Castlevania: relembre os games e entenda o sucesso da série na Netflix

A segunda temporada do desenho foi bem recebida pelo público, mas a aventura contra as criaturas das trevas começou muito antes disso.


Quando o assunto é caçar vampiros e demônios, é impossível não falar de Castlevania. Com mais de 30 anos, a franquia da Konami se tornou uma das mais importantes dos jogos de aventura e criou sua própria forma de contar a história do conde Drácula. Além disso, mesmo passando por uma fase medíocre nos games, o sucesso da série animada na Netflix mostra que a batalha entre o príncipe das trevas e o clã Belmont ainda está longe de acabar.

Castelo mal-assombrado

Tudo começou em setembro de 1986, quando o primeiro Castlevania chegou aos consoles do Japão. O título foi lançado para Famicom através do Disk System e até recebeu uma versão para MSX, mas, mesmo assim, só se tornou o fenômeno que conhecemos no ano seguinte - quando a Konami finalmente conseguiu colocar a jornada de Simon Belmont nos cartuchos de NES. Sucesso no mundo todo, o estilo desafiador de Castlevania se tornou uma referência para os jogos de ação em plataforma.

Baseado principalmente na obra de Bram Stoker, cada jogo clássico da franquia narra uma parte da eterna batalha entre Drácula e a humanidade. Liderando seu gigantesco exército de demônios, o conde surge pelo menos uma vez por século e seu maior inimigo é quase sempre o lendário clã Belmont. Os herdeiros dessa família se tornaram conhecidos por caçar criaturas da noite e a arma mais poderosa deles é o Vampire Killer, um chicote sagrado que é passado de geração em geração.

Lua cheia

Com mais de 35 títulos publicados até hoje, a saga dos Belmont passou por muitos altos e baixos. O primeiro tropeço da Konami aconteceu em Castlevania II (NES), que investiu em várias mecânicas de RPG. A ideia era fugir da linearidade de seu antecessor, mas, infelizmente, as mudanças deixaram o ritmo da aventura lento demais. Se antes a preocupação dos jogadores era com a dificuldade absurda das fases, ter que passar várias vezes nas mesmas áreas para subir de nível fez o Drácula se revirar no caixão.

Voltando a trabalhar em cima de seu conceito original, a franquia recuperou a confiança dos fãs e foi responsável por alguns dos melhores lançamentos do início dos anos 90. Um dos destaques da boa fase é Super Castlevania IV (SNES), um remake do primeiro jogo da série. O título de 1991 explorou os limites audiovisuais do Super Nintendo, se tornou uma das experiências mais completas da saga e deixou o mercado pronto para receber Dracula X: Rondo of Blood (PC Engine, 1993) e Castlevania: Bloodlines (Mega Drive, 1994).
Simon Belmont encara o misterioso castelo de Drácula.


Nessa altura do campeonato, a série já tinha lançado dois jogos para o Gameboy clássico. Exclusivos do portátil da Nintendo, Castlevania Adventure e Castlevania II: Belmont's Revenge trouxeram poucas novidades para a franquia. A jogabilidade era travada e deixava a desejar em comparação com o que se via nos consoles de mesa, mas isso não impediu a Konami de produzir um terceiro título. Em 1997, Castlevania Legends chegou à telinha verde do Gameboy e foi o primeiro da série a ter uma protagonista feminina: quem enfrenta os lacaios do príncipe das trevas é Sonia Belmont.

O beijo do vampiro

Com tantos jogos aclamados pela crítica e pelo público, não demorou para que Castlevania se consolidasse como um dos nomes mais importantes dos videogames. A prova definitiva do bom trabalho da Konami foi o lançamento do icônico Symphony of The Night, que surpreendeu com elementos de RPG e um castelo gigantesco para ser explorado livremente. A obra-prima de Koji Igarashi chegou ao PlayStation em 1997, e, no ano seguinte, foi relançada com conteúdo extra para o Sega Saturn.
Richter Belmont encara o príncipe das trevas no prólogo de Symphony of the Night.


