Análise: Evoland (Mobile) é a evolução dos jogos na palma da sua mão

Os jogos retrô estão em seu ápice de fama, especialmente depois de um 2014 com jogos nostálgicos que lembravam muito bem dos velhos tempos como Shovel Knight e RETRY. Em 2013, a Shiro Games, uma desenvolvedora indie, lançou para PC o jogo Evoland, que alegrou especialmente os que realmente vivenciaram todo o período de transição mas também os curiosos quanto a isso.

A versão atual do jogo baseia-se em Evoland Classic, que fora criado por Nicolas Cannasse para o 24º Ludum Dare. O evento online é um dos game jams, os eventos de criação de jogos em um tempo limitado (no caso, 48h). Em 2012, o tema foi Evolução, e o jogo conseguiu ganhar o primeiro lugar dentre os outros projetos.

Em meio à atual disputa acirrada entre jogos, elementos como gráficos e enredo são supervalorizados, e, por isso, Evoland certamente foge completamente dos padrões. Mas é exatamente essa fuga que faz o jogo especial: dentre todas as características, a criatividade e a inovação são o que sempre definiram — ou deveriam definir — a qualidade absoluta de um jogo. E o que esse game tem de tão especial?

Antes, todos os caminhos iam (para a direita)

Desde os primeiros toques na tela, dá para perceber que Evoland se trata de um jogo bastante interessante. A tela inicial em 8-bits preto e branco mostra o herói do jogo entre dois baús, mas não há escolha aqui: ele se move apenas para a direita. Com isso, ao abrir o primeiro baú, agora é possível mover-se para a esquerda. E então, com mais um, a movimentação básica em 2D em quatro direções é desbloqueada.

Tudo começa assim.

À medida em que vão sendo encontrados novos baús, novas funcionalidades vão sendo adicionadas ao jogo: cores, rolagem da tela, sons básicos… A evolução é contínua e cada detalhe se encaixa com maestria quando adicionado. Em alguns minutos, a tela que era inicialmente monocromática ganha vida com cores vibrantes e música misteriosa condizente com o gênero; afinal, o jogo evolui, mas no começo não há ideia do que tudo isso se trata.

Aos poucos o jogo ganha mais beleza.

Adicione uma trama discreta e difundida

A história do jogo só começa (adivinhe como) ao abrir o baú que adiciona o enredo. Uma trama simples, o que se esperaria de um jogo antigo. O mundo de Evolandia viveu em paz por séculos, mas o clima de felicidade está sendo ameaçado por um mal antigo que subitamente ressurgiu. Como um dos últimos membros de uma nobre ordem, é mais que dever do protagonista ajudar a restabelecer a ordem no local.

A história não deve parecer desconhecida; afinal, é uma das fórmulas mais utilizadas para criação de tramas dos jogos desde que eles começaram a ser pensados. O fato de que o jogo pode lembrar muito duas franquias famosas não é mera coincidência. Várias referências explícitas a The Legend of Zelda e Final Fantasy permeiam Evolandia.

A começar pelo protagonista, cujo nome básico é Clink, uma junção de Link, protagonista de The Legend of Zelda e Cloud, de Final Fantasy VII. Não é apenas no nome que o pequeno personagem se baseia, mas também na aparência. Já a segunda protagonista, que surge em algum tempo no decorrer da história, chama-se Kaeris, fazendo referência a Aerith (Aeris), também do universo de Final Fantasy VII.

Avanços rápidos e bem encaixados

Com pouco tempo de jogo, Evoland ganha um sistema de batalha em turnos e um Overworld para o protagonista poder viajar pelo mapa. Os baús encontrados pelo mundo todo servem para quase toda função, por pequena que ela seja, como poder acessar a casa e dar um nome ao personagem.

O nível máximo dos gráficos é um 3D primário (comparável à sexta geração de jogos) com texturas condizentes a dispositivos móveis. A partir de que se pega a capacidade de dar zoom com a câmera, abrir um baú faz uma bela referência a The Legend of Zelda. A jogabilidade como um todo é como um misto desta e da já citada franquia Final Fantasy: dependendo de onde o jogador se encontra dentro do jogo, o sistema de batalha é baseado em ataque simples com espada e Hearts ou em Active Time Battle, adicionando características como HP e XP.

Não dá para negar que foi uma mudança e tanto.

Os puzzles do jogo utilizam a adição imediata de novas tecnologias para resolver as situações-problema propostas. O bom humor dos comentários dão um sorriso no rosto e um motivo a mais para seguir em frente e descobrir muitos mais segredos. Algumas partes do jogo envolvem até mesmo regredir no tempo para poder alterar coisas nos novos visuais.

Nostalgia e… nostalgia

Evoland pode ser uma incrível aventura pela evolução dos games, mas este é certamente o limite do jogo. Uma falha comum em jogos retrô é justamente isso: basear-se demais na nostalgia. Não é algo que vá desapontar os saudosistas ou qualquer pessoa que esteja interessada em vivenciar uma jogatina diferente e, de certa forma, até educacional, mas é um aspecto que pode deixar a desejar no jogo em geral.

Alguns segredos estão escondidos por Evolandia, como estrelas e cartas, ambas servindo para a lista de conquistas do jogo. As cartas são utilizadas em um modo extra, o Double Twin, que aumenta um pouco o tempo da jogatina. Mesmo assim, a aventura é bastante curta e pode ser finalizada em algumas poucas horas.

Uma aventura magnífica

Evoland é em geral um jogo obrigatório para os que buscam conhecer a história dos jogos, ou mesmo os que estejam buscando algum jogo criativo em muitos aspectos. Com bom humor, jogabilidade interessante e referências constantes (inclusive algumas discretas a outros universos famosos como O Senhor dos Anéis e Dragon Ball), Evoland é uma experiência única entre os tantos clichês que são produzidos anualmente.

Conforme já anunciado pela Shiro Games, uma sequência para o jogo deverá ser lançada em breve. Evoland II promete ser um jogo muito mais elaborado que seu antecessor, com um foco maior na história e com uma temática voltada a viagens no tempo. Esperamos conferir em breve o resultado e que seja prazeroso como o original.

Um pouco do que promete Evoland II.

Baixe Evoland para Android no Google Play ou para iOS na App Store. O jogo também está disponível para Windows PC, Linux e Mac através da Steam. Boa jornada pela nostalgia, aventureiro!