soberba.


Liguei o game e joguei por um longo e ininterrupto tempo (entre duas e três horas). Quando parei, sussurrei para mim mesmo: “E não é que todos tinham razão?”.

... Mas depois de começar, era difícil parar!

Ao iniciar o jogo, me deparei com o extenso tempo do carregamento inicial. Embora bastante irritante, eu já sabia que ele era, basicamente, o primeiro e último do game. Por isso, me resignei e esperei pacientemente. A campanha começa no passado, um recurso bastante utilizado no mundo dos filmes. Ela mostra um grupo de assaltantes, nove anos antes dos eventos “atuais” do jogo, em plena ação em um banco.
É incrível como existem muitas coisas acontecendo no game.
Mais do que ensinar os comandos do game, aquela missão inicial mostrava o que ele tinha a oferecer. Personagens interessantes, ótima jogabilidade, belos gráficos e uma história envolvente. Após aquele empolgante início, GTA V retornou para o “presente” e, assim, tudo começou para valer. Como não estou falando do game em si, mas da minha experiência com ele, vou limitar meus comentários somente aos pontos que considero mais significativos (também não quero oferecer spoilers para quem não jogou, ou soar repetitivo para quem já conhece o título).

Depois de algumas introduções e missões básicas, onde pegamos o jeito de jogar, o game finalmente encontra a sua verdadeira forma quando o jogador tem acesso aos três protagonistas: Franklin, Michael e Trevor. Cada um deles tem uma interessante personalidade própria e proporcionam missões únicas para serem concluídas. De certa forma, é quase como se o título tivesse três campanhas em uma só.
Os três mosqueteiro
GTA V, entretanto, vai mais além disso. Os três personagens, assim como os demais coadjuvantes, se completam bem e brilham ainda mais quando atuam em conjunto, pois a sinergia entre o trio é ótima e proporciona bons momentos. Essas missões, inclusive, foram as minha favoritas ao longo da história. No geral desafiadoras e divertidas na medida certa, elas estão disponíveis em muitas formas diferentes, oferecendo uma fonte quase sem fim de oportunidades.

O alto número de customizações, que incluem desde o corte de cabelo até a cor da placa do carro, também foi um fator que me impressionou bastante. Como não se impressionar por poder escolher um terno bem estiloso antes de desafiar a máfia com um lança-granadas personalizado? Isso, aliás, ilustra outra qualidade do título: o equilíbrio entre realismo e ficção. Embora o game seja do tipo “realista”, ele sabe lidar bem com tudo o que se espera de um videogame.
Nada como uma missão explosiva...
Um exemplo comparativo: poderes especiais, como tornar o tempo mais lento ao dirigir, contrastam com acidentes de motocicleta causarem mais dano se o personagem estiver sem capacete. Em outras palavras, o game oferece uma experiência completa em todos os sentidos. Por um lado ele exige atenção aos detalhes e possui complexas mecânicas de jogo; por outro, ele oferece recursos fantasioso criativos, alguns típicos dos games, tornando tudo ainda mais épico.

Tudo é passageiro na vida, até os grandes games...

Depois de passar pelas missões finais (muito legais, por sinal), pude curtir a satisfatória conclusão de GTA V e, assim, parar de jogar. E antes que o leitor pense em algo como “mas ainda existem inúmeras tarefas, colecionáveis e segredos para serem aproveitados”, ou então “Grand Theft Auto Online é um modo com história própria e com (quase) infinitas possibilidades”, quero deixar claro que nenhuma dessas opções alcança a campanha principal.
Quer sair voando em um avião a jato? Sem problemas!
Logicamente, elas são excelentes alternativas para continuar aproveitando o incrível universo do game. Eu até cheguei a concluir mais algumas missões secundárias, como as de fotógrafo com o Franklin, ioga com o Michael, e caça com o Trevor. Também experimentei o modo online de GTA V, e ele realmente parece ser um (ótimo) jogo por si próprio.

Como eu disse anteriormente, entretanto, a campanha é tão boa que essas opções não chegam a ser imperdíveis. Além disso, voltando ao começo da crônica, ainda existem vários jogos na minha lista “um dia eu jogo”. Essa experiência com GTA V me mostrou que devo sempre ficar atento aos lançamentos e oportunidades, sobretudo quando um grande sucesso como este estiver disponível.
Mesmo que GTA V ainda tenha muitas possibilidades, creio que o final do game tenha sido suficiente
Acredito que, por um lado, a espera tenha valido a pena. Certamente ter jogado o título algum tempo antes também teria sido uma divertida oportunidade, mas creio que hoje eu consiga aproveitar muito mais cada oportunidade que o game fornece. Dois exemplos são o meu conhecimento em inglês e a maior maturidade e experiência para entender algumas das suas sutilezas. Não que ele seja muito complexo, mas suas muitas possibilidades, detalhes e nuances poderiam não ter sido bem desfrutadas.

Realmente um clássico entre os clássicos

Após muito tempo na minha lista de espera, finalmente joguei o famoso GTA V (Multi). E realmente o game alcançou tudo aquilo que falam sobre ele. Na realidade, ele foi mais além: a história é envolvente, com personagens muito interessantes, a produção técnica ótima e quantidade de coisas divertidas a fazer é absurda. Agora é esperar pelas próximas experiências da lista dos “um dia eu jogo”, já que essa se tornou um membro especial dos meus favoritos de todos os tempos. Não que o game precisasse da minha validação para isso, ainda mais sendo ela tardia; se bem que, afinal de contas, o que seria dos games sem a opinião do público, não é mesmo?
Um clássico moderno do mundo dos games
E você, leitor? Também teve bons momentos com GTA V? Como foi a sua estreia no game? Deixe o seu comentário.
Revisão: Mariana Mussi S. Infanti

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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