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Análise: MediEvil (PS4) é um remake fiel e divertido do clássico de PlayStation

Embora pudesse ser melhor, a nova versão do game ainda é uma ótima pedida.

Quando li a notícia de que o jogo MediEvil (PS) receberia um remake para o PlayStation 4, fiquei muito entusiasmado. Afinal, esse título foi muito marcante na minha infância, tendo jogado toda a sua série. Original e divertido, eu sabia que o game tinha potencial para receber uma nova chance nos consoles atuais. Mas será que MediEvil (PS4) é digno do original? Vamos conferir na análise a seguir.

Vidas passadas

Para quem não conhece a série, ela começou em 1998 com o lançamento de MediEvil (PS) para o saudoso PlayStation. O game consiste em um hack and slash com elementos de plataforma e quebra-cabeças. Seu visual mistura temas góticos e medievais, equilibrando os tons cartunescos e de terror de forma agradável.
Onde tudo começou...
A sequência veio através de MediEvil 2 (PS), lançado no ano 2000. Mantendo a maioria dos conceitos originais, mas agora em uma ambientação um pouco mais moderna, o game também foi bem recebido. Até recentemente, tínhamos MediEvil: Ressurection (PSP) como o último jogo da série.
A primeira ressureição do clássico
Lançado em 2005, o game do portátil de maior sucesso da Sony era um remake do original, produzido utilizando vários recursos técnicos modernos. Algumas modificações pontuais foram feitas na estrutura do jogo, incluindo a adição de alguns minigames para dois jogadores. Mesmo sendo interessante, o título não chegou a ser um grande sucesso.
 
Foi então que, em dezembro de 2017, a Sony anunciou que um novo remake do título original seria produzido e lançado para o PlayStation 4. Ao contrário de Ressurection, MediEvil (PS4) seria mais fiel, proporcionando uma experiência ainda mais próxima do clássico. E se considerarmos o sucesso de remakes como Resident Evil 2 (Multi) e Crash Team Racing: Nitro Fueled (Multi), a ideia realmente tinha potencial.
Pronto para a aventura em MediEvil?
A campanha segue a história de Sir Daniel Fortesque, ou simplesmente Dan. Em tempos idos, o reino de Gallowmere enfrentou uma grande guerra contra o maligno feiticeiro Zarok e seu exército. Logo no começo da batalha final, Sir Dan foi atingido no olho esquerdo, falecendo antes de conseguir lutar de verdade. O vilão acabou sendo derrotado, embora nunca tenha sido encontrado.
Após uma morte sem honra, o herói e protagonista busca sua redenção
Fortesque acabou recebendo a injusta fama de ter sido o maior responsável pela vitória. Cem anos depois, Zarok retornou com planos de conquistar o reino, renascendo seu exército de mortos-vivos. Daniel é revivido no processo, tendo assim uma chance de derrotar o feiticeiro de verdade e fazer valer a lenda em que ele se transformou.

Um verdadeiro remake

Publicado pela Sony, que também é dona da franquia, e desenvolvido pela Other Ocean Interactive, MediEvil é realmente um remake por natureza. Os produtores, inclusive, utilizaram parte dos códigos do game original durante a produção, de forma que vários elementos e ideias foram significativamente preservados.
Nostalgia e modernidade se misturam muito bem no título
Confesso que, como comentei anteriormente, minhas expectativas do game eram enormes. Logo, jogar com o atrapalhado cavaleiro esqueleto foi muito divertido e nostálgico. Os gráficos estão muito bonitos, trazendo todo o design original com uma roupagem moderna, utilizando efeitos de luz e texturas caprichados.
MediEvil apresenta visuais belos e originais
A trilha sonora foi regravada, mas também preservou boa parte da pegada clássica. As músicas parecem ter saído de um filme de terror, mas com uma abordagem mais leve que combina perfeitamente com a proposta do game. Efeitos sonoros e dublagem em inglês também estão afiados (a dublagem brasileira será abordada em seguida).

O jogo consiste, basicamente, no modo campanha, que por sua vez é praticamente igual ao original. Dan deve se aventurar por várias fases diferentes, derrotando zumbis, coletando itens e conhecendo personagens importantes. Cada uma delas tem desafios únicos, tornando o gameplay sempre interessante. No final, o objetivo é ajudar o reino e derrotar o vilão Zarok.
Até mesmo o mapa principal do jogo tem um charme único
Em uma das fases o jogador deve derrotar um monstro abóbora gigante; outra exige a solução de vários enigmas diferentes; noutra, o objetivo é enfrentar um capitão pirata em um navio fantasma voador. Manter essa divertida variedade do MediEvil original foi uma decisão acertada, beneficiando tanto jogadores antigos quanto novos.
Alguns desafios exigem mais raciocínio por parte do jogador
As fases também têm objetivos secundários, como derrotar um determinado número de inimigos para coletar cálices especiais, ou vasculhar os cenários atrás de itens extras. O game também conta com uma nova missão secundária, que também é a única adição significativa, em que o jogador deve encontrar almas perdidas pelos níveis e colocá-las para descansar em lugares secretos.
O Livro de Gallowmere registra todos os personagens que encontramos no game

Ainda que tenhamos um título de qualidade...

Além de interessante e aumentar o fator replay, a missão secundária das almas perdidas tem outra qualidade importante. Ao ser concluída, ela libera a versão original de MediEvil! Isso mesmo, você pode desfrutar da versão do PlayStation em toda a sua glória de 32 bits. Realmente um presente para os fãs mais antigos de Sir Daniel e suas aventuras.

