Jogamos

Análise: The Long Reach (Multi) é um terror insano e pixelado

Viva uma noite bizarra, cheia de mistérios mas que se esforça demais para assustar o jogador.


Games de terror são complicados de serem feitos. No entanto, esse é um gênero no qual muitos desenvolvedores independentes decidem arriscar quando querem criar seu próprio título original. Talvez pela facilidade em poder utilizar mecânicas simples e poder deixar a cargo da história proporcionar toda a experiência de jogabilidade ao usuário. The Long Reach se sustenta sobre essas ideias, porém seus pilares são muito fracos.

Uma noite muito estranha

The Long Reach é um game de terror ao estilo point n’ click com um visual pixelado único. Com uma história que pode ser vivida em cerca de 3 horas, o jogo mergulha o jogador em uma trama bizarra de horror e ficção-científica ao melhor estilo de Arquivo X ou mesmo de contos de H. P. Lovecraft. Porém, é preciso que o jogador mergulhe a fundo na história e use muito de sua imaginação.



Isso porque a ausência de som no game pode tornar a experiência um pouco cansativa e mesmo desmotivadora. Todos os diálogos ocorrem por pequenas caixas de texto que o jogador pode selecionar qual a fala mais apropriada de seu personagem (apesar de que a mecânica de escolha influencia em poucos momentos da história. Mas com textos longos e que em diversas ocasiões não parecem levar a lugar algum, a falta de um áudio adequado é muito prejudicial.

Outros games do mesmo estilo como The Last Door abusam de músicas escolhidas a dedo para criar o clima certo em cada situação, porém em The Long Reach o mesmo não parece acontecer. Nos poucos momentos em que existe uma música, ela não passa de uma repetição em loop da mesma melodia. Dado o tom surrealista do terror do game, não se sabe se essa decisão dos desenvolvedores foi proposital ou apenas preguiça da equipe de som.



Mas se você conseguir vencer essa primeira dificuldade do game prepare-se para embarcar em uma história que passa longe de ser normal. Sem dar muitos spoilers sobre a trama, basta dizer que o jogador irá terminar o game confuso ao imaginar se tudo se travava de sonho, delírio ou realidade. The Long Reach sabe brincar de forma inusitada com a percepção de real do jogador, mas mesmo contendo momentos de terror e surpresa, talvez uma arriscada aventura além da “quarta parede” seria o que falta ao título para se tornar realmente assustador e impressionante.

Na maior parte do game você controla Stewart, um assistente de laboratório que se encontra envolvido em uma espécie de experimento que parece ter levado o mundo inteiro à completa loucura (bem, pelo menos é isso que ele pensa). Saltos temporais, momentos de loucura e até mesmo respostas sarcásticas do protagonista em relação à como se resolvem certos puzzles marcam a jornada do jogador e dele por uma noite estranha e fora do comum.


Terror nem tão aterrorizante

O saldo que fica depois de passar quase 3 horas na história de The Long Reach é uma sensação de ter jogado apenas uma demonstração, ou mesmo uma experiência que precisava ser desenvolvida com mais cuidado e dedicação. Tudo que era necessário para contar uma boa história de terror está lá: o clima sombrio, os diálogos bizarros e até mesmo o visual pixelado criam uma certa tensão uma vez que é complicado visualizar expressões e objetos com nitidez quando eles são compostos por apenas 3 ou 4 blocos coloridos.



O game parece tentar ao máximo provocar grandes emoções no jogador, mas comigo, pelo menos, não obteve sucesso. Nem mesmo nos momentos em que é preciso se esconder de colegas de laboratório loucos para te matar, a iminência da morte não é capaz de provocar grandes sensações no jogador. Caso você morra, apenas irá voltar para a porta mais próxima de você. Quando parecem que os puzzles não são suficientes para prender o jogador, o game tenta arriscar em segmentos de stealth, mas falha em proporcionar a experiência correta. Se o título mantivesse o foco apenas em um aspecto (como a história, por exemplo), já teria feito seu “dever de casa” correto.

The Long Reach possui dois finais, porém nenhum deles contribui para esclarecer a história, mas apenas deixa o jogador com mais dúvidas. E esses questionamentos não são do tipo que despertam o interesse do usuário para buscar mais respostas, mas sim que podem acabar apenas em frustrações. Aqui temos um game com muito potencial mas que tropeça nas próprias ideias: puzzles simples demais, falta de uma atmosfera de terror apropriada e uma história mais bem trabalhada tornam The Long Reach apenas um game independente como tantos outros.


Prós

  • Visual pixelado ajuda na construção do clima sombrio.

Contras

  • História com grande potencial, mas desperdiçada;
  • Puzzles simples demais.
The Long Reach - Switch/PC/PS4 - Nota: 6.5
Versão utilizada na análise: PS4

Análise produzida com cópia digital cedida pela Merge Games 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google