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Análise: Bomb Chicken (Multi) — explosões e puzzles em uma aventura criativa

Uma galinha usa muitas bombas para enfrentar desafios interessantes nesse carismático título de plataforma.


Bomb Chicken é um jogo de plataforma estrelado por uma heroína altamente improvável: uma galinha que bota bombas em vez de ovos. Com essa habilidade exótica, a ave precisa fugir de uma fábrica repleta de situações complicadas em uma aventura com muitos elementos de ação e puzzle. Lançado anteriormente para Nintendo Switch, o título chega agora ao PC (via Steam) e PlayStation 4.

A jornada da galinha explosiva

Uma rede de alimentos tem como produto de destaque um estranho e viciante molho azul que ninguém sabe exatamente como é feito. Um dia, dentro de uma fábrica da empresa, um ovo de galinha é banhado por tal molho, e disso nasce Bomb Chicken, a nossa heroína. Por causa da misteriosa substância azul, a galinha é capaz de botar bombas em vez de ovos, e com essa habilidade inusitada a ave vai tentar fugir do local em que está confinada.

Naturalmente, a fábrica está repleta de perigos e armadilhas: serras afiadas, espinhos, mecanismos fatais, guardas e mais. Para avançar, precisamos abusar do poder da galinha. A a ave não pula, logo a única maneira de alcançar locais altos é botando uma torre de bombas. Também conseguimos lançar lateralmente os explosivos, recurso perfeito para acertar botões ou inimigos distantes. Um detalhe importante vem do fato de que a galinha não é imune às explosões, sendo assim precisamos utilizá-las com cuidado para navegar pelos estágios, pois a ave morre ao ser atingida uma única vez.


Manipular com bombas é algo perigoso, e a morte é constante no jogo. Ao ser derrotada, a galinha retorna ao início da sala ao custo de um coração, e perder todas as vidas significa recomeçar o estágio desde o começo. Cristais, cartões de acesso e outros colecionáveis não precisam ser recolhidos novamente após gastar todas as vidas, o que reduz a frustração da derrota e agiliza a progressão. Mais vidas podem ser compradas ao custo de cristais em totens localizados entre os estágios, sendo assim é uma boa ir atrás desses itens — muitos deles estão localizados em salas secretas opcionais com desafio acima da média.

Visuais charmosos em pixel art trazem um ar retrô a Bomb Chicken. Os cenários são detalhados e coloridos, especialmente os fundos das áreas, que dão dicas sobre a história do mundo. Já os personagens apresentam movimentação exagerada, trazendo identidade e a impressão de estar dentro um desenho animado. As explosões, em especial, são reforçadas com efeitos visuais que distorcem toda a tela, o que torna prazeroso sair explodindo tudo. É uma pena que os ambientes explorados pela galinha não sejam muito inspirados, como uma fábrica escura e uma selva, o que traz uma leve sensação de repetição.


Bombas, criatividade e frustração

Bomb Chicken usa um conceito simples para montar um jogo de plataforma e puzzle bem interessante. Somente dois comandos estão disponíveis (botar bombas e empurrar bombas), no entanto eles são explorados de inúmeras maneiras criativas. Em uma fase, empilhamos várias bombas para conseguir atravessar várias plataformas flutuantes que desaparecem de tempos em tempos. Já em outro estágio precisamos lançar as bombas no momento certo para que elas explodam blocos localizados no meio do caminho. Um outro trecho exige colocar uma bomba em um botão para abrir uma porta, em seguida precisamos correr para alcançar a saída antes da explosão. Aos poucos novas ideias são introduzidas e mais para o final da aventura as coisas ficam bem complexas com a junção de vários conceitos.

Além dos vários perigos e puzzles espalhados pelos estágios, a própria mecânica principal de Bomb Chicken contribui para a dificuldade. Empilhar bombas é o principal meio de locomoção vertical, porém elas são capazes de matar a galinha. As fases exploram essa característica com trechos que exigem velocidade, atenção e destreza — um pequeno deslize significa morte. Na maior parte do tempo, é divertido tentar descobrir as ações corretas para conseguir superar os problemas sem se explodir no processo, no entanto aparecem partes que demandam um nível de precisão alto e parece que os comandos não são ágeis o suficiente. O resultado são momentos frustrantes em que você morre por não conseguir empilhar bombas e se mover rápido o bastante.


Outra questão é a dificuldade inconsistente. Em uma mesma fase, aparecem simultaneamente momentos triviais e partes bem mais difíceis, sem apresentar uma progressão de desafio lógica, gerando picos de dificuldade desagradáveis. Aconteceu bastante comigo de passar uma fase rapidamente e sem erros para logo em seguida ficar preso tentando um único ponto complicado. Por sorte os estágios não são muito longos, logo tentar de novo não chega a ser muito desagradável.

A jornada da galinha explosiva é bem tradicional: são 29 estágios de progressão linear, sendo que três deles são batalhas contra chefes. As fases contam com gemas azuis para serem coletadas, sendo que muitas delas estão escondidas em salas secretas, o que incentiva a revisitação para aqueles que gostam de completar todos os desafios disponíveis em jogos. Não há extras fora os colecionáveis, e dependendo da habilidade do jogador tudo pode ser visto em algumas poucas horas. As versões para PC e PlayStation 4 contam com troféus e conquistas, o que ajuda a estender um pouco o tempo de jogo.


Explosivamente divertido

Bomb Chicken utiliza um conceito simples e inusitado para criar uma experiência divertida. A jornada da galinha que bota bombas cativa com puzzles e situações que exploram as habilidades da ave de formas criativas, sendo impressionante como somente dois comandos são explorados de inúmeras maneiras. O visual é impecável com uso de pixel art detalhado, contudo o jogo sofre com alguns picos de dificuldade desagradáveis e conteúdo limitado. No fim, Bomb Chicken é uma breve aventura que vale a pena ser conferida.

Prós

  • Conceito principal inusitado explorado de maneiras criativas;
  • Boa variedade de puzzles e desafios espalhados pelos estágios;
  • Visual expressivo e bem trabalhado.

Contras

  • Alguns momentos que exigem mais precisão do que os oferecidos pelas mecânicas;
  • Picos de dificuldade em alguns trechos da aventura.
Bomb Chicken — PC/PS4/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nitrome

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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