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Análise: David. (PC/Mobile) exibe lutas árduas e rápidas contra os piores sentimentos humanos

Na busca do combate ao mal, o pequeno quadrado David tenta acabar com grandes e rápidos fragmentos na pura experiência 60 FPS.


Começando desde já, nunca pensei que fosse morrer tanto em um jogo indie como em Hotline Miami (obtendo uma bela conquista por morrer mil vezes), mas David. mostrou que ainda há esperanças para que este recorde pessoal seja quebrado. Treine bem seus reflexos e sua pontaria, pois seus inimigos, por mais bonitos que sejam, irão se mover mais rápido que você..

Beleza exterior

Logo no início, você é apresentado a David. A descrição oferecida é que ele é o oposto do mal e a esperança para combatê-lo. Como pode um pequeno quadrado formado por curtas quatro linhas acabar com algo tão grande e presente como o mal? David terá a ajuda de partículas redondas, que, com um carregamento, podem se mover em alta velocidade, como um tiro, e destruir seus inimigos.



A beleza dos inimigos mostrada na superfície irregular e amontoada de diversos fragmentos esconde seu significado. Cada criatura representa um mau sentimento humano. Raiva, orgulho, ganância. No final de tudo, o pequeno quadrado de aparência frágil é a única coisa boa que se pode encontrar.

Os inimigos de David são grandes e formados por vários fragmentos brancos. Seu monitor vai deixar o seu quarto com certeza bem iluminado, pois os cenários são preenchidos, na maioria dos espaços, por cores escuras, mas envolvidas em margens brancas, em que o pequeno quadrado é branco, e os elementos dos cenários e os seus rivais também. O ambiente serve muito bem para destacar as partículas de David, que se colorem quando postas em ação.



Não imagine algo monótono. As batalhas são travadas em alta velocidade; qualquer movimento errado ou pensamento fora da tela vai levar o jogador à morte, e isso é uma afirmação. Apesar da mecânica simples que o jogo apresenta, não resulta, na prática, em uma experiência fácil, muito pelo contrário.

Matar ou morrer

O tempo é algo precioso para alguns que precisam aproveitá-lo da maneira mais produtiva possível – ocorre com trabalhadores, estudantes e jogadores, sim! Distrações em alguns jogos podem acabar com tudo já feito. Em David. não é diferente.

Os comandos são simples, WASD são as teclas que se usa para movimentar o quadrado, e o mouse é útil para apontar ao alvo. Toque no pequeno quadrado e arraste; depois de um curto tempo de carregamento, solte, e as partículas em órbita de David vão obedecer o comando e serão atiradas ao inimigo formado por fragmentos. A vitória é conquistada quando não sobrar um. O método é fácil. David. pode ser jogado por qualquer pessoa, desde que tenha paciência e reflexos suficientemente aguçados para lidar com os desafios impostos.



O que acontece? As batalhas travadas entre o pequeno quadrado e sua ameaça são rápidas, não em questão de tempo, mas falando de velocidade. Os 60 FPS mostram como são realmente ágeis na sua atualização de frames. O objetivo pode resultar em fracasso em menos de dez segundos ou atingido com mais de um minuto. A paciência já começa a ser testada, pois se morre facilmente e por pequenos movimentos errados ou atrasados. Logo se verá na décima tentativa.

O desenvolvedor do game realmente quis criar uma afronta ao jogador, este que precisa ser cauteloso e igualmente veloz. Não é dado tempo para pausas, admirar o cenário simplório ou o desajeitado inimigo. É mirar e atirar quantas vezes puder se quiser vencer. Para deixar tudo ainda mais difícil, existem duas dificuldades oferecidas: a mais branda tem 7 vidas, e a mais difícil dá ao jogador somente uma e rivais mais ferozes.



A simplicidade é característica da mecânica do jogo, mas não dos seus desafios. Para que nada fique tão decorado, as fases são diferentes, e algumas requerem atividades especiais. Na primeira, pode ser somente mirar e atirar, mas em outras pode ser necessário fazer uma corrida pelo cenário com obstáculos e uma criatura atrás, tratando de perseguir o pequeno quadrado. O importante é que o game tratou de entreter o jogador de diversas formas, tentando não o deixar com um sentimento de repetição e tédio. Pode-se dizer que é nesse ponto que a diversão se concentra, na superação do que é encarado.

Playlist de uma música só

A arte de David. pode ser bonita por sua humilde simplicidade, mas a soundtrack exagera nesse quesito, simplicidade, porque, por muito tempo, há uma música! Em 15 fases do jogo, somente uma música é tocada e repetida constantemente até que o jogador não aguente mais e faça como eu, que a desativei e preferi ouvir Arctic Monkeys, e sinceramente senti que estava perdendo nada.



Quando conseguir chegar ao boss em sua grande sala, seus ouvidos terão um som diferente, mas não mais agradável. A minúscula e repetida soundtrack de David. é o seu grande ponto fraco. Durante o desenvolvimento do jogo, um tempo maior deveria ter sido tirado para focar nesse quesito.

Um mar de leite

No livro Ensaio sobre a Cegueira, do português José Saramago, ele descreve a cegueira dos personagens como um mar de leite, pois eles só viam branco. A comparação não se aplica ao jogo de maneira adequada, mas nele também temos uma predominância do branco, que é visto bem encaixado nos simples cenários de tonalidades escuras e na representação das literalmente claras criaturas, desde David até seus rivais.





Enquanto o controle do jogo é extremamente fácil, o difícil é manejar o pequeno quadrado com habilidade necessária para vencer as fases apresentadas. As partículas em órbita de David fazem um espetáculo e agitam o jogador ao ver que atingiram o alvo que queriam. A vitória é bastante desejada, e a conquista é árdua.

No canto mais escuro, é encontrada a soundtrack limitada, repetida e irritante com o tempo que se passa tanto na cabeça. Uma única música em 15 fases, e somente outra é encontrada, a tocada no nível do chefão, que se repetirá outras dezenas de vezes dentro das tentativas necessárias para vencer o desafiante.



Em cerca de duas horas, se alcança o final. David não vence totalmente o mal como tanto queria, mas digamos que, mesmo assim, conseguiu dar um espetáculo de movimentos e cores. O desenvolvimento foi obra de um único homem, que já tem outros jogos lançados e ainda em produção. Veremos se os erros cometidos em David. estarão também presentes nesses.

Prós

  • Controles fáceis;
  • Bela simplicidade nos cenários;
  • Fases diversificadas;
  • Desafiador, rápido e simples.

Contras

  • Soundtrack formada por duas músicas.
David.  Android, iOS, Mac, PC  Nota: 6,5
Plataforma utilizada: PC
 
Capa: João Gilberto Melo
Revisão: Henrique Minatogawa

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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