Blast from the Past

Batman: Arkham Asylum (Multi) apresentou com maestria todo o potencial do Cavaleiro das Trevas para os games

Vamos relembrar esse excelente título do Cruzado Encapuzado que deu início a série Arkham.


A transição de conteúdo dos quadrinhos para os games não é uma tarefa simples. Mas dentre tantos exemplos de adaptações, certamente uma das que alcançou mais sucesso no mundo dos jogos eletrônicos foi Batman: Arkham Asylum (Multi). Neste Blast from the Past, vamos relembrar desse título com ótimos personagens, jogabilidade sólida e história envolvente, até hoje considerado um dos melhores do gênero.

Um exemplo de adaptação bem feita

A utilização de elementos dos quadrinhos nos games vem desde o princípio dessa indústria eletrônica. Como exemplos mais antigos, podemos citar títulos como Asterix (Atari 2600) de 1983, Snoopy (Commodore 64) de 1984 e Batman (Multi) de 1986. E a cada nova geração de consoles e computadores tivemos novos jogos baseados na nona arte.

Assim como tivemos bons títulos, também tivemos medianos e ruins. Afinal, é difícil comparar ótimos jogos como Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (Arcade/SNES) e Spider-Man (PS) com Superman 64 (N64) e Batman: Dark Tomorrow (GC/XB). Um dos problemas de utilizar os quadrinhos para produzir um game é que, além da dificuldade inerente de se criar um jogo, adaptar elementos e características já existentes pode ser muito complicado.
Dark Tomorrow não fez jus ao nome do Batman
E é exatamente nessa complicada relação que Batman: Arkham Asylum conseguiu encontrar seu grande trunfo. Lançado em 2009 para PS3, Xbox 360, PC e Mac, o game foi produzido pela Rocksteady Studios, e consistiu em um excelente título que também fez um excelente uso dos elementos dos quadrinhos.
Bem-vindo ao Asilo Arkham! Espero que você sobreviva a experiência...
É difícil especular se a ótima fórmula do jogo funcionaria com outra temática que não o “universo Batman”, mas mesmo assim acredito ela seria inferior em todos os quesitos. Batman é um super-herói muito rico, com várias facetas diferentes, histórias interessantes, muitos inimigos complexos e uma ambientação bastante única. Asylum se superou ao apresentar uma experiência ao mesmo tempo familiar e original.

Sim, a grande maioria dos elementos foram retirados dos quadrinhos, mas tudo foi organizado e representando de uma forma única, tornando o jogo mais que uma boa adaptação: o game agora pertence ao seu próprio “universo”. Basta olhar para os inúmeros produtos que surgiram a partir desse jogo, como quadrinhos, brinquedos e vários títulos que vieram na sequência de Arkham Asylum, conforme veremos mais adiante.
Várias histórias em quadrinhos expandiram o universo do game

Uma aventura digna dos cinemas (e séries, quadrinhos, livros...)

A história do título começa com Batman entregando ao Asilo Arkham o famoso Coringa que, apesar de capturado, aparentemente queria ser preso. Em um golpe rápido e com a ajuda da Arlequina, o vilão escapa e ameaça detonar bombas escondidas pela cidade de Gotham caso alguém tente invadir o asilo. Assim, o maior detetive do mundo se vê obrigado a descobrir e impedir sozinho os planos malignos do palhaço do crime.

Como seria de se esperar, o plano escondido por trás de seu retorno ao Asilo Arkham é mirabolante, levando Batman a lidar com vários desafios, investigações e combates incríveis. Os últimos, inclusive, vão desde enfrentamentos com capangas comuns até vilões famosos como Hera Venenosa, Crocodilo, Espantalho, Victor Zsasz e Bane.
Bane é um dos chefes em Arkham Asylum
Com roteiro criado pelo consagrado escritor de quadrinhos e desenhos animados Paul Dini, o título tem várias reviravoltas interessantes, diálogos bem construídos e interações entre personagens complexas e ricas. E cada um deles é bastante verossímil, principalmente para os fãs do Homem-Morcego.
As missões com o Espantalho tem foco nas mecânicas stealth
Dentro da história principal, o game conta com os troféus do Charada. Escondidos pelo vilão ao longo de todos os cenários do asilo, eles exigem habilidade e raciocínio por parte do jogador para serem localizados. O título também possui modos de desafio, que consistem em missões mais curtas com objetivos específicos como derrotar uma horda de inimigos com determinados itens.

“Eu sou Batman”

Outro ponto chave para Arkham Asylum foram suas caracterizações e ambientações. A primeira fica clara logo no começo do game: as “atuações” de Batman e Coringa são incríveis, com destaque para o vilão, dublado pelo ator Mark Hamil. Os demais personagens e músicas também foram bem escolhidos e dão uma ótima atmosfera ao jogo.

