A E3 1999 se despede de uma geração de consoles para dar boas-vindas ao futuro

Com o anúncio do Dreamcast e dezenas de novos jogos, os fãs que acompanharam o evento viram o final do milênio e de toda uma geração de videogames.


1999. Aquela década esquisita, chamada anos 1990, iria terminar em breve. Semana passada, conferimos as maravilhas da E3 1998, e agora estávamos perto do começo do novo milênio e a indústria de games estava pronta para dar um salto gigantesco. A SEGA queria mostrar que ainda podia surpreender enquanto Nintendo e Sony exibiam seus novos hardwares ao público, mas sem revelar muitos detalhes sobre seus próximos consoles. A E3 1999 marcou o retorno do evento para Los Angeles, apresentando uma conferência cheia de surpresas e de demonstrações incríveis. Uma pena que grande parte desse espetáculo foi ofuscada por um triste e terrível incidente que ocorreu no mesmo ano em abril: o massacre de estudantes por dois jovens em uma escola em Columbine, Colorado, onde a mídia não perdeu tempo e correu para colocar os videogames como os responsáveis por tornar a sociedade mais violenta.

O última carta na manga da SEGA

A SEGA, antes uma gigante no mercado dos games, não estava muito bem das pernas perto do final do milênio. Os últimos consoles da empresa, o SEGA CD e o SEGA Saturn não tinham ido bem nas vendas e o sucesso desses não se comparava à popularidade que o Mega Drive ainda possuía. Ainda assim, pode-se dizer que a empresa “ganhou” a E3 de 1999, pois foi a única a apresentar um console finalizado e pronto para o mercado. Mal ela sabia que o seu filho mais novo, o Dreamcast, seria o último grande console que a empresa lançaria.

O Dreamcast tinha um design semelhante aos consoles da época, mas, agora, a SEGA adotava a cor branca em seu aparelho. Com um controle grande e cheio de funcionalidades, a empresa veio com força total durante a conferência, mostrando que a ainda podia surpreender o mercado e os jogadores. O Dreamcast teve seu lançamento anunciado para 9/9/99, com um preço de 199 dólares. Entre os games da primeira leva do console estavam Sonic Adventure, NFL 200 e Ready 2 Rumble.

Um dos principais atrativos do Dreamcast era que a SEGA iria incluir no pacote do console um mini modem de 56k que permitiria jogos multiplayer online. Era a primeira vez que um console trazia essa possibilidade para os jogadores. O grande trunfo da SEGA durante sua apresentação foi o anúncio do port de Soul Calibur para o Dreamcast, com gráficos impressionantes para a época.

O futuro da Big N

A Nintendo apareceu na conferência de 1999 revelando seu próximo console, na época conhecido por Dolphin, mas sem grandes detalhes sobre o novo aparelho, que seria lançado apenas em 2001, já conhecido por GameCube, resultado de uma parceria da Nintendo com a IBM e a Panasonic. O foco da empresa ainda era o Nintendo 64, console que teve anúncios como Donkey Kong 64, Perfect Dark e, claro, o clássico Super Smash Bros.

Com a chegada de Pokémon Red e Pokémon Blue no Ocidente, os monstrinhos se consagraram fora do Japão e quatro jogos foram anunciados para a série. Pokémon Yellow e Pokémon Pinball, para o GameBoy Color, e Pokémon Snap e Pokémon Stadium, para o N64, mostraram a importância que a franquia havia conquistado com os dois primeiros jogos por aqui.

Infelizmente, nenhum dos lançamentos pôde competir com o Dreamcast, que definitivamente abalou qualquer outra conferência na edição de 1999.

O poder do próximo PlayStation

Foi em maio do mesmo ano que a Sony revelou em uma conferência no Japão, planos para  o “PlayStation da próxima geração”. Durante a exposição em Los Angeles, a Sony tinha apenas um quiosque interativo com um emulador demonstrando um hardware para um sistema que os executivos da empresa esperavam introduzir no mercado americano até o fim de 2000.

Uma das demonstrações do poder do novo console da Sony inclui a cena do baile de Final Fantasy VIII, mostrando que qualidades gráficas antes apenas presentes em cutscenes poderiam ser experienciadas diretamente no gameplay dos jogos. No quiosque, havia uma pirâmide prateada onde os espectadores podiam jogar algumas tech demos ou até testar suas habilidades com Gran Turismo 2000, agora rodando no novo motor gráfico do console, o Emotion engine.

Infelizmente, a Sony não conseguiu atrair tanta atenção para seus anúncios durante a conferência quanto gostaria. Todo o foco estava destinado ao anúncio do Dreamcast. Mas, mesmo assim, a empresa conseguiu mostrar que estava no mercado de games com força total e não iria embora tão cedo. Um dos títulos demonstrados, Ape Escape, por exemplo, era o primeiro game a requisitar o uso do controle DualShock que a empresa havia lançado um ano antes.

Ao contrário da Sega, que já focava exclusivamente em seu novo console, a Sony teve muitos anúncios ainda para o PS1, como Crash Team Racing, Spyro 2 e Twisted Metal 4.

Não é só da tríade que se faz a E3

Como não poderia deixar de ser, os jogos para PC marcaram presença forte no evento. Desde as primeiras demonstrações de Team Fortress 2 (bem diferentes da versão final do jogo) até Diablo II, Deus Ex, Unreal Tournament e Max Payne. Outro anúncio da edição foi a placa de vídeo Voodoo3, que vinha com a proposta de melhorar a performance dos jogos para os fãs da plataforma.

Outros grandes anúncios vieram das thirds. A Capcom apresentou Street Fighter Alpha 3, Marvel vs. Capcom, Dino Crysis, e um combo da série Resident Evil, com Resident Evil 3: Nemesis, Resident Evil: Code Veronica e Resident Evil Gaiden. A Square, além de Final Fantasy VIII e IX, mostrou Bouncer, seu primeiro título para o PS2. Os fãs do skatista devem se lembrar de Tony Hawk's Pro Skater, anúncio da Activision naquele ano, além de BattleZone 2 e outros.

As atenções estavam também divididas entre Daikatana, jogo produzido por John Romero, que acabava de se despedir da id Software, e Quake III, de John Carmack - a curiosidade era se os dois produtores poderiam trabalhar em separado e fazer produções interessantes de qualquer forma.

Como sempre, rolaram muitas surpresas e games interessantes na E3. Apesar de somente a SEGA ter revelado e lançado seu novo console, Nintendo e Sony mostraram todo o poder que suas próximas criações tecnológicas iriam trazer para dentro da sala-de-estar dos jogadores. O mundo dos PC começava a ganhar cada vez mais relevância e os títulos dedicados exclusivamente a essa plataforma se tornavam cada vez mais elaborados. O terreno estava formado para o próximo show que seria a E3 de 2000. E você, tem alguma lembrança da marcante E3 de 1999?



Link para a matéria sobre a E3 1995.
Link para a matéria sobre a E3 1996.
Link para a matéria sobre a E3 1997.
Link para a matéria sobre a E3 1998.

Colaboradora: Anna Gabriela Coelho
Revisor: Jaime Ninice
Capa: Angelo Gustavo

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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