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Análise: A Plague Tale: Innocence (Multi): dois irmãos contra as pragas

Reimaginando uma velha tragédia europeia, Plague Tale conta uma tocante história de sobrevivência e união.



Em um passado difícil: com um grave conflito e uma doença mortal, a França se vê no meio do caos. É no meio disso que somos jogados em Plague Tale, controlando uma garota que precisa sobreviver junto ao irmão mais novo, passando por humanos terríveis e tentando não ser comidos por ratos negros. Com muitos pontos positivos em seu desenvolvimento, a Asobo Studio conseguiu entregar um ótimo game. Então venha conhecer com detalhes a jornada de Amicia.

Morte por homens ou ratos

Amicia é uma garota que vive em uma França medieval pacífica, até a Inquisição chegar em sua casa. Comandada por um homem do alto escalão da igreja, eles matam seu pai e tentam sequestrar seu irmão mais novo, Hugo, que carrega consigo uma doença misteriosa. Mas, ao fugir, eles presenciam todos aqueles soldados e guardas serem devorados por milhares de ratos. Mesmo que tenham os salvado, essa praga chegou nas vilas da região, causando desolação, medo e pânico. No meio desse caos que Amicia tentará manter seu irmão seguro, além de o ajudar com a sua doença, achando quem possa o curar.


Os cenários também contam histórias. Mesmo que a exploração seja linear, em muitos momentos existe a possibilidade de andar por algum caminho diferente, onde podemos achar alguns itens especiais que dizem um pouco mais sobre aquela região. Isso também vale para alguns presentes para nossos companheiros, como óculos, entre outras coisas. Ao encontrar tudo isso ouvimos algum comentário interessante de Amicia, deixando o enredo mais denso e divertido, e tudo está localizado em português, que deixa tudo melhor.

Esse é um jogo emocional. Explorando ao máximo uma relação inicialmente tímida entre a Amicia e Hugo, os desenvolvedores conseguiram trazer terror, horror e senso de responsabilidade muito bem-vindos à toda a narrativa. Queremos salvar nosso irmão mais novo, como também fazer ele ficar quieto. Mas é nos momentos calmos, como quando achamos algumas flores e Hugo coloca uma delas no cabelo de sua irmã, que voltamos a sentir nossa ligação ficando mais forte.


Mecanicamente inspirado

Como um jogo de sobrevivência, Amicia não é forte, ou sobre-humana. Em seus punhos há apenas uma atiradeira, capaz de arremessar pedras e é só com isso que vamos passar boa parte da jornada. Usando-a podemos atirar na cabeça dos inimigos, os matando instantaneamente, mas esse ataque faz barulho, o que chama a atenção de outros guardas por perto. Então é preciso ir sorrateiramente, causando distrações, como arremessar uma pedra em algum metal, ou mesmo usando um vaso. Isso irá fazê-los saírem de seus postos, dando chance de você passar despercebida.

Não só isso: podemos nos esgueirar pelos matos altos para evitar sermos vistos, ou ainda pedir para que Hugo fique onde está para não ser visto ou morto, mas cuidado com essa opção pois. ao pedir, os inimigos podem te ouvir. Ao longo da jornada adquirimos outras opções para nos livrarmos de inimigos mais silenciosamente, e isso pode até ser considerado um problema, pois as novidades deixam seus antigos equipamentos obsoletos.



O que poderia resolver um pouco desse problema é que cada nova arma precisa ser montada, gastando os recursos que você adquiriu no caminho, como pedra, enxofre, entre outras. Entretanto, eles não são escassos, garantindo que o jogador sempre tenha a possibilidade de criar uma pedra incendiária, por exemplo, útil para afastar os ratos ou uma poção de sono, que incapacita um guarda, quando pego de surpresa.

Além disso, existe a possibilidade de fazermos upgrades nos nossos equipamentos, como melhorar a armadeira para ficar mais rápida de se atirar, ou mesmo aumentar o número de pedras que podemos carregar. O modo stealth e algumas outras armas também podem receber upgrades, como seu cinto para fazer menos barulho ao andar. Em minha jogatina não consegui evoluir ao máximo nenhuma das opções disponíveis para mim, mas não senti falta disso em nenhum momento, mesmo morrendo algumas vezes.



Morrer é uma coisa constante aqui, já que é necessário apenas os guardas te encontrarem ou os ratos te comerem para aparecer a tela de game over. Felizmente o load para voltar à jogatina é rápido, o que garante uma frustração a menos. Em muitos momentos o que você tem que fazer não é deixado claro, e até descobrir vai algumas tentativas. Por exemplo, em uma parte do game é necessário mover uma caixa para uma parede, no meio de ratos negros, em nenhum momento é especificado qual delas, o que dificultou um pouco as coisas.

Nossa jornada é recheada de obstáculos, onde para prosseguir teremos que resolver um puzzle. Eles não são complexos ou muito difíceis, mas todos eles são muito bem colocados na trama. Boa parte deles usam os ratos como desafio, e teremos que achar um jeito de usar o fogo para passar. O mesmo vale para as alavancas, ou caixas para empurrar. Você provavelmente não vai ficar muito tempo neles, mas isso não será um problema.


Uma jornada tecnicamente linda

“Que lindo!” é uma expressão recorrente enquanto se joga A Plague Tale. Cada cenário que passamos, como castelos, estradas, florestas e vilas, possui texturas e iluminação impressionantes. Também é possível dizer isso com o modelo dos personagens, com suas roupas, cicatrizes, peles, machucado, tudo muito bem feito e crível para a época em que o game se passa.

As animações por sua vez não são tão bem trabalhadas, parecendo bem truncadas: correr, andar, agachar, escalar coisas, não são de todo mal, mas não conseguem ser naturais em muitas situações. A expressões faciais fora de cenas de corte também não são das melhores, fazendo momentos mais cruciais menos impactantes. Felizmente é possível superar tudo isso com o ótimo enredo e suas boas reviravoltas.



O trabalho sonoro aqui também merece ser elogiado. As músicas tocadas ao fundo traduzem muito bem o que é sentido em cada cena. Os sons mais simples como passos e os grunhidos dos ratos também compõem muito bem os cenários, trazendo tensão e medo. Isso é intensificado pelo incrível trabalho de voz de todos os personagens, principalmente da Amicia, que consegue nos fazer arrepiar em alguns momentos mais dramáticos.

E então?

Desde seu anúncio, A Plague Tale: Innocence (Multi) tem a atenção de muitos jogadores, e com a sua chegada às expectativas levantadas foram atendidas? Com certeza. Essa é uma incrível e tocante jornada, com ótimos momentos de tensão e até de revolta. E suas mecânicas conseguem acompanhar a sua narrativa, usando de inspiração tantas outras que já gostamos. Claro, ele não é perfeito, mas vale muito a pena ser experimentado.


Prós

  • Seus sistemas são muito bem compostos;
  • Toda a ambientação é ótima;
  • A narrativa é tocante e muito bem-feita;
  • Os gráficos são muito bonitos;
  • Os sistemas de combate são simples, mas muito eficientes;
  • Os puzzles são muito bem colocados;
  • Todos os textos estão em português;
  • O trabalho sonoro é muito bem feito também.

Contras

  • Quedas de frame em alguns momentos;
  • As animações não são tão bem trabalhadas.
A Plague Tale: Innocence — PS4/XONE/PC — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital cedida pela Focus Home Interactive
Revisão: Francisco Camilo

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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