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Análise: Black Clover: Quartet Knights (PS4/PC) tem bom potencial minado por conexão online pífia

Adaptação possui jogabilidade sólida e de qualidade ofuscada por problemas técnicos em seu principal modo de jogo.


Black Clover: Quartet Knights (PS4/PC) é baseado no mangá e anime homônimos, mas com uma história totalmente original, trazendo os personagens da obra para a telinha em novas aventuras e batalhas intensas. Ao menos quando deveria trazer, já que é quase impossível encontrar outros jogadores online, o que torna a experiência bem frustrante.


Um mundo de magia

A história de Black Clover se passa principalmente no Reino Clover. Em um mundo onde magia é tudo para seus habitantes, nascer privado de tal habilidade significa uma vida de fracasso e ridicularização. Asta, protagonista de Black Clover, é um órfão que foi abandonado na porta de uma igreja junto com Yuno, seu irmão de criação. Asta não possui nenhum tipo de ligação natural com a magia, algo que vai totalmente contra seu desejo de se alcançar a alcunha de Rei Mago, o ser mágico mais poderoso.

No jogo, temos a história de Lord Freese, um nobre do Reino Clover que se vê traído pela classe social a qual pertence, sendo assassinado friamente por aqueles que conviviam diariamente com sua pessoa. Jurando vingança, Freese utiliza magia para transportar sua alma para um colar, que viria a ser encontrado pela filha, Karna, em um futuro distante, dando a ele a oportunidade de se apossar do corpo da garota e cumprir seus planos vingativos. Tal trama é contada através de dois pontos de vista: Asta e Yami, capitão dos Black Bulls, um grupo de cavaleiros mágicos que serve ao Rei Mago. São capítulos curtos que consistem em batalhas diversas entre os personagens da série, simulando os combates e modalidades online em um ambiente offline.



O maior problema com a pequena história de Quartet Knights não está em sua trama principal que, para um anime, pode muito bem ser aproveitadas pelos fãs do gênero. A questão é que a maioria dos diálogos ocorrem em cenas estáticas, quebrando qualquer tipo de interesse do jogador por aquilo que está na tela. É difícil perceber as características de cada personagem apenas através das imagens imóveis.

Ter um conhecimento prévio a respeito da franquia ajuda a elevar um pouco o interesse pelo que está sendo contado. É válido notar que o game possui belas animações intercalando seus episódios, mas são curtas e raramente abordam a trama. O trecho citado no primeiro parágrafo não está no jogo, sendo um conceito da série que veio a mim através do anime. Mesmo sendo original, seria interessante que a trama de Quartet Knights explicasse ao menos um pouco a origem de seus personagens, abarcando assim novatos e desconhecidos do mangá e anime.

Tiro em terceira pessoa embebido de magias

Black Clover: Quartet Knights é, em seu cerne, um jogo de tiro em terceira pessoa com embates de 4v4. Ao invés de armas de fogo, usa-se magias e poderes típicos da série, que são bem representados através de belas animações repletas de luzes e cores. São 17 personagens divididos em quatro classes distintas: Fighter, especializada em combates corpo a corpo e com boas defesas; Shooter, para confrontos à distância e com alto poder de dano direto; Supporter, cuja função é prover bonificações de status aos outros jogadores e criar armadilhas contra o time adversário: e Healer, que fica encarregada da cura dos aliados.

O sistema de classes é simples de usar e bastante variado, sendo acolhedor tanto para jogadores casuais quanto para aqueles mais dedicados. Dominar potencialidades e fraquezas demanda tempo e treino, principalmente pela possibilidade de usar cartas que melhoram determinadas habilidades. São 4 decks diferentes, que focam em atributos diversos de cada personagem. As cartas podem ser desbloqueadas com a moeda do jogo ou subindo de nível com a experiência ganha após as partidas online.



Durante as batalhas, um medidor especial se enche e, quando utilizado, libera uma habilidade suprema. Elas são o ápice de cada indivíduo no jogo, devendo ser utilizadas com sabedoria para saber manejar a situação da equipe. Além disso, há o Link Attack, que consiste em um ataque combinado oportuno entre dois companheiros de time, modificando a habilidade utilizada com R1 (no PS4), criando uma nova magia de dano ainda mais potente.