Os visuais foram igualmente cruciais nesse quesito. Como salientado anteriormente, o game é ao mesmo tempo familiar e original, trazendo um Asilo Arkham com um tom mais realista e sombrio. As sombras, aliás, tem um papel de destaque no game e criam ótimos cenários.
A ilha onde está localizado o Asilo Arkham é bonita e cheia de detalhes
Mas apenas uma boa produção não seria suficiente para que o game tivesse tanto sucesso. A jogabilidade sólida e as excelentes mecânicas de jogo complementam perfeitamente a aventura. Afinal, apenas “jogar como o Batman” não seria suficiente; teríamos que “ser o Batman”. E Arkham Asylum conseguiu isso de maneira relativamente simples, mas incrível.

A mecânica de combate consiste basicamente em dois movimentos: atacar e contra-atacar. O primeiro é realizado por apenas um botão, e é disparado na direção em que o jogador apontar o herói. Já o segundo consiste em apertar um botão no momento em que um inimigo avançar sobre o Cavaleiro das Trevas.
Os combates são um ponto alto do game
Se acionado no momento correto, esse movimento reverte o golpe do adversário contra ele. Assim, é possível acertar sequências longas e muitos legais de golpes. E a cada combo com vários acertos, temos acesso a ataques cada vez mais poderosos. Esse sistema é um dos excelentes exemplos de “fácil de aprender, difícil de dominar” e, além de competente, é muito divertido.

Mas Batman não seria Batman sem as suas famosas técnicas furtivas. Muito mais do que um dos lutadores mais capacitados dos quadrinhos, Bruce Wayne também é um mestre de ataques sorrateiros e movimentos saindo das sombras. Em Arkham Asylum, o jogador pode utilizar ataques verticais, explodir paredes e surpreender inimigos ao saltar de parapeitos.
O bandido não vai nem saber o que o atingiu...
Também temos a presença dos clássicos batarangues, de bat-garras, ataques com gel explosivo e com a capa. Vale ressaltar que as mecânicas de combate e furtividade, embora já tivessem sido introduzidas de forma semelhante por jogos como Assassin’s Creed (Multi), foram tão bem recebidas que se tornaram fonte de inspiração para outros jogo como Shadow of Mordor (Multi) e Mad Max (Multi).

Abrindo as portas para a franquia

Asylum foi o primeiro título do que seria uma franquia de significativo sucesso com público e crítica. Dois anos após o seu lançamento, foi lançado Batman: Arkham City (Multi), considerado por muitos o melhor da série. Praticamente todos os elementos do game original estão lá, só que agora em um cenário muito maior e em uma história ainda mais caprichada.
A Mulher-Gato teve um papel de destaque em Arkham City
Na sequência veio Batman: Arkham Origins (Multi), que se passa cronologicamente antes de Asylum, e Batman: Arkham Knight (Multi), que completou a história contada pelos outros três títulos e deixou uma ponta solta para futuros games. Também foram lançado títulos do tipo spin-off, tais como Batman: Arkham Underworld (Android/iOS), para dispositivos móveis, e Batman: Arkham VR (PC/PS4), um jogo do Homem-Morcego em realidade virtual.

Tamanho foi o seu sucesso de Arkham Asylum que ele recebeu diversas versões especiais. Além da versão GOTY (Game Of The Year ou jogo do ano), ele recebeu uma versão de colecionador que continha um batarangue de 36 cm, um DVD com um documentário sobre o jogo, um livro especial e códigos para download de DLCs.
Uma versão de colecionador digna do Cavaleiro das Trevas
Os DLCs do game incluíram novos desafios para o game, assim como missões especiais onde o jogador assumia o controle do insano Coringa. Batman: Arkham Asylum e Arkham: City foram completamente remasterizados no título Batman: Return to Arkham (PS4/XBO), lançado para PS4 e Xbox One. Lançado em 2016, o game trouxe todos os extras de ambos os títulos com gráficos atualizados para a geração atual de consoles.

Um grande jogo para um grande herói

Embora até então a indústria dos games já tivesse alguns bons exemplos de jogos baseados em quadrinhos, Batman: Arkham Asylum foi um dois primeiros a ter um nível de qualidade digno dos melhores títulos do mercado. Seus gráficos caprichados, ambientações detalhadas, história envolvente e jogabilidade sólida são alguns dos predicados que levaram-no a ter aclamação da crítica e do público. Seja você um gamer fã do cavaleiro das trevas ou não, esse é um título obrigatório para a sua biblioteca.
Um clássico da sétima geração de consoles
E você, leitor? Já jogou Batman: Arkham Asylum? Deixe o seu comentário.

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google