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Análise: GARAGE: Bad Trip (PC) é uma viagem pela sobrevivência

Jogo mescla ação com suspense em boas doses com um pouco de galhofa.

Vou começar essa análise propondo a você leitor um pequeno exercício de imaginação. Pense que você saiu de viagem sem saber o destino, até porque está no porta mala do carro e provavelmente nenhum dos outros ocupantes parece gostar da sua pessoa.




Eventualmente você consegue se soltar mas se depara com um cenário apocalíptico: carros batidos, fogo por todos os lados e o caos generalizado. Enquanto ainda tenta entender o que está acontecendo, aparecem zumbis querendo te dar um efusivo abraço e comer seu cérebro, não necessariamente nessa ordem.



É com esse contexto que iremos lidar em GARAGE: Bad Trip, jogo desenvolvido pela Zombie Dynamics e publicado pela tinyBuild. Antes exclusivo de Switch, o game agora recebe uma versão para PC. Temos aqui um shooter com visão de cima com boas doses de coisas nojentas pixeladas, tiros e um humor que dá umas osciladas.

Por conta de seu visual e por sua temática violenta, é compreensível que alguns já comparem GARAGE com Hotline Miami e, embora ambos os títulos compartilhem algumas características em comum, cada jogo trilha seu próprio caminho e Bad Trip tem suas próprias qualidade e defeitos.


Esse morto tá se mexendo!

GARAGE conta a história de Butch, um sujeito que se vê na situação descrita ali no primeiro parágrafo e está bastante perdido com todo esse cenário. A princípio o objetivo dele é sair vivo da confusão toda na qual ele se encontra mas, conforme vamos progredindo, novos fatos vão surgindo, com grande corporações, cientistas malucos e grupos de resistência. Longe de ser uma ótima narrativa, temos uma trama que não se leva muito a sério, mas que funciona para fazer o jogo andar.

Esse clima de filme trash tenta com alguma frequência colocar pitadas de humor, especialmente em situações claramente forçadas. Algumas são realmente boas mas são exceção, no geral a maioria passa batido.

Vale ressaltar que todos os textos do jogo, menus e legendas, estão em português, mas faltou uma revisão um pouco mais cuidadosa. Peguei umas duas ou três passagens com palavras repetidas e erros de digitação davam as caras vez ou outra. Em um diálogo específico, a palavra “mãe” foi trocada por “mão” três vezes. Ficou engraçado, só que pelos motivos errados.


Converse com a minha 12

Mecanicamente, GARAGE funciona como boa parte dos jogos de tiro vistos por cima: controle pelo teclado e mira de acordo com a posição do mouse, também oferecendo suporte a controle. O game tem um bom arsenal de armas, que são pegas ao longo da campanha, algumas limitadas a momentos específicos. Quanto à munição, dificilmente você vai ficar sem bala, exceto por alguns trechos já bem no final do jogo, o que é bom a meu ver. Não recomendo gastar sua munição a torto e direito, mas usando bem, sempre tem.

Falando de inimigos, ao longo da campanha não há uma grande variedade de bonecos. Além de zumbis padrão, ratos serão uma bela dor de cabeça. Em determinado ponto, humanos armados também se colocarão no seu caminho e, nessas horas, é preciso estratégia e boa mira para evitar morrer para eles.

Isso me leva ao ponto seguinte: GARAGE não é nem de longe um jogo de ação desenfreada. Ele tem seus momentos de adrenalina, mas boa parte da aventura se apoia no suspense, na expectativa de quando ou de onde virá a ameaça. A própria mecânica de iluminação e sombra em locais fechados, que limita sua visão, deixa claro que prosseguir com cautela é a melhor opção.


Um outro fator crucial para se dar bem é saber a hora de recarregar a arma, sempre deixando uma pronta em caso de emergência. Repor munição no meio de inimigos leva tempo e, geralmente, o resultado em demorar muito não é agradável.

Isso vale especialmente para as poucas lutas contra chefes. No geral elas sempre vão te colocar em situação de desvantagem numérica, assim, é importante dosar seus tiros e ter uma rota de fuga se mostra necessário. O controle e a movimentação do personagem não é perfeita e se colocar cercado de inimigos não é algo difícil de acontecer.

Sobre o nível de dificuldade GARAGE, na maior parte do tempo, impõe um bom desafio, algo possível de gerenciar. A única bola fora é no primeiro boss, o rato LSD (você vai entender quando chegar lá). O pico de dificuldade ali é mais severo do que deveria a ponto de ficar chato.



No quesito gráfico, a arte pixelizada de GARAGE é boa, mas nada excepcional. Ponto positivo para a iluminação, como abordei acima, conforme sua posição no mapa. Um trabalho muito bem feito nessa parte. As animações também são boas: zumbis decapitados podem continuar correndo a esmo por um tempo ou irão se rastejar se perderem a pernas. Tudo isso ficou muito bom.

Destaque maior para a trilha sonora que varia de batidas eletrônicas até um rock agressivo dependendo da situação. Em momento mais calmos ela também se apresenta com faixas mais calmas, sempre caindo bem com o momento do game.

Por fim, além do modo campanha, o jogo traz alguns outros modos de desafio, esses sim que colocarão suas habilidades e perícias a prova.


Malditos ratos

GARAGE: Bad Trip é um bom título que mescla a loucura dos shooter topdown com o suspense de jogos de terror em um clima de filmes trash. A trama é meio bobinha, mas nada que comprometa a diversão.

A força de GARAGE está no gameplay, com boas variações ao longo da campanha e desafios que vão exigir atenção do jogador. Alguns picos de dificuldade podem aparecer, mas nada que não possa ser superado. Apesar de ser uma viagem cheia de imprevistos, vai render umas boas lembranças.

Prós

  • Trilha sonora;
  • Variedade de armas;
  • Desafios extras além da campanha;

Contras

  • Textos com erros de digitação e palavras repetidas;
  • A movimentação às vezes decepciona;
  • Rato LSD.

GARAGE: Bad Trip — PC — Nota: 8.0

Revisão: Renata Bottiglia
Análise produzida com cópia digital cedida pela tinyBuild


Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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