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Análise: MouseCraft (Multi) apresenta o gato que tenta não matar ratos

Faça parte dos experimentos de Schrödinger, um gato maluco que busca desenvolver uma misteriosa máquina energizada por ratos nesse divertido puzzle.


Conheça o mundo de Cohesia. Esse é um planeta cuja raça dominante são gatos humanoides, e dentre eles temos o destaque do dr. Schrödinger. Ele é um cientista obcecado, cuja pesquisa está estagnada já faz algum tempo. Ele gastou todos os fundos disponíveis para sua pesquisa e mesmo assim não conseguiu alcançar seus objetivos. Ele tem uma última esperança, e resolve gastar suas últimas economias nela. E com isso ele detona seu porquinho, junta algumas moedas e compra uma rodela de queijo.



O que no início podia parecer uma história séria rapidamente entra na descontração ao apresentar o embate clássico dos desenhos animados entre gatos e ratos. O gato cientista utiliza um pedaço de queijo como isca para atrair ratos presos em uma roda até um dispositivo, que absorve a energia deles. Essa energia gera misteriosos cristais conhecidos como Animus. Uma figura misteriosa acaba descobrindo sobre os Animus, e resolve financiar a pesquisa de Schrödinger em troca deles. Assim tem inicio a leve história por trás dos puzzles.
Schrödinger aposta tudo o que tinha em sua pesquisa

Fundamentos da ciência

A desenvolvedora polonesa Crunching Koalas descreve o jogo como uma mistura dos clássicos Tetris e Lemmings. Caso alguma dessas referências seja estranha para você, os jogos da série Mario vs. Donkey Kong representam um exemplo mais recente de jogo que utiliza mecânicas parecidas. A ideia por trás de MouseCraft é colocar blocos de diferentes formatos, conhecidos como tetriminos, para que os ratos alcancem o pedaço de queijo colocado do outro lado do mapa.

Outra grande inspiração do game foram os jogos The Incredible Machine. Lá os puzzles focavam em construir algum tipo de máquina, interagindo entre diversos objetos. Todavia, MouseCraft depende de interagir o tempo todo com o nível, em vez de montar a fase e apenas assistir seu efeito tomando forma ao ativá-la.

E aqui, diferente dos Lemmings, seus ratos não ganham novas habilidades. Ao longo dos níveis, você é apresentado a novos obstáculos nos labirintos de cada estágio, e para continuar o experimento também ganha novos tipos de blocos que vão ajudar a adaptar suas estratégias. Ratos mecânicos, enormes alturas, água e ácido serão apenas algumas das dificuldades em seu caminho. Cabe a você encontrar a solução para manter seus três ratos vivos.
Você vai quebrar sua cabeça para que os ratos cheguem a salvo no queijo

Ratos me mordam

Você inicia cada fase podendo explorar o mapa e instalar blocos antes de liberar os ratos. Porém, a seleção de blocos é limitada, então vale a pena pensar antes de sair construindo. Entender qual o caminho a ser feito e onde ficam inimigos é importante. É possível encontrar cristais e bombas espalhadas ao longo dos níveis, então é bom conhecer onde ficam itens que os ratos podem coletar antes de finalizar o estágio. Você pode interagir nos níveis colocando diferentes tipos de blocos ou demolindo-os ao utilizar bombas — apenas os blocos são destrutíveis, o restante do cenário fica inalterado após as explosões.
Ratos mecânicos e blocos explosivos vão fazer você pensar duas vezes antes de escolher determinado caminho.


Os ratos se movimentam automaticamente ao serem soltos, parando e invertendo de lado ao encontrar paredes, e escalando pequenos blocos como se fossem escadas. Eles não possuem noção de perigo, então irão caminhar direto ao perigo e se afogar após muito tempo na água ou se suicidar ao cair de alturas maiores que um bloco. São três roedores por fase.

E como dito antes, é possível construir mesmo após os ratos terem sido liberados. Isso é importante para que você consiga reagir a alguns movimentos ou causar situações diferentes. Por exemplo, é possível deixar um rato seguir por um caminho embaixo e, logo após ele passar, instalar um bloco que funcione como rampa. Assim, o próximo rato consegue seguir por outro caminho, e alcançar algum objeto diferente do primeiro. Ou então abrir um novo caminho explodindo o bloco colocado como rampa. Assim, o terceiro rato seguiria pelo caminho do primeiro.
Alterar a fase no meio do caminho é importante para conseguir coletar todos os cristais.

Você ganha notas pela quantidade de ratos e quantos cristais foram coletados antes de atingir o pedaço de queijo. Mesmo sendo possível avançar somente com um rato no final da fase, o ideal é sempre buscar coletar todos os cristais e terminar com todos eles vivos. A cada 20 níveis, você precisa ter alcançado uma pontuação mínima de cristais para liberar as fases mais avançadas, então fica mais fácil já chegar nelas com essa pontuação. Completar os níveis perfeitamente gera uma grande satisfação, já que coletar todos os cristais e manter todos ratos vivos se mostra um enorme desafio.
Novos desafios são introduzidos conforme você avança no mapa da máquina. Sua classificação nos estágios fica entre bronze, prata e ouro.


Algumas vezes a perfeição depende do timing ao colocar as peças ou de como você resolveu finalizar determinado nível. É possível pausar a qualquer instante, seja para planejar uma ação ou para construir sem arriscar esmagar os ratos ao colocar blocos. Caso erre algum movimento, é possível retroceder no tempo até a última interação que você teve com a fase até que o faça com sucesso sem precisar começar tudo do zero. Essas interações permitem mais de uma solução por nível, incentivando a criatividade do jogador em vez de uma única solução fixa.

O teste que deu certo

Durante os anos 90, ler a palavra Craft no título de um jogo trazia à memória jogos de estratégia, tamanha a popularidade das séries WarCraft e StarCraft. Já hoje em dia o mesmo termo traz a ideia de criar um mundo personalizado, graças ao enorme sucesso de MineCraft. E mesmo não focando em nenhum desses gêneros, você vai precisar de muita estratégia e habilidades de construção para superar os 80 níveis disponíveis.
Criar seus próprios níveis é mais fácil do que você imagina no editor incluso no jogo


O nome responsável pelas músicas que acompanham as fases é Mikołaj Stroiński. Ele é o compositor responsável por trilhas de jogos famosos como Dark Souls 2 e The Witcher 3. É legal ver alguém que já trabalhou com blockbusters também interagindo com jogos indie. Ele já havia trabalhado em The Vanishing of Ethan Carter, de outro pequeno estúdio polonês.

MouseCraft está disponível para PC, Mac e Linux via Steam, GOG.com e Humble Store, e também via PSN para PS3, PS4 e PS Vita. As versões para as plataformas da Sony contam com Cross-Buy e Cross-Save, então é possível aproveitá-lo em qualquer lugar com apenas uma compra. E se mostra uma opção bem divertida caso você seja um fã de puzzles.


Prós
  • Mais de uma solução para cada nível;
  • Editor de níveis expandindo os desafios.

Contras
  • História somente como pano de fundo;
  • Retroceder o tempo pode parecer trapaça para alguns jogadores.

MouseCraft — PC/PS Vita/PS3/PS4— Nota: 7.5
Versão utilizada: PS4

Revisão: Alberto Canen
Capa: Diego Migueis

é formado em Administração de Empresas pela USP, e mestre em cultura inútil pelas experiências de vida. Desde 1993 gosta de explorar o mundo dos games em seu tempo livre. Pode ser encontrado reclamando da vida no Facebook e Twitter.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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