Por unir elementos que se tornaram recorrentes nas franquias Castlevania e Metroid, a fórmula revolucionária foi batizada pela comunidade como Metroidvania. Além disso, graças ao sucesso indiscutível do estilo, a maioria dos jogos de Castlevania que foram lançados de lá pra cá são produzidos na sombra de Symphony of the Night. Os mais famosos são os que estão disponíveis nos consoles portáteis da Nintendo, como Castlevania: Aria of Sorrow (GBA) e Order of Ecclesia (NDS).

Lágrimas de sangue

Mesmo com o sucesso de seus títulos de ação em plataforma 2D, o avanço tecnológico na segunda metade dos anos 90 fez a Konami investir em jogos de Castlevania com polígonos e três dimensões. As primeiras tentativas foram os spin-offs Castlevania 64 (N64) e Legacy of Darkness (N64), ambos lançados em 1999 e amplamente rejeitados pelos fãs da série tradicional. Foi a primeira vez que a franquia mostrou ter problemas para fazer bons jogos sem a estrutura clássica ou sem o estilo Metroidvania.

Tanta ousadia só foi vista novamente no PlayStation 2, quando foram lançados os canônicos Castlevania: Lament of Innocence e Curse of Darkness. Mesmo não chegando nem perto dos dias de ouro da saga, os títulos conseguiram agradar boa parte dos fãs e usaram os recursos do console da Sony para criar um apelo cinematográfico. Essa talvez seja a maior contribuição desses jogos, já que em Lament of Innocence, por exemplo, é mostrado o surgimento de Drácula e do clã Belmont.

Da última vez que a Konami tentou desviar a saga de suas raízes, em 2011, nasceu o reboot Castlevania: Lords of Shadow. O arco teve três títulos e apostou no estilo Hack ‘n Slash, mas acabou se tornando uma espécie de God of War emo ou gótico. A série está na geladeira desde o fracasso comercial de LoS 2 e, de lá pra cá, nenhum título de peso foi sequer anunciado. As únicas novidades foram Castlevania Requiem: Rondo of Blood & Symphony of the Night (PS4), coletânea lançada há cerca de um mês, e Castlevania: Grimoire of Souls (iOS), game mobile que está em desenvolvimento.

Adaptando o legado

Os fãs de Castlevania já estavam em jejum há praticamente 3 anos, quando a Netflix anunciou que estava trabalhando numa adaptação dos games para desenho animado. A primeira temporada, lançada no serviço de streaming em julho de 2017, se baseia nos eventos de Castlevania III: Dracula's Curse (NES) e conta a história de Trevor Belmont. Mesmo com apenas 4 episódios, a adaptação deixou claro que estava à altura dos games e teve mais uma porção de capítulos confirmada quase instantaneamente.
Trevor, Alucard e Sypha se unem para impedir o fim da humanidade.


A segunda parte do anime foi lançada em 28 de outubro e manteve a qualidade vista antes. Fiel aos eventos de Castlevania III e começando a mostrar um pouco de Curse of Darkness (PS2), o roteiro chama atenção ao apresentar uma nova perspectiva para quem cresceu assoprando cartuchos de nintendinho. Se nos games o jogador explora o castelo de Drácula na pele de um caçador de monstros, a adaptação se dedica em mostrar como o príncipe das trevas e seus generais planejam a extinção da humanidade.
Direto de Castlevania: Curse of Darkness (PS2), Isaac é um dos servos de Drácula.


A série original da Netflix faz ótimo uso da linguagem, mitologia e universo dos games. Outro destaque é o visual dos personagens e ambientes – que não fica preso ao design original dos jogos, mas está quase sempre homenageando outras épocas da saga. A aparência e roupas do meio-vampiro Alucard, por exemplo, lembram bastante as que ele tinha em Symphony of the Night. Os cenários em que se passam a aventura também são cheios de easter eggs e, às vezes, fica difícil identificar tantas referências acumuladas na tela.
Vários inimigos clássicos, como Slogra e Gaibon, dão as caras no desenho animado.


E você, gostou da série animada? Qual elemento dos games não pode faltar na adaptação da Netflix? Fale para a gente nos comentários.

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