Blast from the Past

Marvel: Ultimate Alliance (Multi) - Introdução (Regular) ao Universo Marvel

Após dois títulos relacionados aos X-Men, a desenvolvedora Raven Software decidiu reunir diversos heróis da Marvel para um enredo original em larga escala.

É engraçado analisar o primeiro Marvel: Ultimate Alliance em retrospecto. Ele é oriundo de uma época na qual a união de vários heróis num mesmo produto ainda era algo de nicho, de certa forma, já que só veríamos esse tipo de acontecimento nos próprios games, nas animações e, claro, nas HQs. Com o advento do Universo Cinematográfico Marvel, essa mescla se tornou algo completamente comum; é o esperado, no mínimo, que todas as mídias possíveis façam o mesmo. Sendo assim, o simples ato de revisitar um título pertencente à um período mais simples, no que tange tal tópico, é verdadeiramente intrigante, e os convido a fazer o mesmo. Avante!

Origem mutante

Antes mesmo de unir a Aliança Suprema (livre tradução do título), a desenvolvedora Raven Software já havia realizado dois RPGs de ação com visão isométrica, também, só que baseados no universo dos mutantes da Marvel: X-Men Legends (Multi) e X-Men Legends II: Rise of Apocalypse (Multi), de 2004 e 2005, respectivamente.

Dotados de um gameplay simples e intuitivo, além de enredos originais interessantes e estilo artístico cativante (graças à união dos modelos simples com o uso do cel-shading, garantindo um visual cartunesco), ambos os jogos foram bem recebidos por críticos e fãs, gerando discussões sobre uma possível terceira iteração. Isso não ocorreu, mas ajudou a pavimentar o caminho para a chegada da reunião dos heróis da Casa das Ideias.

Lançado em 2006 para PlayStation 3, Xbox 360, Nintendo Wii, PlayStation 2, Xbox, PlayStation Portátil, Game Boy Advance e PC (além de ports às lojas digitais do PlayStation 4 e Xbox One, que foram rapidamente removidos graças ao fato da Activision, distribuidora dos principais títulos da Marvel desde o primeiro PlayStation, não ser mais a detentora dos direitos dos games baseados nos filmes e quadrinhos da editora), Marvel: Ultimate Alliance seguiu a mesma fórmula de seus predecessores espirituais e conseguiu, igualmente, uma boa recepção de ambas as partes.

Convocando a equipe

O jogo escolheu reunir uma boa sorte de heróis (dos pouco conhecidos, como Cavaleiro da Lua e Dr. Estranho, aos grandes nomes, como Homem-Aranha e Wolverine) e acertou em tal decisão, apresentando mais lados do vasto Universo Marvel e nos fazendo explorá-lo à exaustão.


Ainda que possua um enredo um tanto quanto simples (Dr. Destino, com a ajuda dos Mestres do Terror, almeja os poderes divinos de Odin, e resta aos heróis parar tal plano que atravessa os mais variados reinos), diverte o máximo que pode. E é essa linha fina, por assim dizer, que nos leva às mais variadas locações com os mais variados personagens.



Para leitores das antigas, são viagens e interações esperadas; para os novatos, é um compêndio bacana, já que apresenta até jogo de Perguntas & Respostas sobre as HQs, a trama do game e diálogos com NPCs importantes à mitologia como um todo. Ah, e experimente controlar um personagem específico diante de um inimigo e/ou NPC igualmente específicos; diálogos inteiros podem não aparecer numa primeira jogatina, para se ter uma noção.

E pode-se dizer que há um bom fator replay aqui, já que Ultimate Alliance apresenta finais alternativos baseados em escolhas cruciais e missões secundárias realizadas em certas fases. Estas são apresentadas em artes dignas das HQs, com alguma animação leve inserida, além de cenas relacionadas às suas decisões. De toda forma, as então icônicas cutscenes em alta qualidade não são afetadas por tal aspecto (vale ressaltar que o estúdio responsável por elas é o Blur Studio, que está por trás da produção de Love, Death + Robots, o novo seriado da Netflix), ainda que outro as afetem imensamente: os constantes serrilhados, que também aparecem nas versões para consoles menos potentes e/ou da então geração passada, só que de forma onipresente.

Um estalo teria doído menos

A taxa de quadros por segundo é um aspecto bem complicado que assola a jogatina. Em alguns breves momentos, quando há pouco o que ser renderizado, podemos vislumbrar algo em torno dos 30fps. De resto, o que tange o jogo como um todo, o engasgo é constante, e pode muito bem incomodar bastante sua experiência, a menos que queira ir até o fim, custe o que custar.

Outro fator que pode afastá-lo de completar essa jornada é a presença de QTEs. Pode parecer bobo, já que é algo praticamente comum, mas há divergências entre os consoles. Ao passo que a versão de PS2 pede que pressione botões específicos na hora correta, é necessário mexer o controle Sixaxis na direção correta no PS3 (e digamos que a tecnologia não era tão precisa assim, o que frustra a jogabilidade um bocado).
Uma divergência bem óbvia é no quesito gráfico. Não, as versões dos consoles então Next-Gen não melhoram em muita coisa; na verdade, até pioram um pouco. A falta do cel-shading dos dois X-Men Legends é muito sentida, já que agora podemos ver o quão realmente simples são os modelos dos personagens. Na versão de PS2, esse aspecto é sequer mascarado, e a falta de brilho apenas realça. No PS3, parece até que colocaram o brilho no máximo enquanto besuntaram todos os modelos em óleo, fazendo a vista arder em diversos trechos. O capricho visual dos títulos anteriores mandou lembranças.

Ultimato

Ainda que possua alguns pontos negativos (e que provavelmente irão modificar sua visão perante um título que amava com todas as forças), o enredo, o gameplay e o universo ainda assim divertem, embora não sejam perfeitos ou qualquer coisa do tipo.

Hey, você, leitor(a)! Já jogou Marvel: Ultimate Alliance? Peraí, você também jogou os dois X-Men Legends? Vamos conversar, agora!

Revisão: Francisco Camilo

Um cérebro conectado a uma rede vasta e infinita que faz uns textos sobre a cultura pop.
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