Blast from the Past

Assassin’s Creed II (Multi), o jogo chave para a franquia dos assassinos

A série Assassin’s Creed sempre teve muitos méritos, mas foi graças ao sucesso do II que vimos esse universo se expandir tanto.



O primeiro Assassin’s Creed (Multi) possui muitas qualidades, como um mapa aberto interessante e bem explorável; movimentação divertida e acessível; belos gráficos para a época; uma narrativa intrigante e personagens bem desenvolvidos. Todos esses pontos conseguiram ofuscar alguns problemas no design das missões, que as tornavam extremamente repetitivas, ou a impossibilidade de nadar e até a pouca variedade no combate já simplório do título.

Tudo isso o tornou um bom jogo para iniciar uma nova franquia, mas não o favorito de muitos. Essa tarefa ficou a cargo de sua sequência, lançada alguns anos depois, em 2009, responsável por corrigir muitos dos problemas e consolidar a franquia como uma das mais notáveis da indústria. Então venha comigo relembrar Assassin’s Creed II (Multi), só tome cuidado com alguns spoilers a seguir.

Descendente

O primeiro Assassin’s Creed contava a jornada de Desmond Miles, um homem sem muito propósito que ao ser sequestrado pela companhia Abstergo descobre ser descendente de pessoas que participavam da Ordem dos Assassinos. Forçado a usar uma máquina chamada Animus, ele foi capaz de vivenciar as memórias genéticas de seu antepassado, Altaïr: um sujeito sério, orgulhoso e honrado, que enfrentou até mesmo seu mentor contra a ganância por poder que as Peças do Éden proporcionavam.

Ao final do jogo, descobrimos que a Abstergo é, na verdade, uma empresa Templária, rival da Ordem dos Assassinos, que procura pistas sobre o paradeiro dessas Peças. Mas antes de fugir das instalações, Lucy, uma Assassina infiltrada, ajudou Desmond a iniciar a próxima sequência genética. A dupla conseguiu escapar e chegar a uma instalação segura onde uma versão melhorada da Animus, a 2.0, estava pronta para uso.



A partir daí, Desmond observa a vida de Ezio que, em um primeiro momento, é um jovem galanteador, arruaceiro, rico e destemido, vivendo em Florença, Itália. Isso mudou rapidamente quando seu pai e irmãos são executados em público injustamente por traição. Como alternativa, ele foge com sua irmã e mãe para a vila dos Auditores, a Monteriggioni, e então descobre pelo seu tio Mário que seu pai era secretamente um membro da Ordem dos Assassinos. Ezio parte então para ajudar seu tio e vingar sua família morta.

Se no primeiro jogo a jornada de Altaïr era sobre dever e orgulho, aqui se torna algo mais pessoal, com um desenvolvimento mais íntimo dos seus personagens, principalmente de Ezio, que vai aprendendo sobre o que é ser um assassino, indo muito além do seu sentimento de vingança. A narrativa vai além e aproveita muito bem o contexto histórico Itália renascentista em que o jogo se passa com seus NPCs, como Leonardo da Vinci, ou figuras antagônicas, como Rodrigo Bórgia, fazendo assim o enredo mais rico e divertido,


Os elogios que o jogo recebeu para a sua narrativa não são um exagero, e suas pontas soltas clamavam por mais continuações, que chegaram nos anos seguintes, com Brotherhood (Multi), de 2010 e Revelations (Multi) de 2011. Mas não só o enredo desse jogo foi elogiado, como seus sistemas de exploração e combate também.

Sistemas mais complexos e variáveis

De modo geral, Assassin’s Creed II é um jogo semelhante ao seu antecessor. A exploração é feita a pé, usando movimentos de parkour, ou a cavalo que, como no primeiro, ainda funciona de forma desengonçada. Nos combates, podemos usar espadas, machados, os punhos e a característica hidden blade, além de itens de arremesso, como adagas envenenadas e outras invenções. O que funcionava foi mantido e expandido, o que foi uma sábia decisão da desenvolvedora, mas o jogo não estava livre de mais novidades.