E falando na versão original, a fidelidade a ela não serve somente para agradar aos fãs mais antigos. Pular pelas plataformas, solucionar os quebra-cabeças, explorar os cenários e lutar contra todo tipo de inimigos com várias armas diferentes é tão divertido hoje quanto era antes. Os chefões, embora um pouco fáceis, também proporcionam boas experiências.
Os quebra-cabeças e segredos são relativamente simples, mas bastante divertidos
O game não tem uma seleção de dificuldade, mas o nível de desafio vai crescendo de maneira interessante. Liberar itens e armas proporciona uma agradável sensação de progresso, permitindo ao jogador avançar de formas distintas. As fases têm sempre uma duração razoável, tornando a jogatina bem equilibrada.
Coletar os cálices para adentrar o Salão de Heróis e obter recompensas é um ótimo desafio
A produção técnica não chega a ser perfeita, pois temos alguns pequenos bugs pelo caminho como alguns engasgos no carregamento e inimigos voando pelo cenário após serem derrotados. Esses problemas, no entanto, são exceções, pois a qualidade do game é alta e podemos conferir o esmero em vários detalhes ao longo da campanha e suas fases.
O Demônio do Vitral é um dos chefes do jogo
Mesmo sendo um exclusivo do PlayStation 4 e uma marca Sony, vale lembrar que a franquia de Sir Daniel não é um triplo A. Ou seja, lembre-se que a produção não é do nível de God of War (PS4). A ideia aqui é um jogo simples, mas com muito charme e diversão. E MediEvil é excelente em ambos os quesitos.

Faltou um pouco mais de carne nos ossos...

Ainda que um ótimo jogo e fazendo jus ao original, infelizmente MediEvil deixou a desejar em alguns pontos. Um bom (ou mau) exemplo é a dublagem local. Apesar de algumas exceções, a maioria das vozes da versão brasileira é boa. O maior problema é a sincronia, que constantemente faz os personagens mexerem a boca sem falarem (e vice-versa).
A localização no Brasil é aceitável, mas podia ter sido melhor executada
O sistema de câmera, um dos maiores motivos de críticas dos jogos originais, foi retrabalhado e melhorou significativamente. As tomadas são boas nos momentos importantes da história, e agora temos a presença de uma visão sobre o ombro de Dan. Além disso, o analógico direito tem a função de mover a câmera livremente (salvo em locais onde algum ponto deve ser obrigatoriamente evidenciado).
Chuva de molhar os ossos!
Ainda assim, em alguns momentos temos pequenas confusões com a câmera, que teima em ficar atrás de paredes e pedras. Outro ponto que poderia ter sido melhorado são as transições entre as seções com tomadas automáticas e a visão controlada pelo jogador. Esses problemas são especialmente graves em fases com muitos combates, que também poderiam ter sido aprimorados, e que exigem movimentos mais precisos.
Lutar contra muitos inimigos pode ser uma tarefa um pouco caótica
Também quero pontuar que, ao ler algumas opiniões sobre o novo game, discordo das críticas que o título é “pouco inovador”. Sendo um remake, é lógico que a maioria das mecânicas clássicas seria aproveitada. Inclusive, creio que se ele fosse do tipo indie, muitos elogiariam os inúmeros elementos “originais” do título. O peso de ser um exclusivo PlayStation certamente aumentou a expectativa, mas o jogo não deve quase nada à, por exemplo, Crash Bandicoot N. Sane Trilogy (Multi).
Explore vários ambientes e cenários diferentes para salvar o reino de Gallowmere
O saldo final da “nova” aventura de Sir Fortesque é positivo, mas admito que ficou aquela sensação de que poderia ter sido melhor e maior. Mesmo não comprometendo, muitos elementos poderiam ter sido mais refinados. Como o lançamento é recente, acredito que a Sony proporcionará algumas melhorias via atualizações e quem sabe até alguma DLC, que permitiria expandir ainda mais esse divertido universo medieval.

Uma nova vida para um clássico do PlayStation

Sendo um game que marcou a minha infância, eu realmente tinha altas expectativas por MediEvil (PS4). E a maioria delas foi muito bem satisfeita: gráficos bonitos, boa jogabilidade, ótima trilha sonora e a presença de mecânicas de jogo originais e divertidas. Infelizmente, alguns pontos como bugs, sistema de câmera e dublagem em português ficaram devendo. Mesmo assim, esse exclusivo do PlayStation 4 certamente é uma boa opção para a sua biblioteca.
Uma divertida e assustadora aventura no seu PS4

Prós

  • Divertido remake bastante fiel ao título original;
  • Graças ao item anterior, excelentes história, level design e personagens;
  • Belo trabalho de dublagem em inglês e ótima trilha sonora;
  • Gráficos no estilo terror/humor muito bonitos;
  • No geral, boa jogabilidade e adaptações técnicas.

Contras

  • Pequenos problemas técnicos, como bugs e dublagem em português deficiente;
  • Combate e câmeras poderiam ter sido mais refinados;
  • Mesmo com algumas adições pontuais, o game poderia ter oferecido mais aos fãs.
MediEvil – PS4 – Nota: 8.0
 Análise produzida com cópia digital cedida pela Sony
Revisão: Raphael Barbosa

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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