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Análise: Nex Machina: Death Machine (PS4/PC) - Venha, viva e exploda tudo que aparecer em sua frente

Atire primeiro, nunca pergunte e respire se sobrar tempo.


A produtora Housemarque não é novata no desenvolvimento de jogos do estilo shoot’em up/bullet hell, tendo em seu currículo títulos como Super Stardust e Resogun. A premissa em Nex Machina é tão simples quanto a de ambos os games supracitados: exploda tudo, de cenários a inimigos, salve humanos e sobreviva em meio a saraivadas de balas e ondas de inimigos constantes.


Em um mundo onde os seres humanos acabaram se deixando levar pelas tecnologias, as máquinas ascenderam ao controle, se tornando inimigas da raça humana. Cabe ao jogador e seu personagem destruí-las e salvar os humanos do perigo iminente. A história aqui é simplesmente um conceito, sem qualquer tipo de profundidade ou relevância para o desenvolvimento do jogo. O que importa é aproveitar os diferentes cenários para trucidar inimigos e fazer o máximo de pontos possível. Simples, direto e sem muita firula.

Visualmente falando, Nex Machina é um show de cores e luzes, saltando aos olhos do jogador a cada embate. Os cenários replicam ambientes pós-apocalípticos, e cada um deles é bem distinto, às vezes lembrando uma abordagem mais simples utilizada em jogos da década de 90, com “fases da floresta”, “fase da neve”; etc. Há um certo nível de destruição nos cenários, o que contribui para o incremento do caos causado pelas batalhas entre jogador e inimigos.

Não há vitória sem sacrifícios

Para ganhar pontos, basta derrotar inimigos. Salvar humanos rende multiplicadores, aumentando mais rapidamente o placar do jogador a cada humano salvo, tendo inclusive um marcador bônus temporário para quem os coletar em sequência. Qualquer dano direto ao personagem consome uma vida, tirando parte do multiplicador, o que torna a sobrevivência ainda mais crucial, visto que para alcançar as melhores colocações nos rankings é preciso evitar dano a qualquer custo. Este é um dos pontos mais desafiantes de Nex Machina: o jogador precisa decidir se vale se arriscar por um humano e assim ganhar mais pontos em seu multiplicador, ou se é preferível sacrificá-lo em prol da sobrevivência. Tudo vai depender da dificuldade escolhida, e a sobrevivência torna-se o fator mais importante nas dificuldades mais altas.

O game se divide em cinco mundos distintos, cada um contando com inimigos próprios e desafios secretos. A campanha, chamada aqui como o tradicional modo Arcade, engloba os cinco mundos em sequência, com dificuldade progressiva em cada um deles. Todos são divididos em sub níveis, com cada subnível possuindo ondas de inimigos. Ao derrotar todas, o jogador avança automaticamente para o próximo subnível, e assim segue até enfrentar o chefe do mundo em que está. Tudo ocorre em um ritmo frenético, tanto pela velocidade do jogador quanto pela velocidade dos inimigos. Cada mundo possui segredos escondidos, como humanos secretos e áreas especiais, mas infelizmente o ritmo acelerado e a falta de tempo para o jogador analisar o cenário - devido ao seu foco em sobreviver - acabam tornando a descoberta de tais segredos algo mais voltado para a sorte do que para a exploração.

É possível desfrutar da campanha de Nex Machina com mais um amigo, mas infelizmente o multiplayer do game se restringe ao modo cooperativo local. Falta a praticidade das partidas online, o que facilitaria a vida de quem gosta de aproveitar o modo cooperativo do game.