Na exploração, não precisávamos sempre enfrentar os guardas, existindo a possibilidade de contratar mercenários para lutar com eles no nosso lugar, seduzi-los com prostitutas, ou até mesmo jogar moedas no chão para causar um tumulto. Caso um conflito direto não seja evitado, Ezio vai ganhar um nível de procurado, isso implica no quanto os guardas podem te tolerar: se vazio, eles não te incomodam diretamente, mas se cheio, os combates serão mais frequentes. Existem muitas opções também para resolver isso, como arrancar os cartazes com seu rosto pela cidade, matar um guarda do alto escalão, ou subornar um orador para falar bem de você.

Nem sempre a luta poderá ser evitada, e para isso foi melhorado o sistema de batalha, no qual o foco é o contra-ataque: ele é mortal quando executado corretamente, com direito a animações brutais dependendo da arma utilizada. A barra de vida, por sua vez, não enche mais sozinha no fim das lutas, sendo necessário usar um item de cura para isso, que podem ser comprados ou achados ao revistar um inimigo no chão.



Podemos comprar e melhorar novos equipamentos e armas para Ezio.Uma das opções disponíveis aparece quando encontramos itens chamados codex e os entregamos para Leonardo da Vinci: por meio deles, a notável figura histórica desenvolve alguma invenção nova, como uma segunda hidden blade, por exemplo. Novas armaduras, espadas e outros equipamentos podem ser produzidos em ferreiros espalhados pela cidade, e estes itens capazes de aumentar nossa saúde, a quantidade de itens que carregamos, e até a nossa força. Para personalizar o traje de assassino, podemos mudar a variação de cores em alguns mercantes.

Falando de mercantes, a vila Monteriggioni não está exatamente apresentável quando chegamos, com lojas fechadas, ou caindo aos pedaços. Se investirmos e melhorarmos ela, podemos desbloquear novos estabelecimentos e até ganhar alguns descontos em alguns itens. Com tudo isso feito, o jogador vai ganhar a cada vinte minutos uma porcentagem do que a vila gera de lucro, sendo uma ótima forma de ganhar dinheiro, e até um bom passatempo.


Ótimo trabalho técnico

Assassin’s Creed II é um jogo muito bonito, principalmente quando notamos a mudança da paleta azulada do primeiro jogo para algo mais colorido e brilhante na sequência. Ainda estamos falando de um jogo lançado para o PlayStation 3, Xbox 360 e PC, e é notável que ele não envelheceu muito bem, principalmente se olharmos mais atentamente algumas texturas e movimentação menos plásticas. Isso não é necessariamente um problema que afeta a experiência de quem quer conhecer o jogo agora, principalmente com o remaster lançado no PlayStation 4, Xbox One e PC.

Um espetáculo à parte são as representações artísticas empregadas pelos desenvolvedores, que simulam muito bem uma Itália renascentista, mesmo tomando algumas claras liberdades com as personalidades da época. Construções, monumentos, prédios, quadros, meios artísticos, entre outras coisas, que enriquecem muito a qualidade da produção desse jogo.


Da ganância a total reimaginação

Mesmo depois de tanto tempo, Assassin’s Creed II continua sendo o favorito de muitos jogadores. São vários os motivos para essa preferência: sua história cativante, personagens carismáticos, mecânicas divertidas, entre outras características. Até esse ponto, a Ubisoft sempre tentou replicar esse sucesso e até o protagonismo que Ezio tinha, e um dos motivos que podem ter influenciado no fracasso desse objetivo venha dessa pressão para lançar um jogo novo todo ano, não dando tempo o suficiente para enriquecer a narrativa e nem seus personagens.

Se olharmos os últimos lançamento da série, Origins (Multi) de 2017 e Odyssey (Multi) de 2018, é fácil ver as enormes diferenças com seu passado. Isso não é um problema, na verdade é o que está trazendo a franquia para os trilhos, e aumenta as esperanças para um futuro onde a qualidade empregada em Assassin’s Creed II continue sendo usada.



Revisão: Farley Santos

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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