Para criar oportunidades de manobra e estratégias, itens de uso único ficam espalhados pelo mapa, que podem ser coletados e utilizados para o auxílio próprio ou do time. Bombas e capas de invisibilidade dividem espaço com aumentos de velocidade e recuperadores de pontos de vida. E também como alternativa para estratégias de jogo, há o surgimento de uma zona mágica especial no campo de batalha que, quando capturada, confere um bônus de ataque ao time. Ficar longe da equipe para buscar tal oportunidade pode ser um risco mas, se feito com sucesso, pode ajudar a virar um jogo que parecia perdido.

Há três modalidades de jogo, sendo elas Crystal Carry, em que o objetivo é tomar o controle de um cristal mágico e levá-lo até a base inimiga; Treasure Hunt, em que a missão consiste em capturar uma chave e um baú de tesouro para marcar pontos, com a vitória vindo para o time que alcançar cinco pontos primeiro; e Zone Control, em que deve-se assegurar uma zona específica do mapa para vencer. Como podem ver, são poucos modos de jogo, que são divididos em apenas oito mapas inspirados em localidades da obra original.



A experiência de Quartet Knights é voltada, principalmente, para um ambiente online competitivo. É bem divertido encarar suas partidas graças ao seu sistema de classes e personagens únicos. Dentro de uma mesma classe, podemos escolher entre dois combatentes com funções semelhantes mas habilidades e potencialidades completamente diferentes.

Há momentos em que o jogador sentirá que alguns personagens são excessivamente fracos, com níveis de defesa baixíssimos e quantias de HP e armadura bastante reduzidas. Carece de uma atualização com balanceamento, mas não é nada que prejudique a experiência, especialmente se estiver executando a função ideal do personagem escolhido.

Tudo seria maravilhoso, não fosse a fraquíssima conectividade em rede do game. É basicamente impossível encontrar outros jogadores, mesmo escolhendo entre diferentes regiões dos servidores. Na minha experiência para análise, em cinco horas de jogo fui capaz de encontrar apenas duas outras pessoas. Todo o restante da jogatina foi em partidas contra bots. Não é o ideal, já que a inteligência artificial oscila bastante entre estupidez e habilidade ideal para um desafio justo. Além disso, o balanceamento de classes na equipe feito pelo jogo é falho.

Após alguns minutos procurando partida, o game cria uma sala online com bots


Poucas opções de jogo e tutorial em toda parte

Além do modo História e das modalidades online, é possível aproveitar os modos Challenge e Training. Challenge funciona como um grande tutorial de todos os personagens, com pequenos objetivos que exigem concluir certas ações usando magias e habilidades específicas. Já o Training foca em treinos livres e batalhas simuladas, permitindo ao jogador personalize partidas contra a inteligência artificial de diversas formas, como equipes, mapa e modo de jogo. A bem da verdade, são modos que estão presentes apenas para “cumprir tabela”.

Graficamente falando, os modelos de personagem são bem bonitos, com texturas que lembram pinturas a mão. Os cenários, por outro lado, possuem composição relativamente bem detalhada, e são bonitos quando vistos de longe. De perto, as texturas do jogo apresentam resolução fraca e bem quadrada, com polígonos visíveis em todo canto.



Black Clover: Quartet Knights (PS4/PC) possui uma jogabilidade divertida e sólida, apesar de necessitar de balanceamento para algumas classes/personagens. Infelizmente, todo potencial e diversão que o jogo possui são minados por uma conectividade online que simplesmente não funciona. Se seu foco é voltado para o competitivo, é imprescindível que tal experiência seja toda realizada contra outros jogadores, e não bots. A falta de uma maior variedade de modos de jogo poderia ser relevada não fosse os problemas de conexão citados, assim como o visual precário e ultrapassado de seus cenários. Uma pena para os fãs de Black Clover, que terão de aguardar por uma nova adaptação que faça jus ao mangá e anime que tanto gostam.

Prós

  • Sistema de classes abarca jogadores casuais e hardcore;
  • Boa variedade de personagens, que possuem funções únicas dentro de uma mesma classe;
  • Belos efeitos visuais de magias, fiéis à obra original.

Contras

  • Apresentação da história simples demais e pouco convidativa a novatos;
  • Conexão online simplesmente não funciona;
  • Visual dos cenários é bem simples e feio quando de perto;
  • Poucos modos de jogo.
Black Clover: Quartet Knights — PS4/PC — Nota: 4.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai-Namco 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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