Teste pra cardíaco

Existem quatro dificuldades para o jogador se desafiar: Iniciante, Experiente, Veterano e Mestre. Começamos com três vidas, sendo possível ter um total de cinco. Ao perder todas, precisamos usar um crédito de “continuar” para seguir jogando naquele mundo. Cada dificuldade oferece desafios maiores. Nas mais altas, morrer resulta em ir para o começo do nível, além de termos menos créditos de “continuar”; os inimigos se movem e atacam com maior velocidade também, tornando tudo ainda mais frenético e, em alguns momentos, sufocante. Com toda certeza, Nex Machina não é para jogadores com coração fraco. Às vezes estamos indo super bem, dominando com maestria os inimigos e então, por um milissegundo de descuido, morremos e perdemos parte dos nossos multiplicadores. É de fazer chorar, ao mesmo tempo que instiga o jogador a retornar e tentar bater seu próprio recorde.


Para “facilitar” a vida do jogador, o game possui upgrades que ganhamos durante as fases e armas secundárias encontradas em caixas especiais. Para ganhar os upgrades, basta derrotar inimigos e encher uma barra de experiência para que itens como escudos e aumento de potência de tiro caíam e fortaleçam o personagem. As armas secundárias vão de uma espada que arremessa inimigos para trás a um raio laser que desintegra tudo e todos com extrema facilidade. Existem boas armas, como o próprio laser, e armas que não oferecem exatamente a ajuda que poderiam oferecer, como a espada, então é preciso saber guardar e, principalmente, quando usar as melhores armas secundárias.

Nex Machina oferece também o modo Arena, que consiste em repetir mundos do modo Arcade, porém com modificadores e desafios específicos, indo desde inimigos extremamente mais velozes a desafios de maior pontuação em um determinado espaço de tempo. Cada nível do modo Arena possui medalhas, classificando o desempenho do jogador ao final da partida. É um modo divertido, principalmente para aqueles que gostam de competir pelas melhores posições em desafios específicos.

O jogo possui diversos itens de personalização para desbloquear, que podem ser comprados com o dinheiro adquirido jogando o modo Arena. Os itens são puramente cosméticos e um tanto quanto limitados, mas ajudam a dar uma variedade e um toque pessoal ao personagem principal e ao perfil do jogador. Temos também o sistema de “Feitos”, que premia o jogador com experiência para que ele suba de nível em seu perfil. Os Feitos são ações específicas realizadas pelo jogador, como “derrotar X inimigos com a espada”, por exemplo. É como um sistema de condecorações, e buscar todas aumenta a longevidade do título.

Onde estou?

Um dos pontos fracos de Nex Machina se encontra justamente em seu design de jogabilidade. Em certos momentos, a quantidade de inimigos e tiros na tela é muito alta, fazendo o personagem principal sumir da vista do jogador. Isso é algo mais frequente nas batalhas contra os chefes em que a câmera, que conta com o personagem centralizado durante todo o mundo, se torna fixa e o personagem sai do eixo central, se movimentando livremente pelos cantos da tela do jogador. É aqui onde entendemos o verdadeiro significado de “inferno de balas”. O personagem principal se mistura em todo o show de cores dos ataques dos chefes, e de alguma maneira estranha parece se tornar menor do que realmente é, com um ângulo de câmera mais afastado para dar espaço aos chefes, maiores que inimigos comuns. Sobreviver então se torna não apenas uma questão de habilidade, mas também de instinto, reflexo e, por vezes, sorte.



Nex Machina é um excelente jogo do estilo shoot’em ‘up. Apesar de parecer extremamente difícil em certos momentos, principalmente em dificuldades mais elevadas, é inegável que traz diversão ao utilizar da simples proposta de desafiar o jogador a ser melhor do que ele demonstrou em partidas anteriores. Pode não ser um game que vá agradar a todos, mas se você for fã do estilo, Nex Machina: Death Machine se prova digno de sua atenção.

Prós:

  • Simplicidade em todos os conceitos;
  • Desafios difíceis porém divertidos.

Contras:

  • Câmera distante contra chefes faz o personagem se perder na tela;
  • Exploração de cenário e descoberta de segredos são prejudicadas pelo ritmo acelerado das partidas;
  • Personalização fraca;
  • Falta de multiplayer online.

Nex Machina: Death Machine - PS4/PC - Nota 7
Plataforma utilizada para análise: PS4
Revisão: Pedro Vicente 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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