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Análise: Lost Orbit (PS4/PC) é um "Dodge 'em up" curto e divertido

A PixelNAUTS Games criou uma variação dos típicos jogos shoot 'em ups, sem a opção de tiros, com foco em desviar dos obstáculos.

Durante uma manutenção de rotina em uma estação espacial, a nave de Harrison, protagonista do game, explode, deixando-o isolado de qualquer contato com a civilização. Abandonado no espaço sideral à sua própria sorte, ele decide voltar para casa por conta própria, utilizando um jetpack improvisado —  com combustível infinito (!) — e a ajuda inesperada de um pequeno robô espacial chamado Null, mas apelidado de Attlee pelo astronauta.


Encontrar o caminho de volta não será fácil e Harrison precisará passar por três sistemas antes de chegar ao Sistema Solar — o que equivale a pouco mais de 40 fases e cerca de três horas de jogatina. Attlee, além de companhia, faz o papel de narrador do jogo, que conta com menus e legendas no nosso idioma, o que é sempre muito bem-vindo, ainda mais de uma desenvolvedora independente, mesmo que com alguns pequenos problemas de sincronia.

Por ser uma equipe muito pequena, que financiou Lost Orbit sem ajuda, o pessoal da PixelNAUTS resolveu focar primeiro na Steam e no PS4, para então buscar novas oportunidades de lançar no maior número possível de consoles, como o Xbox One, já que cada plataforma adiciona desenvolvimento e testes, o que pode ficar muito caro rapidamente.

Desviando e progredindo

Você já deve estar acostumado com os típicos shoot 'em ups de "navinhas", nos quais é necessário atirar em tudo que se move, ao mesmo tempo que se desvia dos obstáculos durante a sua progressão frontal. Lost Orbit, em um primeiro momento, pode ser confundido com mais um jogo desse gênero, a diferença é que no lugar de uma nave temos um astronauta e em vez de tiros temos temos nada (!).
Desviar não é tão fácil quanto parece quando se está à toda velocidade.
O jogo é todo moldado na premissa de desviar dos diversos percalços pelo caminho, como asteroides, destroços e raios laser, enquanto procura-se chegar até o fim da fase o mais rápido possível. É por esse motivo que a desenvolvedora diz tratar-se de um "Dodge 'em up", o que é um termo bem apropriado considerando o gameplay de pura esquiva.
O pessoal da PixelNAUTS é apaixonado por jogos com ritmo acelerado e ótimo senso de fluxo. A ideia deles com Lost Orbit foi criar uma jogatina que fosse fluida e intensa ao mesmo tempo, como um encontro de Flower com F-Zero, e eles conseguiram um bom resultado nesse aspecto.
Há diversos elementos que contribuem para o desempenho do personagem, como buracos de minhoca (ele entra por um lado e aparece em outro) e planetas gasosos que servem como boosts. Eles são adicionados gradativamente conforme Harrison avança para um novo sistema, e a primeira fase em cada um serve sempre para apresentar as novidades de uma forma segura, ficando mais complicado nas seguintes.
Buraco de minhoca: entra pelo verde e sai pelo laranja.
Além de desviar dos perigos, o obstinado herói pode coletar um valioso metal cor-de-rosa chamado Obtainium, que pode ser processado por Attlee e convertido em três tipos de upgrades, que servem para melhorar o desempenho de Harrison, com opções de turbo, magnetizar para atrair o Obtainium e até um tipo de "barrel roll" lateral. Essas melhorias não são essenciais para terminar o game, mas ajudam bastante a diminuir o tempo para alcançar pontuações melhores.

A longevidade do jogo vai depender de quanto o jogador é interessado em bater recordes de performance, já que após terminada a campanha principal só resta repetir as fases em busca de melhores resultados ou partir para o modo Contra o Tempo, no qual é possível enfrentar os fantasmas de seus melhores tempos para tentar superá-los. Sem dúvida que conseguir resultados expressivos não será nada fácil e a repetição será uma constante.

Sobre a inspiração para criar a mecânica de Lost Orbit, os desenvolvedores, que adoram fazer comparações com outros jogos, revelaram que a ideia deles era misturar Donkey Kong Country com Frogger, acrescentar uma pitada de NiGHTS into Dreams e uma porção enorme de sangue.

Contrastes do jogo

Durante todo o game, é possível ver uma mistura de aspectos mais leves com mais pesados, de beleza e desolação, criando um clima de tragédia e comédia que foram transmitidos muito bem no visual, que traz uma mistura de cel shading e iluminação dinâmica, além de diversas camadas bem coloridas e diferentes em cada fase.

Nas configurações de vídeo, é possível ativar a opção Indie Cred, que transforma os gráficos em uma versão pixelizada do game, dando um charme a mais e combinando com o nome da desenvolvedora.

Para colaborar com os momentos tragicômicos do jogo, a trilha sonora, que pode ser adquirida na Steam pelos jogadores que optarem por comprar o game por lá, mistura muito bem as situações de tensão com as de agitação, dependendo do momento da jogatina.
Com o objetivo de transformar um momento frustrante em algo cômico, o pessoal da PixelNAUTS usou como inspiração para criar as várias cenas de morte do herói fontes como Uma Noite Alucinante 3, Looney Toons e Comichão e Coçadinha.

Divertido, mas curto

Apesar de não contar com inimigos, tiros, chefes e outros elementos comuns a shoot 'em ups, Lost Orbit consegue entreter àqueles que aceitarem bem a sua fórmula de apenas desviar dos diversos obstáculos em busca de um tempo melhor. É uma pena que seja tão curto e que as alternativas para rejogar o game não prendam a atenção daqueles que não estão interessados em rankings online.

Prós

  • Belo visual;
  • Controles precisos;
  • Trilha sonora.

Contras

  • Curto: apenas 3h de campanha;
  • Repetitivo.
Lost Orbit — PS4/PC — Versão usada na análise: PS4 — Nota: 7.0
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Nívia Costa

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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